Em um cenário de total incerteza por conta da pandemia de coronavírus, certo é que, se o calendário eleitoral for mantido, a população irá às urnas no dia 4 de outubro, para escolher novos vereadores e prefeitos. Faltam, portanto, quatro meses para o pleito. Talvez por isso, os embates políticos estejam intensificados na Capital do Chimarrão. Mais do que isso, os ‘confrontos’ têm sido centralizados em dois nomes: Giovane Wickert (PSB) e Jarbas da Rosa (PDT). Um é atual prefeito, e sua candidatura natural; o outro é o principal ator da oposição e terá oportunidade de uma revanche, se a conjuntura permanecer como está. Em 2016, Wickert venceu Rosa por diferença de 254 votos para chegar pela primeira vez à Prefeitura.
É grande a probabilidade de que Wickert concorra novamente em dobradinha com o vice-prefeito Celso Krämer (PTB). Também é forte a tendência de que Rosa tenha em sua composição um vice do MDB. Os mais cotados são os vereadores Gilberto dos Santos, Helena da Rosa e Izaura Landim. Corre por fora o também vereador Nelsoir Battisti (PSD). Os cenários serão confirmados até o fim de julho, com a realização das convenções partidárias. A projeção é de que os eleitores de Venâncio Aires tenham pelo menos dois e no máximo quatro opções de voto. E que o contato dos candidatos seja pelo telefone e pelas redes sociais. Tudo indica que teremos um período eleitoral diferente bem diferente de anos anteriores.
Giovane Wickert
- O atual prefeito concorda que o cenário político se encaminha para um repeteco de 2016 e que os ânimos tendem a se acirrar com a proximidade da eleição. No entanto, pondera que em todo processo eleitoral, “sempre acabamos tendo alguma surpresa, reviravolta ou um fato novo”. O socialista diz também que acredita em quatro candidaturas ao Executivo e que “o ex-prefeito Airton Artus, já apresentou vários fatos novos na política”, dando a entender que o pedetista pode aparecer como candidato.
- Wickert argumenta que “quem enfeita a noiva muito cedo, corre o risco de ver o penteado estragar até o casamento”, ao se referir ao provável enlace entre PDT e MDB. Ele ressalta que a única vez em que um prefeito foi reeleito em Venâncio Aires se deu na eleição de 2012, quando ele, que era o vice, e Airton Artus, que comandava o Executivo, repetiram a chapa. “Os dois primeiros anos da próxima gestão serão muito difíceis. É perigoso termos alguém sem experiência no comando da Prefeitura. É como jogar na água alguém que não sabe nadar”, comenta.
- O prefeito declara ainda que, neste momento, está focado no enfrentamento à pandemia da Covid-19. “Eleição é uma preocupação secundária. Aliás, acho engraçado que o pessoal do PDT só sabe dizer o tempo inteiro que nada presta no governo e não está preocupado com toda a crise. Pelo que parece, eles nada têm a falar de si. Podiam, pelo menos, dizer o que fariam de diferente, de onde tirariam o dinheiro para fazer tudo o que discursam. Podiam também explicar como um carro da Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Social foi parar em São Paulo. O PDT adotou como estratégia dizer que a Prefeitura está endividada e levantar suspeitas contra a minha pessoa”, dispara.
Jarbas da Rosa
- O presidente do PDT e pré-candidato do partido à Prefeitura diz que está acompanhando notícias em relação ao processo eleitoral e acredita que o pleito será realizado este ano. “Se não em outubro, até dezembro acho que teremos a eleição”, comenta. Ao mesmo tempo, se diz preocupado com a pandemia de coronavírus, “embora me pareça que o nosso pico já passou”.
