
Rio Grande do Sul e Venâncio Aires - Dieike Andrigo de Mello, de 41 anos, já ocupa uma das celas da Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva). O venâncio-airense, de 41 anos, chegou na quarta-feira, 19, mas, por questões de segurança, a movimentação não foi informada. A transferência da Unidade Penal Ricardo Brandão, em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, foi solicitada por seus defensores. Os criminalistas Jean de Menezes Severo e Ezequiel Vetoretti tentarão provar sua inocência, no julgamento agendado para o próximo dia 29 de janeiro. Dieike responde por um homicídio e uma tentativa de homicídio, praticados no começo da manhã do dia 29 de setembro do ano passado, em Venâncio Aires.
Ontem, o criminalista Jean Severo conversou com a reportagem. Conhecido por atuar em casos polêmicos, como defensor de Luciano Bonilha, um dos réus da Boate Kiss, por exemplo, o advogado agradeceu o esforço do juiz Maurício Frantz para que Dieike fosse trazido para a Peva. “Já conversei com ele na segunda-feira, quando ele chegou ao Rio Grande do Sul, e nos próximos dias vou lá [na Peva].”
A informação repassada pelo criminalista revela que Dieike não saiu direto da Unidade Penal Ricardo Brandão para a casa prisional de Vila Estância Nova. Essa logística, explica Daniel Portela, diretor da penitenciária, é necessária para impedir possíveis tentativas de resgate e para garantir a segurança do preso. Onde ele foi antes, não foi informado. “Aqui [na Peva], ele chegou na quarta-feira”, observou. Sem entrar em mais detalhes, o diretor disse que o transporte foi feito por policiais penais do RS.
Sobre o encontro com seu cliente, Jean Severo mencionou que Dieke nega veementemente qualquer envolvimento com o caso, ressaltando que não teria motivo algum para cometer os crimes que lhe são imputados.
Júri marcado
Se não houver nenhum impedimento, Dieike sentará no banco dos réus no dia 29 de janeiro do ano que vem. Os sete jurados que atuarão no conselho de sentença terão o dever de decidir se ele é culpado ou inocente pelos fatos contidos na denúncia, oferecida pelo Ministério Público e assinada pelo promotor Pedro Rui da Fontoura Porto.
Nela, há a apuração da Polícia Civil, indicando que o réu é o autor da morte de Jonas Ricardo Stolben, de 26 anos, e tentativa de homicídio contra uma mulher, de 28 anos, que teria presenciado o crime.
A denúncia diz que a vítima deu carona para a mulher de 28 anos, a quem não conhecia. Stolben dirigia um GM Celta, pertencente a um amigo, quando foi abordado pela mulher, que pedia socorro. Em depoimento, ela mencionou que voltou de uma festa e, em casa, discutiu com o namorado, que estava bêbado e a agrediu, por ciúmes. Ela disse que conseguiu fugir e pediu socorro, pois queria ir até a casa de uma amiga, mas era longe para ir a pé. A amiga em questão era a ex-mulher de Dieike.
Assim que Stolben parou o carro na contramão, na rua Félix da Cunha, no bairro Cidade Alta, a mulher desceu e foi em direção ao portão da casa da amiga. Um Fiat Uno branco parou na traseira do Celta e, em seguida, dois tiros foram disparados. Stolben foi atingido e saiu em alta velocidade com o automóvel. Ele colidiu em um VW Up que estava estacionado, capotou o Celta e parou junto a uma cerca de um terreno baldio, na rua 15 de Novembro. Socorristas do Samu foram ao local e constataram a morte.
Na Delegacia de Polícia, a mulher de 28 anos disse que o indivíduo que estava no Fiat Uno deu tiros contra ela, mas não a atingiu, pois ela se escondeu atrás de árvores. Depois, o atirador fugiu. As provas colhidas pela Polícia Civil indicam que Dieike era a pessoa que estava no Fiat Uno. Peritos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) fizeram levantamentos e recolheram cápsulas de pistola calibre 380. A arma não foi localizada.
Dieike teve a prisão preventiva decretada e passou à condição de foragido. Ele foi preso no dia 9 de março deste ano, caminhando nas ruas de Ciudad del Este, no Paraguai. Depois, foi expulso do país vizinho e transferido para a cadeia do Mato Grosso do Sul, onde permaneceu até ser transferido para a Peva.
A acusação do suspeito, que será o primeiro julgamento de 2026, é do promotor Pedro Rui da Fontoura Porto. Os trabalhos serão presididos pelo juiz Maurício Frantz. A defesa do réu será feita pelos criminalistas Jean Severo e Ezequiel Vetoretti.
O que diz a defesa
A defesa de Dieike Andrigo de Melo, de 41 anos, será feita pelos criminalistas Jean Severo e Ezequiel Vetoretti. Ontem, Severo conversou com a reportagem e voltou a dizer que seu cliente nega veementemente sua participação nos fatos que lhe são imputados. Veja o que diz o criminalista, na íntegra:
“Inicialmente, a defesa de Dieike gostaria de agradecer o esforço do magistrado dr. Maurício Frantz [titular da 1ª Vara e que presidirá o julgamento] no sentido de trazer o acusado para o Rio Grande do Sul, uma vez que a defesa precisa de tempo para conversar com o cliente, para entender a dinâmica dos fatos. Dieike nega veementemente sua participação nos fatos que lhe são imputados e reforça inclusive que não teria motivos algum para cometer os crimes dos quais foram objeto da denúncia. A defesa vai demonstrar com tranquilidade a inocência de Dieike e um farto material probatório vai ser exibido para o conselho de sentença de Venâncio Aires, mostrando a total inocência de Dieike.”

Criminalistas Jean Severo e Ezequiel Vetoretti (abaixo) – (Fotos: Alvaro Pegoraro/Arquivo FM)
