Foto: Alvaro Pegoraro / Folha do Matec

Mês de setembro e o começo de outubro assustam pela quantidade de crimes registrados. Em relação ao ano passado, o número de assaltos triplicou no período. Esta insegurança – muito pela falta de efetivo das polícias – amedronta a população.

Não bastasse, esta semana o comando do 23º Batalhão de Polícia Militar (23º BPM) noticiou que um contingente dos brigadianos de todas as Companhias seriam deslocados a Santa Cruz do Sul, para trabalhar em mais uma edição da Oktoberfest. Este reforço em épocas de festa, observa o capitão Rafael Tiarajú de Oliveira, é uma situação normal dentro da BM.No entanto, a falta de um maior efetivo policial nas ruas deixa a população apreensiva. Há duas semanas, um homem de 44 anos foi assaltado e teve o carro roubado, no momento em que chegava na casa dos pais, na área central da cidade, por volta das 21h.Ele estacionou o carro em frente ao portão, quando dois indivíduos armados o renderam e fugiram com o seu automóvel. O carro foi recuperado quarta-feira à tarde, no interior de Barros Cassal. Seria usado em um assalto, mas um pneu estourado mudou os planos dos bandidos, que abandonaram o veículo e roubaram outro.Para a vítima, sempre existiram assaltos como o sofrido por ele. “Mas com o descaso dos governantes do Estado e do País, ficou mais fácil roubar”, desabafou.Presidente do Conselho Comunitário Pró-segurança Pública (Consepro) de Venâncio Aires, Adalberto Hamester, aponta a falta de efetivo como o principal motivo para a criminalidade e sensação de insegurança. No entanto, acredita que o município ainda está bem servido no que se refere ao combate aos criminosos.Hamester diz que a entidade busca auxiliar os órgãos de segurança pública por meio da doação e manutenção de viaturas. Em anos anteriores, a entidade também foi responsável pela aquisição e repasse de armamento à Brigada Militar, entre outras coisas.

“O problema é mais complexo”

Para o delegado Felipe Staub Cano, a questão é bem mais complexa do que simplesmente o parcelamento salarial e a defasagem do efetivo. “Hoje, o que a segurança pública vive é o que a saúde e a educação vivem há anos”, descreveu o titular da Delegacia de Polícia.Cano destaca que o problema da insegurança se observa em todo o Brasil e não somente no estado ou em Venâncio Aires. Cita questões sociais, como o desemprego, e outros fatores que ajudam a aumentar a sensação de impunidade. “E há pessoas que ao invés de procurar um emprego, preferem cometer um assalto”, avalia.Sobre a impunidade, refere que dificilmente alguém fica preso por muito tempo. “Sem contar aquelas pessoas recorrentes em crimes que entram e saem dos presídios.”

“Vamos estancar a criminalidade”

O comandante da 3ª Companhia é categórico em dizer que a volta à normalidade é uma questão de tempo. Segundo o capitão Rafael Tiarajú de Oliveira, a criminalidade tem períodos de pico e de queda. “E agora estamos em um período de pico, pois existem três ou quatro grupos agindo ao mesmo tempo.”O oficial garante que não há descontrole, mas muitos criminosos em liberdade. “é uma série de fatores, mas a sazonalidade existe e quando estes criminosos forem presos, a situação vai se acalmar”, garante.Sobre a falta de efetivo, o capitão diz que operacionalmente está com menos horas extras e efetivo em relação ao ano passado. A respeito da cedência de brigadianos para atuar na Oktoberfest, mencionou que é uma situação normal dentro da Brigada Militar. “Na época de Fenachim, nosso contingente triplifica. Assim como outros vem para cá, nós vamos aos outros locais”, comenta.

Mais de um crime por diaOs números de ocorrências registradas na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) mostram uma realidade nunca vivida antes em Venâncio Aires. Entre 1º de setembro e ontem pela manhã, foram registrados 19 assaltos, seis roubos de veículos e 16 furtos de veículos.Somadas, estas ocorrências graves chegam a 41 casos. Isso significa mais de um por dia, sendo que a maioria absoluta foi praticado com uso de armas, atentando contra a integridade física das vítimas. No período também foi registrado um assassinato.Um comparativo entre o mês de setembro deste ano e o mesmo período do ano passado mostra a gravidade do momento. Em 2014 foram registrados cinco assaltos, três furtos de veículos e nenhum roubo de veículo. Este ano foram 15 assaltos, quatro roubos de veículos e 11 furtos de veículos no mês de setembro.

 

“A criminalidade não pode ficar impune”

O prefeito Airton Artus demonstra preocupação com o aumento da criminalidade e também com a ausência de políticas públicas visando garantir mais segurança. “Devido ao crescimento da cidade, cada vez mais, nós teremos problemas semelhantes aos dos grandes centros urbanos”, diz. Para garantir mais segurança à população, destaca que precisam ser tomadas medidas para que a criminalidade não fique impune.Além da necessidade de ampliação dos efetivos da Brigada Militar e Polícia Civil, Artus diz que a garantia da segurança pública perpassa a Justiça. “Porque grande parte dos criminosos são pessoas condenadas, mas que estão foragidas, sem cumprir sua pena ou se encontram em presídios semiabertos, de onde voltam a praticar assaltos.” Por isso, afirma: “Não adianta só colocar mais policiais na rua se a gente coloca muito mais bandidos na rua”.Para Artus, o semiaberto coloca o preso de volta na cena do crime. Nesse sentido, considera que a ‘troca’ do semiaberto pela presídio fechado foi um avanço para Venâncio Aires e não considera que isso tenha relação com o aumento da criminalidade. Apesar disso, enfatiza que seguem as cobranças de contrapartidas pela instalação da Peva. Elas foram assumidas pelo governo Tarso Genro, mas não foram cumpridas. O principal, segundo ele, seria aumentar o efetivo e, em segundo, dar melhores condições de trabalho aos profissionais, por meio da construção de uma nova delegacia para a Polícia Civil e estrutura para um batalhão militar.