(Foto: Carlos Dickow/Arquivo FM)
(Foto: Carlos Dickow/Arquivo FM)

Venâncio Aires - O vereador Eligio Weschenfelder, o Muchila (PSB), registrou um boletim de ocorrência, ontem, na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), referente ao episódio de suposto assédio envolvendo um parlamentar.

De acordo com ele, ao expor a situação nas redes sociais, a pessoa responsável pelas postagens gerou desconfiança a respeito de todos os homens casados da Câmara, pois no material ela faz esta especificação. “Nas minhas costas esse meliante não vai se esconder”, disse, ao afirmar que, se o nome do vereador não for divulgado, processará a autora da postagem.

“Em primeiro lugar, quero me solidarizar com essa senhora que, segundo ela, recebeu nudes de um vereador. Todavia, não posso concordar com uma acusação leviana, que diz apenas que foi um vereador casado, sem dar nome aos bois. Então, registrei a ocorrência para que ela também vá à Delegacia de Polícia e diga quem é”, declarou Muchila, em vídeo postado nas redes sociais.

Segundo o socialista, as acusações enxovalharam os vereadores e também a Câmara. “Me senti ofendido, estou na boca do povo, as pessoas estão fazendo brincadeiras maldosas e isso não é bom para a nossa cidade. Por isso, quero que essa senhora faça o BO [boletim de ocorrência] e a gente, lá na Câmara, tome medidas cabíveis e possa encaminhar esse cidadão ao Conselho de Ética”, argumentou.

O que diz a polícia sobre o caso de assédio

  • O delegado Guilherme Dill, responsável pelo caso, informou que, como se trata de um crime de menor potencial ofensivo, será instaurado um termo circunstanciado. “Esse procedimento é simplificado e não serão feitas diligências, apenas remessa para o Ministério Público e Poder Judiciário”, esclareceu.
  • Segundo ele, poderá haver uma audiência preliminar para conciliação. No caso de a vítima entender necessário, deverá contratar um advogado e ingressar com pedido de explicações, conforme artigo 144 do Código Penal, ou diretamente com queixa-crime contra o suspeito, pois se trata de crime de ação penal privada. “A ação da Polícia é restrita a isso nesses casos”, concluiu.

Durante a semana, a mulher que denunciou o caso de assédio fez uma nova postagem, dessa vez informando que está sendo pressionada e que não vai mais tratar do assunto publicamente, nas redes sociais. Confira abaixo, na íntegra.

“Nos últimos dias, tenho recebido pressões e ameaças depois de relatar uma situação que vivi. Por isso, para preservar a minha segurança, não vou mais me manifestar a respeito publicamente. O que precisa realmente ser informado é que já registrei ocorrência das ameaças e as medidas legais serão tomadas. Peço apenas respeito e empatia. Nenhuma mulher deve ser intimidada ou silenciar por falar sobre o que lhe feriu.”

