Não é só o famoso conto do bilhete que rende altas cifras aos golpistas. Em época de pandemia do novo coronavírus, um golpe praticado a distância foi retomado com força. Usando perfis falsos nas redes sociais, estelionatários escolhem suas vítimas, geralmente homens entre 30 e 50 anos, moradores da área urbana e rural, e se passam por jovens atraentes e que estão dispostas a trocar fotografias em poses íntimas.
Os golpes são praticados quase que diariamente e alguns deles foram denunciados na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA). Assustados e muitas vezes envergonhados, os homens descrevem que estavam trocando mensagens e fotos com quem imaginavam ser uma garota jovem. Na verdade, quem está por trás dos golpes são estelionatários, a maioria que está recolhido em uma casa prisional.
O golpe funciona da seguinte forma: depois de mantidos os primeiros contatos – e quando a vítima imagina realmente que está trocando mensagens com a mulher que aparece nas fotos -, o golpista sugere que troquem fotos nuas. Ele manda fotos de uma jovem e pede que o homem envie fotos suas. Assim que ele mandar uma foto nua, o golpe passa para o segundo estágio.
O golpista se passa por pai da garota que aparece nas fotos e faz ameaças, já que, na maioria das vezes, os homens são casados e têm família. O golpista diz que a menina é menor de idade, que vai denunciá-lo à polícia e por fim exige dinheiro. Amedrontados, alguns dos homens, acreditando que podem até ser presos por conta das fotos enviadas, por se tratar de pedofilia, depositam valores nas contas do suposto pai da garota.
Muitos casos
Nesta quarta-feira, 10, à tarde, o advogado Paulo Mathias Ferreira revelou que nos últimos dois meses, atendeu cerca de 30 homens que foram vítimas do golpe do nudes. “Eles vão no meu escritório ou me ligam apavorados, pois têm família e medo que a situação chegue ao conhecimento da esposa”, explica.
Um destes homens, ameaçado por quem se definia como pai da garota com quem ele trocou as fotos íntimas, depositou R$ 12.500 para o golpista. “E ele pediu mais R$ 5 mil e como meu cliente não tinha mais dinheiro, me procurou e então lhe expliquei que se tratava de um golpe.”
Ferreira alerta que os golpistas são espertos e intimidam as vítimas, falando em denúncias por pedofilia e por saber que o homem tem esposa e família. “Em um dos casos, meu cliente chegou no escritório e eu peguei o telefone e troquei mensagens com o golpista. Quando disse que estava na Delegacia de Polícia, a conversa foi encerrada”.
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