AIPC Marketing Editora, empresa paulista que há 25 anos elabora o IPC Maps, estudo do potencial de consumo dos municípios brasileiros, divulgou esta semana os dados do levantamento referente a 2020. De acordo com os números, os venâncio-airenses farão circular na economia local, até o fim do ano, R$ 1,785 bilhão, quase R$ 3 milhões a mais do que no ano passado, quando o montante chegou a R$ 1,782 bilhão. O incremento de um ano para outro é de apenas 0,16% e, se por um lado aponta para uma estagnação do poder de consumo no município, de outro sinaliza que a Capital do Chimarrão pode ter um pouco menos de dificuldades de arrancar para sair da crise causada pela pandemia do coronavírus.
O estudo mostra também que, de um ano para o outro, o total do consumo urbano deve crescer algo em torno de R$ 27 milhões, passando de R$ 1,272 bilhão em 2019, para R$ 1,299 bilhão em 2020. Em contrapartida, o total do consumo rural deve reduzir quase R$ 25 milhões, saindo de R$ 510 milhões, no ano passado, para R$ 485 milhões este ano. De acordo com o levantamento, em relação ao consumo per capita, quem reside em áreas urbanas terá em média R$ 28.862,52 para gastar até o fim do ano. O valor é R$ 518,26 maior do que em 2019, quando o montante era de R$ 28.344,26. Já quem mora em áreas rurais terá em média R$ 18.019,02 para gastar. São R$ 827,45 a menos do que os R$ 18.846,47 de 2020.
Recordes
Alguns recortes da pesquisa chamam atenção. Um deles é a informação de que Venâncio Aires teria perdido 1.207 empresas em um ano: 313 na indústria, 412 nos serviços e 487 no comércio. Somente as empresas relacionadas ao agribusiness apresentaram aumento no período, de 14 para 19. Para chegar a este número, o estudo considerou todas as empresas ativas, de todos os portes e naturezas jurídicas, incluindo microempreendedores e microempreendedores individuais. O cenário também já leva em conta as baixas de empreendimentos ocasionadas por conta da pandemia de coronavírus, que vem golpeando a economia com força nos últimos meses.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, Claudio Soares, “a pesquisa traz uma boa leitura do que aconteceu em Venâncio Aires”. Segundo ele, nos últimos dois anos, muito se trabalhou na Capital Nacional do Chimarrão para desburocratizar a abertura de empresas e, em um cenário de crise, como ocorreu em 2017 e 2018, com o desemprego em uma crescente, as pessoas são induzidas ao empreendedorismo. “Já em 2019, com a aceleração, embora tímida, da economia, tivemos aumento gradativo de contratações e redução do desemprego. Logo, aqueles que tinham suas empresas ou eram MEIs, encerraram suas atividades e voltaram para as empresas, na condição de empregados”, esclarece.
“Estes números podem indicar que as políticas de desenvolvimento estão sendo mitigadoras de um processo de crise, ou não. Se houver demissões acima do normal, queda grave nos números dos registros de empresas ou ainda queda acentuada na arrecadação no âmbito local, é porque nossa economia está sentindo muito os efeitos gerados pela crise.”
CLAUDIO SOARES – Secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo
Queda no potencial dos municípios da microrregião
Nas cidades da microrregião, a projeção é de queda no poder de consumo em 2020, em relação ao ano passado. Mato Leitão é o município com maior redução: o consumo total caiu de R$ 116.571.229,00 para R$ 106.611.341,00, um percentual de menos 8,54%. O desempenho levou a perdas de posições nos rankings nacional e estadual. No Brasil, caiu do 3615º para o 3688º lugar (73 postos), já no Rio Grande do Sul foi da 273ª para a 289ª colocação (16 posições). O share de consumo, que indica o percentual da participação de Mato Leitão na economia nacional, caiu de 0,00249 para 0,00239.
No caso de Vale Verde, a redução no consumo total é projetada em 2,97%, caindo de R$ 59.035.459,00 no ano passado para R$ 57.279.026,00 em 2020. Mesmo assim, o município ganha colocações nos rankings nacional e estadual. No país, sai da 4872ª para a 4827ª posição, um avanço de 45 postos. No Rio Grande do Sul o ‘pulo’ é de três lugares: do 419º para o 416º. O share de consumo vai de 0,00126 no ano passado para 0,00128 em 2020.
Já em Passo do Sobrado, o potencial de consumo para este ano é 2% menor do que em 2019. Baixa de R$ 143.533.109,00 para R$ 140.649.869,00. Apesar disso, a cidade ganha 66 posições no ranking nacional (do 3200º para o 3134º lugar) e quatro colocações no estado (da 237ª para a 233ª posição). O share de consumo também apresenta incremento: de 0,00306 em 2019 para 0,00315 este ano.
“Venâncio Aires está se saindo melhor na crise do que a maioria dos demais municípios brasileiros”
Folha do Mate – Na comparação de 2019 com 2020, o consumo total teve um incremento de R$ 2,8 milhões, apenas, com um crescimento percentual de 0,16%, praticamente uma estagnação do potencial de consumo. Quais são as causas para este desempenho estacionário? Também há reflexos do coronavírus aqui?
