
Rio Grande do Sul e Venâncio Aires - Semanalmente, um grupo de homens denunciados por violência doméstica se reúne no auditório do Ministério Público (MP) para um momento de reflexão. O Grupo Reflexivo para Homens Envolvidos em Violência Doméstica é coordenado pela psicóloga Márcia Preuss e pela assistente social Fabiana Souza e tem por objetivo a busca pela construção de novos relacionamentos saudáveis.
Todos os homens que participam do grupo o fazem por determinação do Poder Judiciário. Eles foram denunciados por suas atuais ou ex-mulheres e devem participar de seis encontros, realizados todas as segundas-feiras, no MP. O não comparecimento ou a desistência antes do fim das sessões gera um relatório que é encaminhado à juíza Sandra Regina Moreira, que adota as medidas cabíveis.
Levantamentos mostram que o álcool, os ciúmes e o não aceitamento do fim do relacionamento são os principais motivadores de desavenças domésticas, que geram os desentendimentos, conflitos, brigas e separações. E, consequentemente, as solicitações de medidas protetivas da Lei Maria da Penha, que determinam o afastamento dos agressores do lar e a imposição de medidas de distanciamento das vítimas.
Encontros
Cada participante tem a sua versão dos fatos e há quem garanta ter provas de que a mulher o denunciou injustamente. “Mas não estamos aqui para debater este assunto. Isso será feito durante a audiência entre as partes. A essência do Grupo é buscar o entendimento para que eles consigam construir uma nova forma de se relacionar com as pessoas, entender os tipos de violência e formar relacionamentos saudáveis”, sintetizou Márcia Preuss.

Sentados em círculo e separados em dois grupos, 25 homens envolvidos em violência doméstica participaram da sessão de segunda-feira, 20. Para a psicóloga, o grupo é um espaço de escuta, de reflexão e construção de novos pensamentos acerca de relacionamentos, seja o relacionamento que gerou a ocorrência ou um futuro. “Precisamos buscar o entendimento para que eles consigam construir uma nova forma de se relacionar com pessoas, sempre tendo em mente os tipos de violência, os relacionamentos e as formas saudáveis de relacionamentos e não saudáveis.
“Vou provar a má fé da minha ex”
Um dos homens que frequenta as reuniões semanais pediu para se manifestar. Aos 44 anos e depois de um relacionamento que durou mais de 14 anos, ele garante ter provas contundentes de que sua ex-mulher usou a Lei Maria da Penha para tentar afastá-lo da sua filha, de 2 anos e 7 meses. “Sou totalmente a favor da Lei Maria da Penha, mas ela não poderia ser usada por pessoas de má índole”, observou.
Ele disse que ganhou judicialmente o direito de visitar sua filha e agora luta para ter a guarda definitiva da menina. “Ela [ex-mulher] está usando a lei para me sacanear. Tenho provas de que a intenção era tirar minha filha de perto de mim e até me colocar na cadeia. Com calma e dentro da lei, estou buscando os meus direitos. Tudo o que estou fazendo é pensando na minha filha. Mulher eu posso ter outras, mas filho é para o resto da vida.”