Venâncio está na contramão das estatísticas dos acidentes de trânsito

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Estudos do Departamento de Trânsito (Detran RS) mostram que caiu em 10% o número de mortes no trânsito durante a pandemia. Entre os caminhoneiros, no entanto, houve aumento de 29%. Foram 75 mortes entre abril de 2020 e março de 2021 comparado com os 12 meses pré-pandemia (abril de 2019 a março de 2020).

O Detran RS também detectou que a mortalidade caiu mais entre as mulheres (-30%, de 334 mortes para 234) do que entre os homens (-5%, de 1.253 para 1.191). No entanto, houve redução para todos os outros tipos de acidentes: motociclistas (-1%), condutores (-2%), ciclistas (-11%), passageiros (-18%) e carona de moto (-17%). Mas a redução foi maior entre os pedestres: -28% em relação ao ano pré-pandemia (passando de 328 a 235 mortes no ano).

Em Venâncio Aires, houve redução de uma morte no período do estudo. Foram 16 mortes entre abril de 2019 e março de 2020, contra 15 mortes entre abril do ano passado e março deste ano. Os números da Capital do Chimarrão também estão de acordo com as estatísticas do Detran no número de mortes envolvendo mulheres. Foram três mortes entre 2019/20 contra uma do mesmo período de 2020/21.

Outro dado que está de acordo com o estudo é o aumento no número de mortes de caminhoneiros. Houve um caso entre abril de 2020 e março deste ano, contra nenhuma morte no primeiro período analisado. No Estado foram 67 mortes entre abril de 2020 e março deste ano, contra 52 mortes no período anterior.

Na contramão

No demais quesitos analisados, Venâncio está na contramão. No primeiro período analisado foram 13 mortes de pessoas do sexo masculino, contra 14 entre abril do ano passado e março deste ano. No Estado, a queda é de 5% na mortes de homens.

Outro quesito analisado é a morte de condutores e caroneiros de motocicletas. Enquanto no Estado a redução é de 1% para condutores e 17% para caroneiros, na Capital do Chimarrão foram registradas cinco mortes no primeiros período analisado, contra oito casos entre abril de 2020 e março deste ano, uma elevação de 60%.

Nos atropelamentos, onde o Detran RS registrou queda de 28%, aqui houve aumento de 100%. Foram duas mortes entre abril de 2019 e março de 2020, contra quatro mortes no segundo período analisado.

Analisando os últimos três anos, entre os meses de janeiro e o dia 12 de maio (até ontem), nota-se uma elevação no número de mortes em acidentes nas ruas e rodovias de Venâncio. Foram três mortes em 2019, outras três em 2020 e seis mortes este ano.

“Quero que seja feita justiça”

Mãe de uma filha de 1 anos e 11 meses, a auxiliar de serviços industrial, Camila Cristine Felten Ertel, 27 anos, tenta se recuperar da perda prematura do marido. Ela era casada com o pedreiro Claudenir Schorr, 32 anos, que morreu na quinta-feira da semana passada, um dia depois de se envolver em um acidente de trânsito, no bairro Santa Tecla. Schorr conduzia uma bicicleta, que foi atingida por um automóvel. O condutor do veículo fugiu do local sem prestar socorro, mas está identificado.

Camila conta que a família tinha uma rotina tranquila, que foi brutalmente interrompida naquela manhã do dia 5 de maio. “Estou sem palavras, pois ele matou meu esposo. Isso está doendo, prejudicou a minha família, destruiu tudo. É muito dolorido, pois a pessoa sai pra trabalhar e não volta para casa”, resumiu. Agora, além da busca por justiça, Camila quer encontrar uma creche para deixar a filha e tentar retomar a vida.

FOLHA DO MATE – Teu marido costumava ir trabalhar de bicicleta?
Camila Ertel – Sim, todos os dias ele ia trabalhar de bicicleta. Trabalhava em obras. Eu tinha começado na fumageira aquela semana. Estava trabalhando quando recebi a informação do acidente.

E a filha de vocês, com quem ficava?
Faz um ano que tento encontrar uma creche pra ela e até então o meu marido pagava R$ 450 por mês para uma mulher cuidar dela. Mas e agora, se não encontrar uma creche, como é que vou fazer?

Como era a rotina de vocês?
Ele acordava todos os dias para ir trabalhar. Ele sustentava a nossa família. E agora, como fica. O causador do acidente nem veio falar conosco.

O que espera que aconteça?
Eu espero que ele pague o que fez. Isso não e justo, atropelar uma pessoa e fugir. Meu marido era uma pessoa do bem, que levantava todo dia para trabalhar. Mas também preciso encontrar uma creche para deixar a minha filha e conseguir trabalhar.



Alvaro Pegoraro

Alvaro Pegoraro

Atua na redação do jornal Folha do Mate desde 1990, sendo responsável pela editoria de polícia. Participa diariamente no programa Chimarrão com Notícias, com intervenções na área da segurança pública e trânsito.

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