Da esquerda para a direita: deputado federal Maurício Dziedrieck, vereador Clécio Espíndola, vice-governador Ranolfo Vieira Júnior, vereador Renato Gollmann, ex-vice-prefeito Celso Krämer e o assessor Renan Konrad (Foto: Rodrigo Ziebell/GVG)
Da esquerda para a direita: deputado federal Maurício Dziedrieck, vereador Clécio Espíndola, vice-governador Ranolfo Vieira Júnior, vereador Renato Gollmann, ex-vice-prefeito Celso Krämer e o assessor Renan Konrad (Foto: Rodrigo Ziebell/GVG)

O vice-governador do Estado e secretário de Segurança Pública, Ranolfo Vieira Júnior, reafirmou, nesta sexta-feira, 28, que Venâncio Aires receberá atenção especial no próximo mês, pelo menos.

Em entrevista ao programa jornalístico Terra em Uma Hora, da Rádio Terra FM 105.1, Ranolfo informou que 12 homens do Batalhão da Polícia de Choque da Brigada Militar, divididos em três equipes e com suporte de três viaturas semiblindadas, já estão atuando na Capital Nacional do Chimarrão.

O reforço é uma resposta do Estado ao episódio registrado na Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva) na madrugada do último domingo, 23, quando uma quadrilha tentou resgatar presos. Houve intenso tiroteio e os criminosos tinha a intenção de explodir uma parede da casa prisional, mas foram impedidos por policiais da guarda externa e agentes penitenciários. “Lamentamos muito este terrível fato ocorrido na Peva e estamos trabalhando para reforçar a segurança na unidade e na comunidade”, declarou.

A informação sobre o reforço já havia sido divulgada na quinta-feira, 27, quando uma comitiva de Venâncio Aires foi a Porto Alegre para se encontrar com o vice-governador. A agenda foi marcada pelo deputado federal Maurício Dziedrieck, que é do mesmo partido de Ranolfo, o PTB.

Petebistas da Capital do Chimarrão aproveitaram a oportunidade para levar um documento assinado por todos os vereadores e reportagens da Folha do Mate que registraram a falta de efetivo da Brigada Militar. O ex-vice-prefeito Celso Krämer e os vereadores Renato Gollmann e Clécio Espíndola, o Galo, se encontraram com Ranolfo.

“O reforço dos efetivos da Brigada e da Susepe é um primeiro passo, pois fizeram uma limpa no Presídio Central e mandaram tudo pra cá.”

CELSO KRÄMER – Ex-vice-prefeito de Venâncio Aires

Contrapartidas

Os políticos pretendem avançar nas reivindicações relacionadas à segurança pública. Eles querem retomar as cobranças referentes ao posto da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) – hoje em Amoras, no município de Taquari, e que viria para Vila Estância Nova, em Venâncio Aires, onde está a Peva -, à construção de uma nova Delegacia de Polícia e a solução definitiva para a defasagem de efetivo da Brigada Militar, especialmente.

Também é meta buscar mais servidores da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) para a casa prisional do município. Todas estas contrapartidas, de acordo com eles, foram sinalizadas quando o Governo do Estado manifestou interesse de erguer um presídio em Venâncio Aires.

“Efetivo é sempre prioridade”

Nesta sexta-feira, 28, o prefeito de Venâncio Aires, Jarbas da Rosa (PDT), falou sobre a medida do Governo do Estado para reforçar a segurança pública no município. “Vamos esperar que a promessa seja cumprida”, comentou, ao mesmo tempo que agradeceu às lideranças locais pela intermediação junto ao vice-governador e secretário de Segurança Pública, Ranolfo Vieira Júnior. Jarbas afirmou que “efetivo é sempre prioridade” e que sabe das dificuldades enfrentadas pela Brigada Militar e Polícia Civil na Capital do Chimarrão.

O prefeito lembrou das contrapartidas não cumpridas pelo Governo do Estado. “Havia acordos na época da implantação da Peva, e parcialmente não foi cumprido. O efetivo de oito anos atrás era maior que o de hoje”, salientou. Como novidade a respeito do assunto, o chefe do Executivo anunciou a criação do Conselho Municipal de Segurança Pública e Defesa Social, que vai abranger todas as forças do município para trabalhar em um Plano Municipal de Segurança Pública. “Vamos avançar no sentido de diagnosticar como é possível melhor a segurança pública aqui em Venâncio Aires”, declarou.

Atuação

Jarbas da Rosa disse ainda que a atuação pelo aumento nos efetivos das forças de segurança pública no município começou antes mesmo de assumir a Prefeitura. “Ainda em dezembro, eu e o vereador Tiago Quintana, do PDT, que iria assumir como presidente da Câmara, fomos a Santa Cruz do Sul e nos encontramos com o coronel Valmir José dos Reis, comandante regional da Brigada Militar, para fazer esta solicitação”, falou. O prefeito encerrou afirmando que seguem os trabalhos de apoio às demandas das forças de segurança e informando que está em processo de licitação uma câmera de videomonitoramento que será instalada em frente à Peva.

“Temos prioridade plena e absoluta de descobrir a autoria deste fato gravíssimo”

Folha do Mate – Na quinta-feira, o senhor recebeu, ainda como governador em exercício, a comitiva de Venâncio Aires, para tratar do tema segurança pública. Quais foram as reivindicações e o que pode ser anunciado oficialmente?