MULHER QUE FEZ AS ACUSAÇÕES – Em postagem nas redes sociais

O que disseram

  • Jeferson Schwingel, o GP (PP): “Cabe salientar que, se comprovado, estamos diante de uma mulher vítima de um ato repudiável, ainda mais vindo de alguém que ocupa cargo público desta natureza. Também é importante incentivarmos a procura pelos meios legais, como registro na Delegacia de Polícia e na Ouvidoria da Câmara de Vereadores. Se for confirmado, quem praticou o ato tem que arcar com as consequências, rever seus conceitos e comportamentos como ser público. E peça escusas a esta Casa e aos colegas lesados. Que o autor tenha hombridade e se apresente à comunidade, assim como fez quando pediu voto.”
  • Ezequiel Stahl (PL): “Lamento profundamente a exposição desta Casa e dos vereadores, principalmente por se tratar de cunho sexual. Lamento porque nós podemos ter um colega tarado, uma situação grave, uma pessoa que manchou a imagem da Câmara perante a sociedade. São fatos que precisam ser apurados e esclarecidos, pois não podemos permitir este tipo de exposição sem que haja comprovação dos fatos alegados. Esperamos que esta Casa e também a moça que fez o desabafo nas redes sociais deem continuidade e esclareçam os fatos não só a nós, mas a toda sociedade de Venâncio Aires.”
  • Alberto Sausen (Podemos): “Não compactuo com o que aconteceu nas redes sociais no fim de semana. Todos foram expostos. Peço que, quem foi, que assuma as consequências. Se fosse eu, assumiria, porque do jeito que está fica feio para todos os vereadores. A pessoa que postou nas redes sociais, acho que podia ter procurado o acusado antes da exposição.”
  • Diego Wolschick (PP): “O que a maioria dos vereadores quer é que o caso seja resolvido. Que o vereador que movimentou os bastidores da política assuma seus erros. Todos estamos sob suspeita, o que fere a honra individual de cada vereador. Repudiamos fatos como esse, que denigrem a imagem da Câmara de Vereadores como um todo”.
  • Claidir Kerkhoff Trindade (Republicanos): “É um fato que mancha a Câmara de Vereadores. Pode-se dizer, hoje, que as redes são quase uma terra sem lei. Os oportunistas utilizam uma ferramenta que é para o bem e acaba se distorcendo.”
  • Sandra Silberschlag (PP): “Repudio e acho que todas as medidas cabíveis precisam ser tomadas nesse caso. A gente tem aqui na nossa Casa a Procuradoria da Mulher, então se sintam à vontade para nos procurar, nós vereadoras mulheres. Junto com o jurídico, podemos tomar as medidas e responsabilizar, quando isso for indicado. Aqui estamos para acolher as mulheres.”
  • Nelsoir Battisti (PSD): “Sou membro da Comissão de Ética e quero deixar claro que, até o momento, não chegou nenhuma denúncia, nada que a gente possa levar adiante. O que temos são os atos relacionados às redes sociais. Se chegar algo, será encaminhado como manda a legislação. Mas aproveito para dizer que eu não sou, estou fora dessa lista aí.”
  • Dudu Luft (PDT): “Sobre estas denúncias de suposto assédio por parte de um vereador, a gente ressalta que tem aqui na Casa a nossa Procuradoria da Mulher e também a Ouvidoria [telefone (51) 3741-8003 e e-mail [email protected]]. Estamos com os canais à disposição, mas hoje não temos nenhuma denúncia na Casa, só essas supostas acusações. Repudiamos qualquer tipo de assédio, discriminação ou violência, reafirmando o nosso compromisso com o respeito, a dignidade humana e a ética do serviço público.”

Fique por dentro

  • Na semana passada, uma mulher denunciou, nas redes sociais, um episódio de assédio, por parte de um vereador. “Tem um sem-vergonha na nossa cidade (vereador) que tá chamando mulher casada, mandando nudes e vídeos. É o fim dos tempos mesmo. Mas não se preocupe, a história vai chegar na tua esposa”, escreveu.
  • Na sexta-feira, 10, o Legislativo divulgou uma nota a respeito do assunto. “A Câmara de Vereadores de Venâncio Aires tomou conhecimento sobre supostas acusações de importunação e assédio envolvendo um vereador da Casa. Porém, até o momento, não recebemos nenhuma confirmação oficial sobre a autoria dos fatos relatados”, destacou o comunicado, que trazia ainda a orientação para que eventuais denúncias sejam encaminhadas à Ouvidoria, pelo telefone (51) 3741-8003, pelo e-mail [email protected] ou às autoridades.
  • O assunto repercutiu rapidamente e, durante o fim de semana, além de Muchila, também se manifestaram a respeito os vereadores Ezequiel Stahl (PL) e Diego Wolschick (PP), ambos no sentido de que o nome do parlamentar envolvido deveria vir à tona para que os que nada têm a ver com a situação não sejam prejudicados.
  • Na sessão da Câmara da noite de segunda-feira, 13, a pauta seguiu em destaque. Situação e oposição, homens e mulheres, afirmaram que o episódio precisa ter uma elucidação, pois é a imagem do Poder Legislativo que está ameaçada. No entanto, ninguém assumiu para si a responsabilidade. Nos bastidores da Câmara, não é raro ouvir a frase “todo mundo sabe quem foi”, mas, oficialmente, o nome não é divulgado. Agora, com o caso chegando à esfera policial, há a expectativa que possa evoluir no sentido de identificação do vereador.