O uso do Loteamento Serafim como local de reunião de jovens, localizado em frente à Vila Táta, no bairro Bela Vista, pode virar caso de polícia. Ontem, moradores que residem nas imediações disseram que se a situação voltar a se registrar neste fim de semana, irão formalizar uma denúncia na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA). A partir desta representação, a Brigada Militar terá legitimidade paga agir com mais austeridade.
O Ministério Público acompanha o caso e entende que deveria haver um local adequado para estes jovens se encontrarem, “desde que houvesse controle quanto ao consumo de bebidas e outras drogas e não perturbasse a vizinhança”. No centro da polêmica estão os jovens, que migram de um local para o outro, em busca de diversão. Escolheram este loteamento, pois ainda não há morador, mas o barulho excessivo chega aos ouvidos de quem reside nas imediações.
O maior problema relatado por quem mora próximo é o volume excessivo do som automotivo e a quantidade de lixo deixada. “Eles começam chegar lá pelas 23h e ficam até o amanhecer. O som é muito alto e ainda há aqueles que andam com suas motos com o escapamento aberto, fazendo ainda mais barulho”, comentou um dos moradores.
Ele salienta que os jovens poderiam usar aquele local, desde que respeitassem o sossego dos outros, ouvindo som em volume baixo, não fazendo arruaças com as motos e recolhendo o lixo que fizerem. Este morador e um grupo de pessoas vão ficar de prontidão neste fim de semana e se a perturbação voltar a incomodar, irão até a DPPA e farão uma representação coletiva.
Na tribuna
Na segunda-feira, 9, Fábio Dionísio da Silva, morador das proximidades do Loteamento Serafim, usou a tribuna livre na sessão da Câmara de Vereadores e relatou os problemas enfrentados. O representante da comunidade afirmou que as pessoas não conseguem dormir em razão do volume do som automotivo e que calcula pelo menos 300 jovens no local a cada encontro.
Silva destacou que a BM já foi acionada na tentativa de encerrar as badernas, mas nada pôde fazer, pois não há denúncia formalizada (o que será feita se a baderna voltar a se registrar este fim de semana).
Os moradores também analisam a possibilidade de levar a questão ao Ministério Público, o que permitiria desencadear uma operação conjunta do órgão e de forças policiais no loteamento. “O que a gente menos quer é incomodação, mas precisamos fazer alguma coisa em relação a isso. Já temos informações que até rachas de moto estão sendo disputados. E, além de tudo isso que relatei aqui, a gente sabe que estas aglomerações não deveriam ser liberadas, já que estamos em meio à pandemia de coronavírus”, concluiu.
Contravenção
De acordo com a capitão Michele da Silva Vargas, desde que a BM começou a receber ligações, reclamando da perturbação do sossego, foram feitos patrulhamentos no local. “Contudo, a contravenção penal, por entendimento jurisprudencial, orienta que haja uma vítima para o delito”, explicou a comandante da 3ª Companhia. Ela ressalta que as pessoas precisam se identificar e fazer o registro, o que a maioria prefere não fazer.
Uma das saídas apontadas pela oficial é o proprietário do loteamento fechar o acesso. A capitão Michele disse que está em tratativas com os outros órgãos de fiscalização do município para tentar solucionar o problema, que poderia ser evitado pelos frequentadores se usassem do bom senso, “e não fazer na rua o que não fazem na sua casa”.
Mais controle
Consciente do problema, o promotor Pedro Rui da Fontoura Porto entende que o Parque do Chimarrão poderia ser uma alternativa. “Concordo, desde que houvesse controle quanto ao consumo de bebidas e drogas, pois há informações de que estes jovens estão se reunindo com grandes aglomerações e, portanto, à noite seria difícil o controle”, avalia.
O representante do Ministério Público observa que a abstinência dos últimos meses em razão da pandemia, pode gerar um efeito adverso nos próximos meses. “Temos de retornar ao convívio social gradualmente para evitar o retorno do contágio em níveis mais elevados”.
Pedro Porto destaca que o assunto permanecerá em pauta, “pois se de um lado temos pouco espaço de convívio especialmente dos mais jovens, por outro, normalmente, estes jovens não sabem conviver educadamente, pois costumam ouvir música em volume muito alto, consumir drogas e álcool em exagero, quando tal seria até proibido, e produzir muito lixo nos lugares onde se encontram”.
O que dizem os frequentadores do ‘Pico’
Um dos jovens que frequenta o ‘Pico’, como chamam o local, é Igor Fischer, 20 anos. Segundo ele, basicamente o que ele e as demais pessoas buscam é distração. “Não procuramos briga e nenhuma confusão, mas concordo com a questão do lixo”. Ele disse que esta semana um grupo de pessoas foi até o loteamento e fez uma limpeza e garantiu que busca mais conscientização dos frequentadores. Fischer disse que ontem à tarde teve um encontro com o prefeito Giovane Wickert, que ventilou a possibilidade de, futuramente, encontrar um local específico para este tipo de encontro. “Buscamos um local que tenhamos paz e sossego para realizar nosso momento de descontração, sem encrenca. Não queremos tirar a paz das outras pessoas para suprir a nossa. Só queremos um local para nos reunirmos, sem atrapalhar os outros”.