- Ele também admite que os debates estão ficando mais acalorados, mas vê isso como algo natural. “É normal que, com a proximidade da eleição, tenhamos os bastidores mais quentes. Não fosse o coronavírus e estivéssemos com a vida normal, a política estaria muito mais movimentada a esta altura”, afirma. Rosa se diz otimista para a provável revanche com Wickert. “Temos notado que a Administração está a reboque do PDT. Lançamos um plano para os próximos 20 anos e, no fim do dia, eles apresentaram um também. Só que faltam argumentos para fazer parecer coincidência e daí baixam o nível. Não conseguem perceber que a falta de competência e proatividade deles é que nos torna cada vez mais a primeira opção da comunidade”, sugere.
- O pedetista diz que a atual Administração “gosta muito de olhar para o passado”. Ele afirma que prefere “olhar para o futuro e pensar como poderemos recuperar o desmantelamento da saúde e da agricultura, por exemplo”. “Estamos acompanhando muitos gastos com pesquisas e consultorias, algo totalmente desnecessário neste momento. Tivemos a criação de uma Secretaria de Segurança, que é de um homem só. Posso garantir que esta política o PDT não vai fazer. Vamos realmente colocar Venâncio nos trilhos”, conclui.
Câmara de Vereadores é o termômetro
E é na Câmara de Vereadores que o embate político fica muito bem evidenciado. Com frequência, integrantes da base governista e vereadores de oposição travam discussões acaloradas, cada um em defesa dos seus aliados ou dos governos que fizeram ou fazem parte.
Na sessão de segunda-feira, 1º, Ana Cláudia do Amaral Teixeira (PDT) e Arnildo Camara (PTB) trocaram farpas. Primeiro, Ana fez menção à apresentação das metas do primeiro quadrimestre do Município, destacando a projeção de R$ 14 milhões de déficit. A parlamentar declarou que “a contadora da Prefeitura pintou um quadro horroroso para nós” e disse ainda que “apesar de todo o cenário desfavorável, nenhuma ação para resolver os problemas é apresentada”.
Na sequência, o petebista contra-atacou afirmando que a atual Administração recebeu a Prefeitura com cerca de R$ 5 milhões de restos a pagar. Também disse que o prefeito eleito, Giovane Wickert (PSB), foi quem quitou as rescisões de cargos em comissão do ex-prefeito, Airton Artus (PDT), que haviam sido desligados sem acerto de contas.
“Fico muito sentido e chateado com essa tentativa de denegrir o atual governo de ponta a ponta. Recebemos duas patrolas, uma tinha que colocar numa rampa para dar ré. Hoje temos frota renovada, estradas melhores e outras tantas realizações. Vamos mais devagar”, declarou o vereador.
Mais nomes
- A reportagem da Folha do Mate ouviu também o pré-candidato a prefeito pelo Progressistas, Luiz Fernando Staub, popularmente conhecido como Ratinho. Aos 75 anos, ele permanece recolhido em casa, em Porto Alegre, por determinação médica. “Estou me cuidando, não saio para a rua há dois meses. Sou do grupo de risco, tenho alguns problemas de saúde que podem ser agravados em caso de infecção pelo coronavírus”, comentou.
- Ratinho tem mantido contatos telefônicos com a cúpula do partido em Venâncio Aires, bem como com representantes de legendas e outros apoiadores que simpatizam como sua pré-candidatura. No entanto, ele acredita ser muito difícil se manter na disputa, em razão da pandemia. “Pelo que tenho acompanhado, a eleição deve sair até o fim do ano. Sem fazer visitas, é mais complicado convencer as pessoas sobre um novo projeto. O partido não se reuniu mais, porém não temos uma decisão em relação a isso. Está tudo como dantes no quartel de Abrantes”, afirmou.
- A respeito de PSDB e PT, outras duas siglas que podem ter nomes para concorrer à majoritária, a reportagem não ouviu representantes por conta de não haver uma definição sobre pré-candidaturas. O PSDB tem como opções Vinícius Medeiros, Alexandre Wickert e Marcolino Coutinho. Já no PT fala-se nos nomes de Cesar Schumacher e José Cândido Faleiro Neto.