Documentos de 1940 relembram o crime que deu origem à lenda da noiva da Lagoa dos Barros

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Documentos encontrados por arquivistas do Instituto-Geral de Perícias (IGP), que estavam prestes a serem destruídos, resgatam um crime conhecido por boa parte do povo gaúcho e que ficou conhecido como ‘A lenda da noiva da Lagoa dos Barros’. As fotos, publicações de jornais e demais informações fazem parte do acervo do Departamento de Criminalística do IGP e foram apresentados segunda-feira à noite, 30, no Palácio Piratini, durante as comemorações aos 22 anos do órgão.

Os laudos se referem à morte da estudante de Artes Maria Luiza Haüssler, então com 17 anos, praticada no dia 17 de agosto de 1940. Na época ela namorava Heinz Werner João Schmelling, 19 anos, mas o namoro estava prestes a terminar. O rapaz pertencia a um grupo de motociclistas e não era bem visto pelos pais da garota. Manuscritos encontrados, pertencente à garota, relatavam que o namorado era muito ciumento.

Na noite do crime, diz a história reproduzida por Aline Custódio, em Gaúcha ZH, Maria Luíza foi com uma prima ao baile de gala da Sociedade Germânia, na Capital. Era a festa da escolha da rainha dos estudantes e ela dançou com vários jovens. A um deles, confidenciou estar prestes a terminar o namoro de três anos com Heinz.

O rapaz estava no baile e a convidou para dar uma volta. Eles foram de carro até o então Morro do Mont’Serrat, na rua Casemiro de Abreu, e a garota nunca mais foi vista com vida. Heinz foi encontrado no dia seguinte, ferido com tiro de raspão. Às autoridades, confessou ter ocultado o cadáver da namorada na Lagoa dos Barros, na estrada Porto Alegre-Tramandaí, hoje a BR-290, próximo à usina Açúcar Gaúcho S/A (Agasa).

No entanto, negou a autoria do crime e disse que ela tentou matá-lo e depois se suicidou. O corpo da jovem foi encontrado quatro dias depois, nas margens da lagoa, com os pés amarrados pelo próprio casaco e um arame amarrado no pescoço, preso a tijolos. A necropsia apontou que ele morreu com um tiro no lado esquerdo do peito.

No relatos encontrados pelos peritos, há um onde o acusado menciona que Maria Luíza atirou nele e depois se suicidou, próximo da Lagoa dos Barros. Mas os policiais comprovaram que ele passou sozinho no carro, em direção ao Litoral e, portanto, a jovem já estava morta. O rapaz também disse em depoimento que fez propostas para manter relações sexuais com a garota, mas ela não quis.

Heinz foi acusado por rapto, estupro e homicídio e condenado a 12 anos. Cumpriu metade da pena e se mudou com a família para o Rio de Janeiro. Ele morreu em 1971, em São Paulo, negando a autoria do crime.

A LENDA

Diz a lenda que motoristas que passavam à noite pela hoje Freeway, entre Santo Antônio da Patrulha e Osório, avistavam uma mulher de branco, sobre a rodovia. Inclusive há relatos de acidentes que teriam sido causados pela repentina aparição da noiva de branco sobre a pista. Porém, tudo isso nunca passou de uma lenda.



Alvaro Pegoraro

Alvaro Pegoraro

Atua na redação do jornal Folha do Mate desde 1990, sendo responsável pela editoria de polícia. Participa diariamente no programa Chimarrão com Notícias, com intervenções na área da segurança pública e trânsito.

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