Confusão em abordagem policial repercute

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Vídeos gravados por populares, durante abordagem policial ocorrida na rua Ernesto Ruppenthal, na Vila Freese, na noite de terça-feira, 21, e compartilhados em grupos de WhatsApp, tiveram enorme repercussão no dia de ontem. As imagens mostram o momento em que o encanador Paulo Ricardo Prestes, de 38 anos, é abordado por policiais militares, assim como registram a confusão gerada na sequência da ocorrência.

Pauletti – como é conhecido na Capital do Chimarrão, principalmente pelos desportistas, uma vez que já atuou por vários clubes de futebol da cidade – falou com a reportagem da Folha do Mate e disse que foi surpreendido pela guarnição quando saía da casa da mãe. “Todos os dias faço a mesma coisa. Vou na casa da minha mãe, tomo um café ou janto com ela e levo algum lanche, porque moro sozinho e trabalho o dia inteiro. Estava com uma sacola na mão, com pão, banana e frios. Não tinha nada de irregular”, afirmou.

O encanador não concordou com a forma como foi abordado e, por isso, se negou a atender os PMs. “Mandaram descer da bicicleta, virar de costas, botar as mãos na cabeça e largar o bagulho no chão. Não apontaram arma direto pra mim, mas estavam em punho. Eu disse que não ia largar o meu pão no chão, tirei a jaqueta para verem que eu não tinha nada e perguntei o que eles queriam, porque eu não sou bandido.”, comentou.

A partir da negativa de Pauletti, os policiais se aproximaram, imobilizaram o encanador e ainda o algemaram. Neste momento, muitas pessoas que se reuniram no local reclamaram da truculência dos PMs. Pauletti pediu ajuda e chegou a citar nomes de PMs conhecidos seus, mas foi detido por resistência e desobediência. Primeiro, foi levado até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e, depois, apresentado na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA). Após o registro, foi liberado pelas autoridades.

PRESSÃO PSICOLÓGICA

“Quando chegamos na UPA, meteram uma pressão psicológica em mim. Falaram que não era pra divulgar os vídeos que o pessoal tinha gravado. Aí eu disse que não tinha como controlar isso, mas também falei que quando pedi para conversar, não deram bola e saíram me xingando, gravateando e algemando. Fiquei ainda mais indignado quando um dos policiais começou a me chamar pelo nome e disse que estavam averiguando um possível ponto de venda de drogas. Eu odeio essas coisas, tô me sentindo um lixo, porque as pessoas ficam vendo a gente como bandido. Não tenho antecedente nenhum”, desabafou Pauletti.

“Tem um monte de gente me mandando mensagens de apoio e dizendo que eu tenho que processar os policiais. Mas o meu coração diz que não é para fazer isso. Tudo o que eu queria era que eles entendessem que era só conversar, porque não sou bandido. No início, era só eu e eles na rua.”

PAULO RICARDO PRESTES

Encanador de 38 anos

“Se todo mundo negar revista, não precisa de Polícia”

Comandante da 3ª Companhia da Brigada Militar de Venâncio Aires, a capitão Michele da Silva Vargas afirmou ontem que tomou conhecimento da circulação dos vídeos nas redes sociais ainda na noite da ocorrência. Antes disso, já havia sido informada por outro oficial a respeito do episódio. Ela disse que as imagens são esclarecedoras e mostram que os policiais agiram normalmente, sem excessos e motivados pela negativa de Paulo Ricardo Pauletti em atender às ordens da guarnição. “Se todo mundo negar revista, não precisa ter Polícia. Se ele tivesse obedecido, nada disso teria acontecido”, declarou.

De acordo com a comandante, os PMs realizavam patrulhamento ostensivo na rua, avistaram o cidadão e encaminharam a abordagem. “É um procedimento de rotina. Qualquer pessoa pode passar por isso. Até agora não entendemos porque ele se negou a cumprir a determinação, porque não tinha nada de ilícito. Colocar as mãos na cabeça e virar de costas é procedimento padrão, é uma técnica policial, porque são as mãos que matam”, afirmou. A capitão acrescentou que, ao não obedecer às ordens, Pauletti acabou incitando as pessoas contra os policiais e, por isso, foi detido e apresentado na Delegacia de Polícia.

“As abordagens têm o objetivo de garantir a integridade do cidadão. Os PMs em nenhum momento se alteraram. As imagens mostram visível crime de resistência e desobediência. Por ser de menor potencial ofensivo, ele foi liberado para responder em liberdade.”

MICHELE DA SILVA VARGAS

Comandante da 3ª Companhia da Brigada Militar de Venâncio Aires

A capitão Michele da Silva Vargas informou ainda que o setor de inteligência da Brigada Militar está ‘printando’ postagens de afronta à corporação, nas redes sociais, para posterior identificação e registro contra os autores. “Tem gente botando lá que policial bom é policial morto. Saibam que vamos proceder o registro policial”, alertou.



Carlos Dickow

Carlos Dickow

Jornalista, atua na redação integrada da Folha do Mate e Terra FM.

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