Furtos na Real Tabacos já causaram prejuízo superior a R$ 3 milhões

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Não há mais cercas, portas e janelas e o portão está sempre aberto. O que antes era uma fábrica de processo primário de tabaco, que empregava centenas de pessoas e gerava renda para o município, hoje é um prédio abandonado, cheio de carcaças de metal. Fechado há mais de três anos, o prédio onde funcionava a Real Tabacos Ltda, no Distrito Industrial (DI), sucumbe a ação de ladrões, que já levaram materiais cujo montante ultrapassa os R$ 3 milhões.
A empresa deixou de operar naquele endereço em março de 2016, durante a primeira fase da ‘Operação Huno’ da Polícia Federal. Teve o prédio e os equipamentos penhorados pela Justiça Federal e pela Justiça do Trabalho, por conta de ações de execução fiscal e trabalhista. Ex-funcionários denunciaram que o prédio estava sendo saqueado, com a intenção de garantir, com a venda das máquinas, o ressarcimentos dos valores devidos.
Algumas pessoas foram presas pela Brigada Militar e material apreendido, mas como não há segurança privada, os ladrões seguem agindo. “Precisamos saber quem é o síndico da massa falida, pois sempre que prendemos alguém e apreendemos o material, não temos o que fazer, pois não há registro de furto”, explicou a capitão Michele da Silva Vargas.

NÃO HÁ SÍNDICO
Ao contrário do que se imagina, oficialmente a Real Tabacos está em funcionamento. Ontem, o juiz João Francisco Goulart Borges explicou que os herdeiros de Marcondes Larrea Fernandes contestaram o pedido de falência, feita por uma banca de advogados, alegando os problemas financeiros, por conta do desaquecimento da economia, pelo falecimento do pai, por eles morarem fora e por que a mãe deles não tem condições de administrar a empresa.
Como ainda não foi decretada a falência da Real Tabacos, não há síndico. Ontem, o juiz João Francisco Goulart Borges encaminhou despacho ao Diário de Justiça, dando prazo de cinco dias para que os herdeiros se manifestem, comprovando, com documentos, que a empresa realmente está atuante, onde está instalada e com seus tributos em dia. Caso não se manifeste ou não preencha os requisitos solicitados, Goulart Borges decretará a falência da Real Tabacos.
A reportagem tentou contato com o advogado responsável, Marcelo Duarte Fernandes, mas não foi possível. O escritório, segundo informações, funciona em Porto Alegre.

SAIBA MAIS

A Real Tabacos Ltda deixou de funcionar em sua plenitude, segundo argumentação dos herdeiros do proprietário Marcondes Larrea Fernandes (já falecido), devido ao desaquecimento da economia, pelo fato do pai ter total conhecimento dos negócios, dos filhos residirem fora do país e da viúva não ter condições de administrar. Advogados contratados pela empresa e que não receberam os honorários ingressaram com uma ação, em 2017, pedindo a falência da mesma, mas houve contestação por parte dos herdeiros, alegando, novamente, a questão econômica e que foi equivocado o pedido de falência, já que antes os autores da ação deveriam buscar o ressarcimentos dos valores por outros meios. Também alegaram que a empresa segue em funcionamento, em outro endereço. O juiz João Francisco Goulart Borges teve o mesmo entendimento – do equívoco no pedido de falência -, mas entende que os herdeiros precisam comprovar que a empresa está em funcionamento, pagando corretamente seu tributos e dizer aonde ela funciona. Por isso, encaminhou despacho neste sentido ao Diário da Justiça e deu, a partir de hoje, prazo de cinco dias úteis para que seja comprovado o pleno funcionamento da empresa. Caso contrário, decretará a falência da Real Tabacos Ltda.

PREOCUPAÇÃO

Empresários instalados no Distrito Industrial estão preocupados com a migração destes furtos para as suas empresas. Diariamente, flagram charretes, caminhonetes e até caminhões saírem de lá carregados. No começo, levavam painéis elétricos, fiação, portas de alumínio e o que pudessem carregar. Agora, estão levando o telhado.
“Já denunciamos, mas os furtos prosseguem. Nossa preocupação é com nossos prédios e funcionários, pois as mesmas pessoas que estão saqueando aquele prédio, já invadiram alguns aqui”, denunciou um empresário. Ele refere que sua empresa já foi saqueada duas vezes e que há funcionários com medo de assaltos, já que trabalham em horários noturnos.
Prova da ousadia dos ladrões é que enquanto a reportagem verificava a real situação do prédio e dos maquinários, alguém estava arrancando o telhado. “Escuta, estão ‘trabalhando’ na retirada do telhado”, disse o empresário que acompanhou a reportagem.
Eles acreditam que há um receptador específico para onde o material está sendo levado, principalmente os painéis elétricos. Um destes painéis custa cerca de R$ 70 mil”, garantiu o empresário. Segundo seus cálculos, os ladrões já retiram mais de R$ 3 milhões de dentro dos prédios.



Alvaro Pegoraro

Alvaro Pegoraro

Atua na redação do jornal Folha do Mate desde 1990, sendo responsável pela editoria de polícia. Participa diariamente no programa Chimarrão com Notícias, com intervenções na área da segurança pública e trânsito.

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