Ranolfo Vieira Júnior – Vieram me trazer as questões da segurança, as demandas da comunidade de Venâncio Aires, em especial o gravíssimo fato ocorrido na Peva, que foi uma tentativa de resgate de presos. Estamos já com equipes do Batalhão da Polícia de Choque da Brigada Militar. São 12 homens, em três viaturas, trabalhando em apoio à comunidade, à segurança e à unidade prisional. Não temos prazo estipulado para as equipes ficarem neste reforço, mas pelo menos 30 dias devem permanecer. Vamos monitorando esta situação.

Em relação aos efetivos das forças de segurança, podemos esperar algum incremento para os próximos meses?

Estamos com vários cursos de formação na área de segurança. São 890 soldados em formação na Academia de Polícia Militar e outros 150 oficiais ingressando na Brigada Militar. Na Polícia Civil, temos mais 265 inspetores e escrivães e 30 delegados, além de 90 soldados e 25 capitães do Corpo de Bombeiros Militar. Também há peritos do Instituto-Geral de Perícias em formação. Mais especificamente sobre a BM, esta turma deve estar se formando em agosto, daqui a 60, mais tardar 90 dias. Aí teremos condições de reforçar a corporação. Não tenho, neste momento, um número de soldados desta turma que irão para Venâncio Aires, mas posso, por outro lado, afirmar que assumirão aí mais soldados.

Durante a semana, circulou a informação, não oficial, de que a Brigada Militar de Venâncio Aires estaria atuando com pouco mais de 30% do efetivo considerado ideal. Confere? E esta é uma situação que se repete nos municípios gaúchos?

Posso afirmar, com toda a certeza, que Venâncio não está com apenas 30% do efetivo considerado ideal à disposição. Nenhum município do estado se encontra com uma defasagem neste nível. Talvez aí possam estar sendo computadas algumas férias, que em qualquer lugar do mundo o trabalhador tem direito e, por isso, não conta na escala de trabalho. O efetivo legal da Brigada Militar no Rio Grande do Sul é de cerca de 32 mil homens e mulheres. Mas jamais se chegou a este número. A vez que mais efetivo nós tivemos foi durante o governo Antônio Britto, há 25 anos, quando tivemos 27 mil servidores. Hoje, nós trabalhamos com 16 mil policiais militares. Esta é uma situação histórica. Infelizmente, há muito tempo temos esta defasagem na área da segurança pública. Mas eu não estou aqui para criticar os governos anteriores, não é do meu feitio.

Especificamente sobre a segurança pública, qual é a meta do Governo do Estado para os quatro anos do mandato?

Durante os quatro anos do governo do Eduardo Leite e do Delegado Ranolfo, estaremos admitindo 7,5 mil novos operadores de segurança pública, entre brigadianos, policiais civis, bombeiros militares, peritos criminais e agentes penitenciários. Neste momento, temos em formação 450 agentes penitenciários, 50 deles para setores administrativos. Dentro dessa turma, temos profissionais que vão reforçar a própria Peva. Além disso, temos um calendário para início de novas turmas de formação. Até maio do ano que vem, a previsão é de ingresso de mais 3,5 mil operadores de segurança pública. Com a realidade do Estado do Rio Grande do Sul, é o que nós podemos fazer.

Certamente, segurança é prioridade do Estado. Há alguma estatística interessante que possa ser ressaltada neste momento?

Segurança é uma área prioritária do governo, claro. Tanto é verdade que no segundo mês da nossa gestão lançamos um programa estruturante, o RS Seguro, que tem nos trazido resultados satisfatórios. Nós tivemos o ano de 2020 como o melhor ano da década em termos de redução de criminalidade no estado. Os números estão dizendo isso, são as evidências científicas. Seguimos dia a dia, mês a mês, mas posso adiantar para vocês que no mês de maio talvez possamos chegar a uma redução recorde no número de homicídios no Rio Grande do Sul, de 40%. Se trabalha muito, com planejamento, com a inteligência, aferindo se a política de segurança está dando certo ou não. Em Venâncio Aires, comparando 2020 e 2021, de 1º de janeiro a 25 de maio, temos uma redução dos homicídios de 50%. Neste período, foram seis crimes no ano passado e três este ano, nenhum em maio, até o dia 25.

E sobre o episódio do tiroteio e tentativa frustrada de resgate na Peva? Também é prioridade?

Temos prioridade plena e absoluta de descobrir a autoria deste fato gravíssimo ocorrido aí em Venâncio Aires. Queremos identificar quem foram estes indivíduos que cometeram esta tentativa de resgate e prendê-los. Vamos fazer isso, não tenho dúvida alguma. E já transferimos, removemos aí da Peva, os suspeitos de serem os alvos do resgate desse grupo criminoso.

É levada em consideração a possibilidade de construção de um muro no entorno da Peva?

Não descartamos a hipótese. Uma reunião, realizada durante a semana e que contou com a presença da delegada regional penitenciária, Samantha Longo, e demais autoridades, tratou da possibilidade. Para isso, será preciso buscar recursos. Não há uma estimativa de valor para atender a demanda.