Os vereadores de Venâncio Aires concordam que as cancelas da praça de pedágio da RSC-453, que fica no território de Cruzeiro do Sul, próximo da divisa com Mato Leitão, devem ser liberadas para a passagem de veículos. Isso em razão das condições precárias da rodovia e da falta de manutenção ao longo do trecho concedido, que é caminho para muitos moradores da Capital do Chimarrão até a cidade de Lajeado, especialmente. Eles querem que as cobranças sejam suspensas até que melhorias – que iniciaram hoje – estejam efetivadas.
O assunto foi levantado na sessão da Câmara de segunda-feira, 16, no momento em que estava em análise a Moção de Apelo número 024. De autoria do vereador Ezequiel Stahl (PTB), ela é endereçada à Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) e pede, além da abertura das cancelas e suspensão da tarifa – enquanto não houver conserto dos inúmeros buracos da rodovia RSC-453 -, que a EGR providencie uma solução definitiva para os problemas estruturais. A proposta de Stahl foi aprovada por todos os vereadores presentes.
“Além dos muitos problemas, as reformas não duram. De uma semana para outra, já abrem buracos enormes. Isso é uma prestação de serviço e, se a gente paga, precisa ter retorno. Quando se contrata um pedreiro, ele trabalha e recebe. Um médico trabalha e recebe. Só que a gente paga pedágio e não está recebendo a rodovia em condições”, comentou o autor da proposição.
O vereador sugeriu ainda que representantes dos poderes Legislativo e Executivo dos municípios abrangidos pela 453 façam uma mobilização para pressionar a EGR e o Estado. “As condições são péssimas. Precisamos fazer alguma coisa”, reforçou.
O promotor de Justiça Pedro Rui da Fontoura Porto ressaltou que o MP já encaminhou intimação à EGR e recebeu a garantia de que os trabalhos na 453 seriam iniciados hoje. Porto foi informado por engenheiros da EGR que uma operação tapa-buracos está sendo realizada na rodovia e vai seguir durante o tempo que estiverem em execução os serviços de recuperação do pavimento.
Quem mais se manifestou sobre o assunto
Elígio Weschenfelder, o Muchila (PSB)
“O problema não é a falta de obras, mas a qualidade delas. Simplesmente não é colocado asfalto, e sim farinha, porque na primeira chuva isso se perde. Uma vergonha. Isso é uma velha tática, muito utilizada no Brasil, para primeiro sucatear e depois vender. É uma estratégia dos governos, para que a comunidade implore que passe para a iniciativa privada e se tenha estradas de qualidade. Para os próximos dias também está sendo agendado um protesto, lá no trevo do bairro Battisti, porque aquela lombada nos foi prometida, mas toda a vez que se liga para a EGR, só se diz que está nos finalmentes. Mas o tempo está passando e a nossa comunidade está correndo risco de vida para fazer aquela travessia. Que a comunidade se una e não ponha em um protesto 20 ou 30 pessoas. Ponham 500, mil, duas mil, três mil, que se feche o trânsito por horas, causando transtorno, que venham os veículos de comunicação, que mobilize o Estado. Só assim seremos ouvidos. Não adianta uma meia dúzia de gatos pingados ir lá implorar uma migalha do Estado”.
André Kaufmann (PTB)
“Sou um pouco avesso a moções, mas é uma ferramento que nós temos. Acho importante que tenha um movimento da Casa e do Ministério Público. Temos que fazer alguma coisa de fato e de verdade, com a Justiça determinando o levantamento das cancelas. Toda semana tem moção e pedido de melhoria nesta Casa falando da 453. Temos que encaminhar uma ação civil pública, senão é mais um papel que vai chegar lá e vai pro monte. Sei que houve um movimento do prefeito Jarbas há alguns dias, e precisa de um movimento dos prefeitos da região. Temos que colocar a Casa à disposição, porque nós representamos a comunidade”.
