Preocupados com as consequências da construção e instalação de um Centro de Reabilitação para Dependentes Químicos (CRDQ) em Linha Ponte Queimada, moradores da localidade estiveram na sessão ordinária da Câmara de Vereadores nesta semana, para manifestar a insatisfação dos moradores com a implantação do projeto. No dia 25 de junho, pouco mais de uma semana, o prefeito Airton Artus havia assinado ordem de serviço para o início da construção do centro.
O episódio, entretanto, não é novidade. Esta é a segunda localidade que inicia movimento contrário à construção. Há cerca de dois anos, a esposa do técnico da Seleção Brasileira, Maria Inês Ferreira, adquiriu e repassou à Prefeitura uma área, em Vila Palanque, mas os moradores de lá e lideranças políticas também se mobilizaram e com isso a Prefeitura passou a buscar novas áreas. Há pelo menos cinco anos o Conselho Municipal de Entorpecentes (Comen) busca a concretização desta demanda.
Enquanto na tribuna o morador Rogério de Brito da Rosa manifestava-se em nome da comunidade, na plateia do plenário, o grupo de cerca de 30 moradores se expressava com cartazes que diziam que o projeto foi empurrado ‘goela abaixo’, segundo termo utilizado em uma das placas. Conforme informações da assessoria de imprensa do Legislativo, Rosa teria dito que não houve consulta por parte da Administração Municipal para a implantação do projeto em Ponte Queimada. “Antes de consultar a comunidade, já começaram a fazer os serviços de terraplanagem. Fomos então procurar respostas para o que seria feito naquela área que fica aos fundos do cemitério”, explicou o morador. Rosa afirmou que só depois desta busca de informações dos moradores um grupo da Prefeitura reuniu os moradores para explicar a iniciativa. “O projeto que quer oferecer oficinas, lazer e reabilitação; é muito bonito, mas nós temos muitas preocupações com nossas famílias. Sabemos que o período de abstinência de drogas e bebida alcoólica é muito complicado. E, se houver fugas, no desespero nós já sabemos o que as pessoas são capazes de fazer para conseguir as drogas”, argumentou a contrariedade.Ainda segundo a assessoria da Casa, diversos vereadores se manifestaram durante o período de comunicações, demonstrando preocupação com a questão. Os parlamentares da oposição opinaram que um hectare seja pouco para garantir êxito ao projeto e também questionaram a falta de diálogo da Administração com a comunidade antes da instalação do centro. Por outro lado, o líder de governo, Telmo Kist (PDT) lembrou que foi por seu intermédio que a equipe de técnicos da Prefeitura fez a reunião na comunidade para detalhar o projeto. “Mantendo o diálogo quem sabe vamos conseguir resolver o problema, ou não.”
A intenção do Município, juntamente com o Comen, é ter este espaço para tratamento dos dependentes químicos em Venâncio. Atualmente são cerca de 650 atendimentos por mês para dependentes químicos. Como o município não possui esse espaço, os dependentes são encaminhadas a clínicas de outros municípios, como em Rio Grande. Embora as despesas sejam bancadas pelo município, o maior problema apontado é a distância entre paciente e família, o que atrapalha o tratamento daqueles que lutam para se livrar do vício das drogas.
Para o prefeito Airton Artus, a comunidade está sendo induzida por um vereador, que, segundo ele, não estudou o projeto e não estaria preocupado com o assunto nem com a causa. “é irritante a manifestação deste vereador. Ele está incitando a população novamente. Eu acredito que grande parte da população seja a favor. E que ideia é essa de perigo, se são pessoas da nossa sociedade?”, questionou o chefe do Executivo.
Artus garantiu que o CRDQ será construído naquele local e que para isso irá pessoalmente conversar com a comunidade, já que na primeira reunião entre Prefeitura e moradores ele não participou. “Esse mesmo vereador não deu se quer uma ideia alternativa. é uma irresponsabilidade que está se estendendo a vários assuntos”, lamentou.