Maioria dos presos do Estado é branca e não concluiu o ensino fundamental

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A massa carcerária masculina do Rio Grande do Sul, na sua maioria, é composta por homens brancos, com idade entre 18 e 29 anos, que não tem completou o ensino fundamental e que tem filhos. Já a massa carcerária feminina é composta pela maioria de mulheres brancas, com idade entre 35 e 45 anos, com ensino fundamental incompleto e que tem filhos.

Os dados são da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e nos permitem traçar um perfil dos presos que ocupam as cadeias gaúchas. Na última atualização, em 22 de julho, havia 39.589 presos, sendo 37.661 do sexo masculino e 1.928 do feminino.

Na Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva), cadeia de regime fechado e que só abriga homens (na teoria, seriam só aqueles com condenação e os provisórios do município), a capacidade é para 529 apenados. Segundo a assessoria de comunicação da Susepe, nesta sexta-feira, 4, a massa carcerária ocupava 100% da capacidade. A casa prisional de Vila Estância Nova é dividida em quatro galerias, onde são separados apenados de uma mesma facção, deixando espaço para uma ala dos ‘abertos’ (sem facção) e para os trabalhadores. Não foram fornecidas informações que permitissem traçar o perfil de quem cumpre pena
na Peva.

Perfil

De acordo com as informações da Susepe, a massa carcerária masculina é composta por 65,94 de pessoas de cor branca, 20,09% de cor mista, 13,12% de cor preta e 0,89% de cor indiática. Já entre as mulheres, 67,65% são de pele branca, 20,62% tem pele mista,
10,34% preta e 1,40, indiática. Quanto a faixa etária, 42,29% dos homens têm entre 18 e 29 anos, sendo que 21,59% têm entre 25 e 29 anos e 1,89% têm mais de 60 anos. Entre as mulheres, 28,39% das apenadas possui entre 35 e 45 anos e 1,89% delas são maiores de 60 anos.

Referente ao grau de instrução, 60,49% dos homens não completaram o ensino fundamental e 1,93% são analfabetos. A massa carcerária feminina tem mais estudo. Entre o sexo feminino, 53,22% tem o ensino fundamental incompleto e 1,38% é analfabeta. Na questão filhos, os dados da Susepe revelam que 51,68% dos homens têm filhos. Já entre as mulheres, os números são bem maiores: 79,54% têm filhos.

Criminalidade e cor

A análise dos dados fornecidos pela Susepe reflete uma realidade que condiz com os parâmetros das prisões realizadas em Venâncio Aires. “Embora seja concebido que a raça negra possua menores condições sócio- econômicas de modo geral, o número de prisões de pessoas da raça branca têm aumentado enormemente nos últimos anos, assim como o número de prisões de pessoas do sexo feminino”, avalia o delegado Vinícius Lourenço
de Assunção.

Para ele, nunca se prendeu tantas mulheres como nos dias de hoje e o tráfico de drogas  tem sido o principal responsável. “Normalmente a mulher é iniciada no crime pelo próprio companheiro e, não raramente, dá continuidade ao tráfico após a prisão de seu convivente amado”.

Com relação à raça dos presos, o delegado Vinícius acredita que já está na hora de a sociedade parar de relacionar a criminalidade à cor da pela do indivíduo de forma preconceituosa. “Os dados estatísticos são a prova de que, diferentemente do que a grande maioria ainda acredita, o número de pessoas presas de cor branca é maior do que as demais raças somadas”.

Para o titular da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), esta é uma prova de que as diferenças raciais históricas que assolam o Brasil, aos poucos, estão sendo reduzidas, “em que pese ainda tenhamos um longo caminho a ser percorrido na direção da igualdade”.



Alvaro Pegoraro

Alvaro Pegoraro

Atua na redação do jornal Folha do Mate desde 1990, sendo responsável pela editoria de polícia. Participa diariamente no programa Chimarrão com Notícias, com intervenções na área da segurança pública e trânsito.

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