Promotor recorre da decisão do júri onde a vítima beijou o réu

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O promotor Pedro Rui da Fontoura Porto recorreu da decisão dos jurados, que na sessão de terça-feira, 28, condenaram o réu Lisandro Rafael Posselt, 28 anos, pela tentativa de feminicídio praticada contra sua namorada, Micheli Schlosser, 25 anos, em agosto do ano passado. O recurso se refere à majorante da violenta emoção. Posselt foi condenado a 7 anos, sendo 5 anos pela tentativa, em regime semiaberto, e 2 anos, em regime aberto, pelo porte ilegal da arma usada no atentado. Como estava preso, recebeu o direito de recorrer em liberdade.

No entendimento do representante do Ministério Público (MP), a defesa centrou sua tese na privilegiadora da violenta emoção, citando que a vítima disse que a denunciaria por estupro. “Se a reação fosse na hora, logo em seguida a provocação da vítima, poderia dizer que o réu perdeu o controle, mas ele teve tempo de ir até em casa, no bairro Santa tecla, pegou uma arma e voltou ao local. Por isso, perdeu-se o requisito temporal para o benefício”.

Nesta quarta-feira, 29, em entrevista ao programa Terra em Meia Hora, da rádio Terra FM, Pedro Porto disse que a reação da vítima, de pedir a absolvição do réu, não é totalmente surpreendente, já que algumas vítimas de violência doméstica tendem a voltar atrás, perdoar e até lutar pela impunidade dos seus agressores. “Mas não é comum em um caso tão grave como este, onde a vítima levou cinco tiros pelas costas”, observou o promotor, que tem 29 anos de carreira no MP.

Pedro Porto avaliou como incomum o comportamento da vítima e destacou que o fato dela perdoar, no sentido de querer esquecer o episódio, seria aceitável. “Mas apenas lamento que tenha protagonizado este papelão, que no meu ponto de vista foi um papel ridículo e que se constitui em um desserviço a todo trabalho que é feito contra a violência doméstica na região”.

O promotor recordou da recente morte da assistente social Juliani Klamt, vítima de tiros desferidos por um homem que não aceitou o rompimento de um relacionamento (que se suicidou depois) e revelou que até ontem o Rio Grande do Sul havia registrado seis feminicídios no ano.

Ao falar sobre a decisão do corpo de jurados, formado por cinco homens e duas mulheres, Pedro Porto foi incisivo. “Quem quer ser jurado esqueça a piedade. O júri não é uma instituição de caridade. Aqui é lugar de se fazer justiça”.

Ele lembrou que o critério para dosar a pena se baseia na gravidade das lesões e apesar de Micheli ter sido atingida por cinco dos sete tiros disparados, as lesões foram leves. “Nenhum órgão foi atingido e não deixou nenhum sequela”.



Alvaro Pegoraro

Alvaro Pegoraro

Atua na redação do jornal Folha do Mate desde 1990, sendo responsável pela editoria de polícia. Participa diariamente no programa Chimarrão com Notícias, com intervenções na área da segurança pública e trânsito.

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