Marcos Pazzini – Sim, os valores de potencial de consumo de 2020 já estão calculados, levando-se em consideração este cenário de pandemia. Na média Brasil, a estimativa para 2020 levou em consideração uma queda de 5,39% no consumo das famílias e de 5,89% para o PIB. Venâncio Aires se destacou positivamente em 2020, pois teve sua participação no consumo nacional aumentada de 0,03803% em 2019 para 0,03998% em 2020, o que significa que Venâncio Aires está se saindo melhor nesta crise do que a maioria dos demais municípios brasileiros. Isso é comprovado pelo fato de ter subido três posições no ranking brasileiro de potencial de consumo.
Segundo o levantamento, a população estimada de Venâncio Aires passou de 71.958 (2019) para 71.978 (2020): são 20 pessoas a mais. O que podemos tirar de conclusão destes números?
Esse baixo crescimento populacional é uma característica do país – obviamente que não em um nível de crescimento tão baixo como este de Venâncio Aires -, mas indica uma maior conscientização da população em ter filhos, o que é uma característica de cidades com um padrão de educação sexual mais elevado. Mas, ao mesmo tempo, passa a ser uma preocupação para os governos municipal, estadual e federal, pois leva a um aumento da população não economicamente ativa e diminuição da população ativa, o que pode gerar problemas de caixa em termos de educação, saúde e pagamento de aposentadorias.
Também de acordo com a pesquisa, o número de empresas caiu de 7.978 (2019) para 6.771 (2020): são 1.207 a menos. Na indústria foram 313, nos serviços 412 e no comércio 487. Só no recorte agribusiness é que temos cinco empresas a mais, de 14 para 19. Como explicar esta queda brusca em tão pouco tempo? O quanto a pandemia de coronavírus pode ter influenciado nesta perda significativa de empresas?
No levantamento de quantidade de empresas são consideradas todas as empresas ativas, de todos os portes e naturezas jurídicas, incluindo microempreendedores (MEs) e microempreendedores individuais (MEIs). Esta queda aconteceu de forma generalizada no país e reflete o cenário atual de pandemia e a facilidade com que se abrem e fecham empresas no Brasil. Desde 1995, ano da primeira edição do estudo IPC Maps com a metodologia atual, não víamos queda na quantidade de empresas. O que pode ser colocado nesse sentido, é que nos últimos anos houve abertura ‘indiscriminada’ de empresas, seja de profissionais que trabalhavam com carteira assinada e passaram a trabalhar como pessoas jurídicas, seja com abertura de diversas MEIs ou MEs para que se pague menos impostos. Ou seja, muitos empresários adotavam este mecanismo de abrir uma nova empresa, quando a primeira já tivesse feito o faturamento do limite máximo de pagamento de impostos em um percentual mais baixo. Agora em 2020, essa conta começa a ter que ser fechada e o reflexo é o encerramento de um número significativo de empresas entre o ano passado e este ano.
Na comparação de 2019 com 2020, o consumo per capita urbano cresceu R$ 518,26, enquanto o consumo per capita rural reduziu R$ 827,45. Já o total do consumo urbano cresceu R$ 27,6 milhões, enquanto o total do consumo rural caiu R$ 24,8 milhões. O que se pode afirmar em relação a estes dados?
A área rural é também área de periferia, e essa fatia da população é que acaba sofrendo mais os efeitos desta quarentena, devido à pandemia da Covid-19. O fato de a população urbana ter aumentado seu valor de consumo per capita é um sinal positivo, pois na maioria das cidades brasileiras, houve queda do valor de consumo per capita, devido ao crescimento populacional e redução dos valores de potencial de consumo em 2020, pois na média nacional, a estimativa para este ano é de uma redução de 5,39% nos valores de potencial de consumo.
Por fim, o que a pesquisa pode nos mostrar em relação ao resto deste ano? É importante consumir, fazer uma reserva ou ter um equilíbrio entre as duas coisas? O fechamento de empresas em razão da pandemia de Covid-19 e demissões devem fazer o poder de consumo da população reduzir ainda mais já neste ano? Ou os maiores reflexos devem ser sentidos a partir de 2021?
Nossos números de 2020 já estão levando em consideração este cenário atual e futuro próximo, com mudança de comportamento da população, devido ao cenário de fechamento de empresas e ameaça de perda de emprego. Os consumidores estão mais receosos em adquirir produtos que não são de primeira necessidade, mas conforme a economia comece a voltar ao normal, ainda neste ano, este comportamento tende a voltar ao normal. Acredito que os reflexos se estenderão ainda para o próximo ano, pois este cenário pós-pandemia deve demorar algum tempo para ser superado.
Sobre o IPC Maps
- O IPC Maps é atualizado anualmente pela IPC Marketing Editora, que disponibiliza informações demográficas e de potencial de consumo de todos os municípios brasileiros.
- É o único que apresenta em números absolutos o detalhamento do potencial de consumo em 22 categorias de produtos nos 5.570 municípios do Brasil.
- A IPC Marketing é a primeira empresa a apresentar índices de potencial de consumo já considerando o desmembramento da Classe C em C1 e C2. Os domicílios urbanos estão atualizados para 2020 de acordo com novos dados do Critério Brasil – ABEP, apresentando as classes A, B1, B2, C1, C2 e D/E.