Em poucos dias, mais 801 homens e mulheres (dos 860 aprovados em concurso) concluem o curso de formação de soldados da Brigada Militar e estarão aptos a reforçarem a segurança nas cidades do Rio Grande do Sul. A notícia parece ótima, mas um boletim descrito como ‘movimentação de militares’, divulgado na quarta-feira, 4, – e que a Folha do Mate teve acesso -, revela os municípios aptos a receberem estes novos soldados. E, mais uma vez, Venâncio Aires está de fora.
O documento mostra que todo o Comando Regional de Policiamento Ostensivo (CRPO) do Vale do Rio Pardo, formado por três Batalhões e composto por 31 municípios, receberá somente 14 soldados. São cinco para Santa Cruz do Sul, cinco para Rio Pardo, dois para Tunas, um para Boqueirão do Leão e um para Lagoa Baixa do Sul. Na região, Lajeado (CRPO do Vale do Taquari) será o município mais contemplado, com dez novos brigadianos.
Este boletim de movimentação determina para onde os soldados irão. Dependendo da colocação no curso, eles têm direito de pedir para onde querem ser designados para trabalhar. Mas desta vez, nenhum deles virá para a Capital do Chimarrão.
Afora este balde de água fria, há outro entrave que impede o aumento do efetivo na BM de Venâncio. Um brigadiano (que prefere não ser identificado) revelou que há 15 colegas inscritos no ‘banco de intenções’ para se transferirem para a Capital do Chimarrão. “Mas não somos contemplados por falta de vagas no edital de movimentação”, diz.
Falta de efetivo
A sede da 3ª Companhia atravessa uma das piores fases no quesito efetivo policial. Do total previsto, conta com aproximadamente 35%, o que impossibilita, por exemplo, o uso rotineiro das patrulhas, como a Maria da Penha e a Comunitária do Interior. Na última vez que recebeu efetivo, veio um total de 15 brigadianos, mas 11 saíram, entre transferências e aposentadorias.
Não bastasse esta defasagem, ainda há policiais militares atuando na força-tarefa (presídios) e na Operação Golfinho (Venâncio tem o maior efetivo cedido da região). E por conta da pandemia do coronavírus, as férias foram suspensas no começo do ano e agora, a cada mês, seis brigadianos têm este direito assegurado.
Para o presidente do Conselho Pró-Segurança Pública (Consepro) Flávio Bienert, a questão é muito delicada. O empresário lembra das idas até o comando geral da Brigada Militar, em Porto Alegre, em busca de mais efetivo, e se desestimula ao saber que Venâncio Aires está fora da lista. “É uma notícia muito ruim”.
Outras turmas
Contatado, o coronel Marcelo Gomes Frota disse que ainda não foi feita a distribuição deste efetivo que se forma em dezembro. “É cedo para afirmar qualquer coisa em relação a Venâncio. Independente disso, há um calendário de formação de novos brigadianos dando conta de que teremos turmas de formação para além desta que se forma em dezembro”, menciona o oficial da reserva, que desde janeiro do ano passado ocupa o cargo de secretário adjunto da segurança pública do governo de Eduardo Leite.
Uma fonte revelou que nos últimos três cursos que a Brigada Militar formou soldados, nenhum deles veio parar na Capital do Chimarrão.
O QUE DIZ O CORONEL MARCELO GOMES FROTA
“Não existe distribuição de efetivo. De momento o que há é o estabelecimento de critérios. É cedo para afirmar qualquer coisa em relação a Venâncio em específico. Independente disso há um calendário de formação de novos brigadianos (divulgado e público) dando conta de que teremos turmas de formação para além desta que se forma em dezembro. Venâncio é uma cidade importante que tem sido olhada pela Segurança Pública do Estado com muito cuidado, basta ver o potencial humano que tem recebido, viaturas e equipamentos”.