Foram oito anos na Câmara de Vereadores de Venâncio Aires, o último deles como comandante da Mesa Diretora. Não reeleita, Helena da Rosa (MDB) se despede oficialmente hoje do Legislativo e garante que a sensação é de dever cumprido. “Eu lamento não estar entre os parlamentares que irão ficar para a próxima legislatura, pois gosto muito da rotina da Casa do Povo. Porém, é momento de agradecer: por tudo o que vivi aqui, por todo o aprendizado e pela confiança que me foi conferida”, afirma a emedebista.
Helena escolheu a palavra ‘coragem’ para definir a sua passagem pela presidência da Câmara, cargo que tanto ela quanto o marido, o ex-prefeito Almedo Dettenborn, sonhavam que ocupasse. “Era uma vontade nossa, era um sonho comum, sim”, reforça. A vereadora se diz orgulhosa por ter dado início à reforma do prédio do Poder Legislativo, por ter tido como vice-presidente outra mulher – a colega Ana Cláudia do Amaral Teixeira (PDT) – e por ter construído uma Mesa Diretora plural. Além dela e de Ana Cláudia, foram integrantes os vereadores Nelsooir Battisti (PSD) e Ciro Fernandes (PDT), mas que era do PSC. “Fui movida pela coragem”, sustenta.
Independência
A presidente também revela orgulho com o que define como “retomada da independência do Poder Legislativo”. Segundo ela, nos três primeiros anos da legislatura que está se encerrando, “a Câmara foi um puxadinho do Executivo”. Helena destaca a “recuperação da autonomia e do respeito com os vereadores” durante o seu mandato. “Antes, o Executivo é que mandava nos cargos do Legislativo e até no orçamento da Câmara, porque só o que se falava era sobre devolver recursos à Prefeitura. No ano de 2020 iniciamos a reforma, resolvemos a questão do terreno, fizemos economia e devolvemos dinheiro também”, salienta.
Conforme a vereadora, no primeiro semestre do ano foram repassados ao Executivo R$ 700 mil: R$ 200 mil para o Hospital São Sebastião Mártir (HSSM), R$ 100 mil para ações de combate à Covid-19, R$ 200 mil para redução de impactos da estiagem, R$ 100 mil para socorro a microempresários (especialmente do setor de transportes) e R$ 100 mil para ações de saúde. Recentemente, outros R$ 900 mil foram anunciados como devolução, com sugestão de apoio ao esporte amador (R$ 150 mil), Assoeva (R$ 200 mil), Guarani (R$ 100 mil), saúde (R$ 200 mil) e implementação de PPCIs nas dez maiores escolas municipais. “Se contabilizarmos os R$ 300 mil da reforma e os R$ 200 mil que ficaram para manutenção da Câmara, teremos R$ 2,1 milhões de devolução. É o maior valor entre os quatro presidentes”, enaltece.
A presidente da Câmara, Helena da Rosa (MDB), lembra ainda que o orçamento da Câmara para 2021 foi reduzido em R$ 1,35 milhão, na comparação com 2020. “O total era de R$ 7,49 milhões e baixamos para R$ 6,14 milhões. Se não precisa tanto, qual a necessidade de repassar? Só pra ter que devolver depois?”, questiona.
Pandemia
• A pandemia de coronavírus fez de 2020 um ano atípico, que acabou frustrando uma série de planos que Helena tinha à frente da Câmara. “Queríamos fazer muito mais, principalmente trazer mulheres para atividades do Legislativo Municipal. No fim da contas, só conseguimos participar da posse da Ananda (Hammes) na Assoeva, mais nada”, lamenta. A Covid-19 também obrigou a presidente da Casa a restringir o acesso às sessões por um determinado período, tudo pela prevenção. “Foi difícil, mas vencemos”, alivia-se.
Prejuízos e futuros
Helena da Rosa avalia que a coragem que teve na condução do Legislativo também lhe rendeu prejuízos. “Tudo que inventaram de mim acabou me prejudicando. Mas eu confio na justiça de Deus e sei que tudo vai ser esclarecido”, declara.
Embora não tenha citado nomes, é de conhecimento geral que quase a totalidade dos ‘duelos’ travados por ela na Câmara tiveram como opositor o colega Eduardo Kappel (PL), que sempre criticou a reforma da Casa e também chegou a fazer ataques pessoais contra Helena.
Sobre o futuro, ela argumenta que, no momento, precisa de um tempo para resolver questões pessoais e “recarregar as energias”. Convidada por Jarbas da Rosa (PDT) para assumir a Secretaria de Cultura e Esportes, Helena não descarta voltar a conversar mais para frente, mas afirma que não assumirá na arrancada da próxima gestão.
Professora municipal aposentada, ela também está aguardando para os próximos meses a aposentadoria do Estado. Quando estiver com tempo integral para se dedicar à pasta, deve ser confirmada na secretaria.