Quem a conhece no cotidiano ou do consultório – sempre tentando ajudar quem mais precisa –, pode até achar que é outra pessoa que falava com timidez na tribuna da Câmara de Vereadores de Venâncio Aires. A parlamentar eleita com 885 votos, Luciana Scheibler, de 54 anos, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), é “puro coração”. A definição é do marido, Júlio César Scheibler, o Noca, mas que, segundo ela, foi um dos motivos para que ela tenha conquistado mais de 800 votos.
Lu, como é conhecida, é secretária há 26 anos no consultório do médico cardiologista Gerson Sulzbach, e considera que o respeito no atendimento com as pessoas foi essencial para o reconhecimento nas urnas. “Sempre fui uma batalhadora pela saúde e gosto de ajudar a todos e a comunidade percebeu isso”, destaca.
A vereadora foi eleita para o primeiro mandato, no entanto, pode se considerar uma experiente na Casa do Povo. Como primeira suplente do partido na eleição de 2020, ela ocupou cadeira na Câmara por quase três anos. “Tive muita ajuda dos meus colegas nesse período e aprendi demais, por isso, acredito que não será um desafio tão grande. Espero ter uma relação tranquila com todos”, projeta Luciana.
Objetivos
As principais bandeiras que serão defendidas pela parlamentar eleita serão projetos voltados à qualidade de vida dos idosos, além do esporte, cultura e o tradicionalismo. Para os idosos, ela pretende apresentar projetos para a saúde e diversão da terceira idade, aumento das vagas de estacionamento, uma liga para unificar as comunidades e espaço para o cuidado dos idosos – como é o caso do Centro Dia. Além disso, pretende buscar emendas parlamentares com os deputados estaduais e federais do PDT para desenvolver ações voltadas ao esporte e cultura, em especial ao tradicionalismo.
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Lu se considera uma pessoa caseira. No entanto, ela não abandona o esporte no dia a dia, principalmente a academia e o beach tennis. “Amo a minha casa, por isso, não perco a oportunidade de estar aqui”, completa.
História de Luciana
Lu é natural de Jaboticabal, em São Paulo, a quase 1,3 mil quilômetros da Capital Nacional do Chimarrão. Criada em um bairro pobre junto com os pais Ademar da Silva e Onilda, e outros quatro irmãos, a vereadora eleita gostava de brincar na rua e aproveitar os momentos com a família e amigos. “Cheguei a trabalhar na roça, onde atuava na colheita de algodão, e até de babá”, acrescenta.
Aos 15 anos, a família se mudou para uma região mais central da cidade, nas proximidades do campo do clube de futebol Jaboticabal Atlético. Nessa época, começou a trabalhar no comércio e sofreu um baque, que foi a separação dos pais, quando passou a ter um papel de mãe para os irmãos. “Passamos a morar com meu pai e virei a referência feminina.” Por conta disso, estudou apenas até a 8ª série do Ensino Fundamental, em São Paulo, na Escola Municipal Nossa Senhora Aparecida.
Ainda que não vivesse a rotina do clube de futebol, em 1989 acabou conhecendo um jogador do time, Júlio César Scheibler, pelo qual se apaixonou. Em 1992, precisou tomar uma decisão difícil, aceitar ou não o convite de Scheibler para morar em Venâncio Aires, município que não conhecia praticamente nada. “Meu pai me falou ‘vai, se não der certo, as portas estão abertas para ti’, e eu fui”, relembra.
No início, Luciana conta que sofreu com o frio no inverno de Venâncio, mas logo se adaptou. A adaptação é tão nítida que o chimarrão, a bebida amarga e tradicional dos gaúchos, é um dos principais companheiros dela. Nos primeiros anos, o casal morava com a irmã de Júlio, Ana Júlia e, depois em Linha 17 de Junho, até conquistarem a casa própria, no bairro Gressler. “Nas férias, sempre vou visitar a minha família.”
Em 1994, a confirmação de que o relacionamento deu certo: o casamento. Foi em Venâncio que Luciana completou o Ensino Médio, com o supletivo no Colégio Érico Veríssimo e iniciou a trajetória como secretária em consultórios médicos. Entre 1995 e 1997, trabalhou com o médico Luís Carlos Leuckert (já falecido) e, em 1998, após indicação do, também médico, Nilton Reis, passou a atuar como secretária do cardiologista Gerson – onde está há 26 anos.
O casal não tem filhos, mas não abandona o sonho de adotar uma criança. Sem formação acadêmica, outro objetivo da parlamentar é buscar conhecimento em cursos relacionados à política.
Trajetória política de Luciana
• Em 2008, Luciana se filiou ao PDT e sempre teve participação política, principalmente apoiando a ex-vereadora Cleiva Heck. Em 2016, o então prefeito Airton Artus (PDT) a convidou para concorrer a vereadora, no entanto, ela acreditou que ainda não era o momento.
• Em 2020, foi a vez do então candidato a prefeito, Jarbas da Rosa (PDT), a realizar o convite para concorrer. Luciana conta que, desta vez, após uma visita do político a sua residência e uma afinidade instantânea, decidiu concorrer. “Tinha uma segurança e resolvi tentar. As pessoas sempre falaram que eu deveria concorrer, então, porque não?”, relembra. Naquele pleito, obteve 488 votos e ficou na primeira suplência da sigla.
• Após período de afastamento do vereador Gerson Ruppenthal (PDT), em decorrência do diagnóstico de Covid-19, ela assumiu pela primeira vez uma cadeira na Câmara de Vereadores, em 2021. No entanto, o maior período foi com a saída de Sid Ferreira (PDT) para assumir a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisp), quando Luciana ficou por, aproximadamente, três anos na Casa do Povo.
• Neste ano, voltou a tentar uma cadeira e obteve 885 votos, praticamente dobrando a votação anterior e conquistando uma vaga.
“Sou muito ‘coração’. Quero ajudar todos a terem uma vida digna, dos mais pobres aos mais ricos, e dos mais saudáveis aos mais doentes. Não serei uma vereadora à toa.”
LUCIANA SCHEIBLER
Vereadora eleita
A reportagem da Folha do Mate convidou os candidatos a escolherem o lugar onde seria realizada a entrevista: Luciana Scheibler escolheu a sua residência, no bairro Gressler. Confira o motivo para a escolha e curiosidades da vereadora eleita.