Ana Cláudia do Amaral Teixeira (PDT)
“A gente tá cansando de fazer moção, mas ainda é o instrumento que podemos nos utilizar para fazer pressão junto ao Estado. Não sei como na 453 ainda não morreu ninguém. Sabe porque não morreu? Porque está tão esburacada, que a gente tem que andar a 40 ou 50 por hora, no máximo. Mas é uma tragédia anunciada. E esta tática de sucatear a estrutura é uma realidade. Quando é que o brasileiro vai se dar conta de que alguns serviços não podem ser privatizados? Visto aí a energia elétrica, que hoje é uma estatal da China que comanda tudo e, quando tu quer pedir alguma coisa, tem que mandar ofício para 50 pessoas. Não tem nem escritório para atender as pessoas que precisam. É o que estão querendo fazer agora com a Corsan e que vão fazer com todas as estradas que estão aí. Pelo menos, se forem privatizar tudo, que a gente possa ter voz para cobrar um serviço de qualidade. Hoje, é humanamente impossível andar com segurança na 453”.
Renato Gollmann (PTB)
“Temos que ir mais longe, procurar um mecanismo que responsabilize o engenheiro da obra. Se conseguirem comprovar que uma morte aconteceu por má conservação da via, tem que responsabilizar esta pessoa. Daí vão criar vergonha e vão começar a fiscalizar, porque todo mundo sabe que o trabalho é mal feito. É atirado o material de pá pra dentro do buraco, sem sequer fazer uma limpeza, às vezes. Sem um isolamento, para que a umidade não prejudique o serviço. Simplesmente jogam uma pá de massa, viram as costas e vão embora. Tem que responsabilizar quem assina a obra, aí vai doer no bolso, vão fiscalizar e vamos ter mais qualidade”.
Clécio Espíndola, o Galo (PTB)
“Estão sucateando a estrada, colocando produtos que não são de primeira qualidade. Na 287 tem máquinas trabalhando para abrir novas praças de pedágio e cancelas, mas em relação à rodovia a preocupação é só de botar uma nata por cima e fazer a roçada. Decerto é pra achar o carro mais rápido, quando se perde e sai da rodovia. Acho que não tem que penalizar o engenheiro, mas sim o Estado. O Estado e o Governo Federal é que têm que indenizar. Engenheiro nenhum vai ter condições de pagar uma indenização a uma família que venha a perder uma vida no asfalto. Logo após Mariante, já vai ter mais uma praça cobrando, daqui uns três meses. Porque ali eles trabalham dia e noite, são que nem formiga. E sábado e domingo também. Não é fácil para deixar as porteiras abertas, mas vamos tentar”.
André Puthin (MDB)
“Anos atrás a Promotoria de Arroio do Meio conseguiu levantar as cancelas. Pra ser bem sucinto, pra mim a EGR é um caco. Um grande cabidão de emprego, dos governos que se sucedem. Vamos falar bem alto e claro, no bom Português aqui. Só arrecadação para o caixa único do Estado. Estivemos na EGR uma vez. Sabe quando tu fala com as pessoas e não sente confiança no olhar delas? Senti isso lá, desde o presidente até o serviços gerais. Não inspiram confiança na gente, foi essa a impressão que eu trouxe de lá, infelizmente. E vou dizer pra vocês: gosto de hipóteses devastadoras. Acho que a fase do protesto pacífico já passou”.
Ricardo Landim (PSL)
“Na Fenachim, entreguei em mãos ao governador Ranolfo Vieira Júnior um pedido de melhorias nas RSCs 453 e 287. Infelizmente, às vezes a gente fica limitado a estes pedidos e moções. Acaba não tendo o resultado esperado. Gostaria que fossem tão rápidos para arrumar uma rodovia como são para construir uma nova cancela ou praça de pedágio, porque da noite pro dia tu passa e já tem um pedágio novo. E para arrumar uma estrada, às vezes um trecho pequeno, eles demoram uma vida. Única forma de termos mudanças é através de multas ou levantamento de cancelas, para que eles sintam no bolso, seja privado ou público. Temos que provocar o Ministério Público no sentido de estar levando prejuízo a estas empresas, pois só assim a gente vai alcançar o objetivo, que é ter uma rodovia melhor”.
