No mesmo dia em que a Folha do Mate publicou informações do prefeito Jarbas da Rosa (PDT) de que o déficit orçamentário para o ano fiscal de 2021 poderá chegar a R$ 23 milhões, o ex-prefeito de Venâncio Aires, Giovane Wickert (PSB), se manifestou em relação aos dados apresentados pela equipe econômica do atual chefe do Executivo. Na terça-feira, 19, Giovane disse que a pandemia de coronavírus não foi responsável por salvar as finanças da Prefeitura em de 2020, conforme afirmou o pedetista em material divulgado à imprensa.
De acordo com o ex-prefeito, “os números não conferem, não são precisos”. Giovane sustenta que não deixou de pagar R$ 7 milhões em financiamentos, e explica: “Não tivemos êxito em todas as operações. O que ficou foi algo pouco acima de R$ 3 milhões, seis ou sete parcelas de R$ 500 mil, mais ou menos. Só aí já estamos falando de uns R$ 4 milhões de diferença”. Ele também destaca a desoneração de cerca de R$ 500 mil mensais relacionada à negociação da Lei Kandir, “que o Jarbas também vai colher durante o seu mandato”.
Receitas frustradas
O socialista ressalta que teve aproximadamente R$ 7 milhões de recursos livres para utilizar no que se refere ao enfrentamento à Covid-19, porém, em contrapartida, a frustração de receitas no ano de 2020 ficou entre R$ 10 milhões e R$ 11 milhões. “Houve quedas no ISS (Imposto Sobre Serviços), no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e no FPM (Fundo de Participação dos Municípios, três das principais fontes de arrecadação da Prefeitura. Só de FPM foram entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões a menos. Portanto, ganhei R$ 7 milhões, mas perdi R$ 11 milhões, e isso eles se esqueceram, me parece”, argumentou.
Sobre o valor de R$ 1,6 milhão que utilizou de quatro fundos municipais – iluminação pública, meio ambiente e agricultura -, o ex-prefeito comentou que, “se o Jarbas achar necessário, pode devolver, pois deixei R$ 2,4 milhões em caixa e ainda sobrariam R$ 800 mil caso decida pela devolução”.
O socialista garante que fez “de tudo” para assegurar um fluxo de caixa tranquilo para a arrancada da nova Administração e que não vai admitir “conversas lançadas ao vento”. “Eu peguei a Prefeitura com R$ 5 milhões só de restos a pagar, sem contar que não tínhamos crédito e os fornecedores se acumulavam para fazer cobranças. Aliás, uns até quebraram. Entreguei com R$ 2,4 milhões no azul, ou seja, economizei quase R$ 7,5 milhões. Se for colocar tudo na vírgula, são quase R$ 2 milhões de economia a cada ano”, conclui.
“Os números não estão corretos e, mesmo que estivessem, eu poderia dizer que fui R$ 17 milhões mais eficiente do que a Administração anterior à minha. Em 2017, quando assumi, o déficit projetado chegava a R$ 40 milhões.”
GIOVANE WICKERT
Ex-prefeito de Venâncio Aires
Transição e revanchismo
• Segundo Giovane Wickert, “é normal que na transição de governo surja este tipo de situação, mas eu não quero ficar discutindo e polemizando”. Ele assegura que torce por um bom mandato de Jarbas da Rosa e se coloca à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas ou colaborar com a atua Administração. “Não quero ser sombra de ninguém, porque eu sofri isso e não é legal. Revanchismo está fora da minha pauta”, manifesta.
• Ainda sobre os números apresentados pelo pedetista e sua equipe econômica, o ex-prefeito diz que “em relação ao orçamento, tudo é muito relativo” e acrescenta que “se eu tivesse uma Rodoviária e um terreno central para vender, se tivesse feito um leilão de máquinas e sucatas, ou mesmo se tivesse contado com 1% a mais de FPM, como no tempo do ex-prefeito Airton (Artus, do PDT), teria deixado as condições ainda melhores”.
Sobre seu futuro profissional e político, Giovane Wickert revela que tem quatro propostas de trabalho. Ele pretende definir a situação até o fim do mês. Qualquer que seja a decisão, a atuação no dia a dia se dará fora de Venâncio Aires.