Bastou o vereador Eduardo Kappel (PL) anunciar na tribuna, na sessão da Câmara de segunda-feira, 16, que está em busca de assinaturas para apresentar um requerimento à Mesa Diretora, sugerindo a redução do número de vereadores de 15 para 10, para que uma nova polêmica se instalasse na Casa do Povo. Para ser levado à Mesa, são necessárias cinco assinaturas [um terço do Legislativo], o que indica que o processo não deve prosperar.
Isso porque a Folha do Mate foi ouvir os demais vereadores a respeito do assunto e, além de André Puthin (MDB), que declarou que pretende discutir o tema no âmbito do partido, e de Gilberto dos Santos (PTB), Izaura Landim (MDB) e Sandra Wagner (PSB), que não foram encontrados pela reportagem, todos os demais se manifestaram contrários à iniciativa. Além disso, teceram duras críticas a Kappel.
MANIFESTAÇÕES
“Porque ele não pensa em trabalhar para fazer valer a pena?”, questionou Ezequiel Stahl (PTB), ao ser contatado. O vereador foi ainda mais longe, afirmando que “não se vê ele em lugar algum, não faz nada e só quer mídia”. Stahl concluiu sugerindo que os vereadores “primeiro têm que mostrar trabalho e, depois, o eleitor vai dizer, nas urnas, quem de fato trabalhou”. “Se acha que tem muitos, é só abrir mão do mandato”, disparou.
Tiago Quintana (PDT) foi na mesma linha da manifestação feita na oportunidade em que Kappel fez indicação à Mesa Diretora outra proposta, de redução do número de assessores de 30 para 15 – dois por vereador. “Mais uma proposta oportunista e eleitoreira. O vereador exerce representatividade. O caro é um parlamentar que só vai na Câmara segunda-feira falar besteira. Tem que ver o que ele faz no restante do tempo. Um vereador que traga uma emenda por ano já se paga. Ele quer desgastar os outros e se promover”, comentou.
MESA DIRETORA
Também do PDT, Ana Cláudia do Amaral Teixeira indagou porque Kappel não fez a apresentação quando era presidente, em 2019, já que tem conhecimento de que a proposta precisar partir da Mesa Diretora. “Sou contra. É um projeto eleitoreiro. Me preocupa a forma como este debate está vindo à tona, de forma rasa, o que só contribui para diminuir e depreciar o Poder Legislativo. Se fosse para a austeridade, de fato, teríamos que incluir no debate uma reforma no Poder Executivo e suas ações pouco ou nada austeras”, declarou.
Nelsoir Battisti (PSD) e Helena da Rosa (MDB) também demostraram indignação com a proposta. Eles entendem que não é momento para este tipo de discussão, já que uma eleição se avizinha. “O vereador era presidente e não sugeriu isso. Também não sugeriu a redução dos assessores. Agora, seis meses antes de uma eleição, vem com o assunto. Só pode ser brincadeira”, afirmou Battisti. Helena complementou dizendo que “sempre sobra pra nós, que somos a representatividade do povo, com uma das câmaras mais enxutas da região”.
Outro que criticou Kappel abertamente foi Ciro Fernandes (PSC). De acordo com o vereador, “uma proposta deste tipo em ano de eleição chega a ser hilária”. Fernandes salientou que Venâncio Aires é um município de grande extensão territorial e precisa de representantes que atendam às demandas das comunidades. “Que peça para baixar o salário, em vez de diminuir representatividade da nossa Câmara de Vereadores”, indicou.
INSISTÊNCIA
Eduardo Kappel (PL) disse que sabe que dificilmente a proposta reuniria as cinco assinaturas necessárias. No entanto, garantiu que vai insistir na questão, pois entende que o tema deve ser debatido agora para vigorar na próxima legislatura.
Ele lembrou que a Câmara Municipal de Vereadores de Venâncio Aires já teve 10 vereadores “e funcionava muito bem”. “Aumentaram o número de vereadores no mandato em que eu não estava”, argumentou, se referindo ao ano de 2012, quando houve a mudança.
Kappel garantiu que, caso não consiga as assinaturas, pretende mobilizar uma ação popular. “É difícil retornar aos 10 vereadores agora, porque todos estão preocupados com as vagas deles mesmos”, concluiu.
CENÁRIO
• Favorável: Eduardo Kappel (PL).
• Contrários: Ana Cláudia do Amaral Teixeira (PDT), Sid Ferreira (PDT), Tiago Quintana (PDT), Ciro Fernandes (PSC), Nelsoir Battisti (PSD), Ezequiel Stahl (PTB), Zé da Rosa (Republicanos), Adelânio Ruppenthal (PSB), Arnildo Camara (PTB) e Helena da Rosa (MDB).
• Em análise: André Puthin (MDB).
• Não encontrados: Gilberto dos Santos (PTB), Izaura Landim (MDB) e Sandra Wagner (PSB).