Homem é suspeito de matar cachorro da ex-companheira para poder atingi-la

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A Polícia Civil investiga um caso de violência doméstica que se transformou em um crime de crueldade contra animais. Um homem é suspeito de ter matado o cachorro de estimação da ex-companheira, simplesmente por que ela rompeu o relacionamento. Se condenado, ele poderá pegar mais de cinco anos de cadeia só pela morte do cachorro. A mulher também foi agredida física e psicologicamente.

A própria vítima, de 58 anos e moradora do interior do município, registrou o caso na Delegacia de Policia de Pronto Atendimento (DPPA). O desfecho de uma relação de seis anos e que já havia acabado há seis meses, se deu na sexta-feira, 27. “Já estávamos em camas separadas havia seis meses, mas conversei com ele e disse que deixaria ele ficar na minha casa até terminar a safra do fumo. Não queria ser ruim e ele concordou, mas na sexta-feira ele voltou a me agredir e chegou ao ponto de cortar minhas árvores e matar o meu cachorro”, revelou.

Depois de fugir de casa e comunicar o fato na Polícia Civil, a mulher foi para a casa de familiares. Dois dias depois um oficial de justiça, acompanhado por dois policiais militares, a levou de volta até sua casa, para que ela pegasse suas coisas. “Parecia que eu estava roubando minhas coisas. Fui eu que paguei para construir a minha casa e agora eu que tenho que sair. Isso não é justo”, desabafou. Ela também já esteve na Defensoria Pública requerendo seus direitos.

Sobre o homem ter matado o seu cachorro, a mulher disse que foi muita maldade. “Me disse que como não podia fazer aquilo comigo, fez com o meu cachorrinho. Ele tem que pagar por tudo o que fez e sair da minha casa. Só quero o que é meu”, alegou.

Entrevista – “Ele me agrediu, matou meu cachorro e eu tive que sair de casa”

Ainda tentando entender tudo o que está acontecendo e ostentando marcas roxas pelo corpo e chorando a morte do seu cachorro, a mulher de 58 anos espera que a justiça seja feita. Viúva, morou seis anos com o acusado e decidiu contar sua história à Folha do Mate, “por que alguma coisa precisa ser feita. Eu sou a vítima, mas parece que o protegido é ele”. Ontem, na presença de familiares, concedeu a entrevista e destacou que só quer o que é dela.

FOLHA DO MATE – Quanto tempo a senhora viveu com este homem?

Vítima – Vivemos juntos uns seis anos. Os primeiros dois foi uma maravilha. Mas depois ele começou a beber e me ameaçava e me agredia. Até já tentou colocar fogo na minha casa, mas eu apaguei usando um balde com água.

A casa onde vocês moravam era sua, é isso?
Sim, eu trabalhei muito para construir a minha casa. Depois que fiquei viúva, comecei a construir e levei oito anos para pagar a casa. Quando ele (ex-companheiro) veio morar comigo eu estava terminando de pagar a casa. E agora ele está lá e eu aqui, sem ter para onde ir. Isso não é justo.

Por que e quando a senhora saiu de casa?
Sai de casa na tarde da sexta-feira, 27, depois de ser humilhada e agredida por ele e depois que ele matou meu cachorro com uma marretada na cabeça. Aquele dia eu não reagi, pois estava com o meu neto, de 8 anos. Aguentei calada ele matar meu cachorro e depois me dar tapa na cara, puxões de cabelo, socos nos braços e chutes nas pernas. Foi muito humilhante.

E por que ainda convivia com ele?
Estávamos em camas separadas há meio ano e acertamos que ele ficaria aqui em casa até terminar a colheita do fumo. Até disse que eu seguiria fazendo comida para os peões. Não queria confusão. Só queria que ele terminasse a safra e fosse embora. Combinamos isso. Só quero o que é meu e disso eu não abro mão.

O que aconteceu na sexta-feira para ele agir daquela maneira?
Começou pela manhã, enquanto ele descarregava um caminhão de lenha. Ele já tinha bebido e começou a jogar as toras sobre minhas flores. Fui tirar a madeira de cima das flores e ele começou a me xingar. Depois pegou um machado e cortou duas árvores que eu tinha plantado e quebrou um vaso com as minhas flores. E ainda pegou uma marreta e matou meu cachorro. Me disse que fez com o meu cachorro o que ele queria fazer comigo.

Depois disso a senhora foi embora?
Não. Ele começou a me ameaçar e me bater. Então pedi para o meu neto ir para o quarto dele e ficar lá. Ele me bateu muito. Foi humilhante. Só consegui fugir de casa quando ele foi para o quarto dele. Daí peguei meu neto pela mão e fugi só com a roupa do corpo.

E foi para onde?
Corremos pela estrada e no escondemos. Então liguei para o meu filho e ele foi até onde nós estávamos. Ele queria ir lá acertar as contas, mas disse que o certo era irmos até a Delegacia de Polícia fazer o registro, contar o que estava acontecendo e esperar pela lei.

E a senhora acha que a justiça foi feita?
Não. Eu construí a casa com meu dinheiro e agora estou fora da minha casa e ele está lá. Eu sou a vítima, mas parece que ele é o protegido. Eu tenho coisas plantadas lá na minha casa e meus bichos para criar. Mas eu que tive que sair e ele que está lá. Não me conformo com isso. Isso não é justo. Eu não quero nada o que não é meu. Mas a casa fui eu que construí com meu dinheiro. Sei o que passei para pagar a casa.



Alvaro Pegoraro

Alvaro Pegoraro

Atua na redação do jornal Folha do Mate desde 1990, sendo responsável pela editoria de polícia. Participa diariamente no programa Chimarrão com Notícias, com intervenções na área da segurança pública e trânsito.

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