Ciúmes e álcool lideram os casos de violência doméstica em Venâncio Aires

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Levantamentos da Polícia Civil de Venâncio Aires revelam que a cada dia é registrado, pelo menos, um caso de violência doméstica no município. A maioria das mulheres foram vítimas de agressões físicas ou ameaças, motivadas pelo ciúme e/ou o consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Porém, no final de semana passada, por questões não explicadas, dez mulheres procuraram a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) para denunciar que foram vítimas de um tipo de violência e solicitaram as medidas protetivas da Lei Maria da Penha.

O levantamento foi feito pela estudante de Direito da Universidade de Santa Cruz (Unisc), Franciéle Beatriz Posselt, que atua no projeto ‘Enfrentamento da violência doméstica e familiar – Direitos e garantias legais da mulher agredida’, que é desenvolvido na Delegacia de Polícia. Dos dez casos que foram denunciados entre os dias 16 e 17, nove aconteceram na área urbana e tratam de lesões corporais, ameaças e perturbação. O outro aconteceu na área rural.

Os motivos, explica a estudante, são os mais banais. “Mas principalmente ocasionados pelo consumo excessivo de bebida alcoólica e o ciúme obsessivo, justamente por não aceitar o fim do relacionamento”, argumenta Franciéle. Destes dez casos, a maioria dos relacionamentos já durava mais de um ano, e em um dos casos, a vítima estava se relacionando com o agressor havia 26 anos.

Nestes casos que foram registrados, observa a estudante, o que impressiona é a agressividade com as vítimas. “Na maioria, os agressores perseguiram ou foram até as casas da vítimas, arrombando as portas e como se não bastasse, ainda quebraram utensílios domésticos, além de agredir as vítimas dentro de sua própria residência”. A estudante ressalta que algumas da mulheres vítimas resultaram com lesões e hematomas.
Em um destes casos, o agressor possuía duas armas de fogo, que foram apreendidas pela Brigada Militar. “Também há casos onde as vítimas foram ameaçadas com um facão”.

Números

Franciéle destaca o crescimento das denúncias deste tipo de ocorrência. Nos meses de junho e julho foram 55 casos registrados e destes, só 21 vítimas aceitaram receber a orientação do projeto. Dos dez casos registrados no fim de semana passado, quatro mulheres receberão as orientações da estudante de Direito. “Acredito que o aumento dos casos vêm acontecendo porque a mulher tomou coragem para denunciar, mas apesar do crescimento expressivo no número de ocorrências, o problema pode ser ainda mais grave, já que nem todos os casos são denunciados e estas vítimas seguem invisíveis para as estatísticas”.

Por isso, a estudante destaca a importância da denúncia. “Não se calem, vocês não precisam viver e nem devem estar nestas situações. Nós possibilitamos e temos ajuda, mas quem tem que dar o primeiro passo é a vítima. Viver sem violência é um direito. A mulher que se encontra na situação de violência precisa saber que não está sozinha e que, como se trata de um problema social, existem leis e políticas públicas para protegê-las”, cita Franciéle, se referindo aos atendimentos gratuitos que são oferecidos por ela na Delegacia de Polícia.

A estudante de Direito ainda faz um lembrete: “A violência não é somente agressão física, começa normalmente com violência psicológica, verbal e romper com isso é uma decisão difícil, mas é importante pedir ajuda e quanto antes isso for feito, melhor, uma vez que a tendência dos episódios de agressão é de agravamento”.

Franciéle ressalta que a Maria da Penha é uma lei que protege as mulheres e que pune homens (e mulheres) autores/as de violência e as medidas protetivas são ferramentas que podem salvar vidas. “Por isso é importante que a mulher em situação de violência não tenha vergonha, não tenha medo, não se sinta sozinha”, orienta a estudante.

Depois de feito o registro na DPPA, a vítima deixa um contato, que será usado pela estudante para localizá-la. “Eu ligo para as vítimas e ofereço o atendimento gratuito. Ninguém é obrigada a vir, mas é uma oportunidade que elas têm para conhecer seus direitos e quais encaminhados deve fazer”, sintetiza a estudante.

Saiba mais

O projeto ‘Enfrentamento da violência doméstica e familiar’ proporciona atendimento gratuito às vítimas de violência doméstica e familiar, orientando sobre quais medidas devem ser adotadas e explicando como as medidas funcionam, além de tirar todas as dúvidas das vítimas, pois é fundamental que elas tenham conhecimento sobre os seus direitos, para buscarem formas de efetivá-los e colaborar com o enfrentamento da violência doméstica. E após, são feitos os encaminhamentos necessários. como por exemplo, Defensoria Publica, GAJ, Creas, etc



Alvaro Pegoraro

Alvaro Pegoraro

Atua na redação do jornal Folha do Mate desde 1990, sendo responsável pela editoria de polícia. Participa diariamente no programa Chimarrão com Notícias, com intervenções na área da segurança pública e trânsito.

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