Prédio que abrigou bancos por 67 anos passa por adaptação

O imponente prédio que abrigou agências bancárias por 67 anos, no Centro de Venâncio Aires, está passando por reformas e deve abrigar outros tipos de negócios. Os trabalhos começaram, internamente, há cerca de 15 dias. O piso e o cofre foram retirados e o sistema elétrico será totalmente restaurado.
Nesta semana, tapumes erguidos na fachada da rua Osvaldo Aranha e nos janelões da rua Barão do Triunfo, chamam atenção para as mudanças que estão ocorrendo no térreo da edificação, agora pelo lado de fora. A obra está sendo executada pela Mathias Simon Construtora.

A ideia de abrir parte das janelas, ampliando a visibilidade interna da edificação, foi apresentada pela House Construtora. A empresa foi procurada por representantes do proprietário, que mora em Minas Gerais, solicitando estudo de adaptação do prédio. Um croqui, então, foi elaborado pela arquiteta Patrícia Hammes, mantendo as características neoclássicas.

“Pedi que descaracterizasse o mínimo a fachada”, afirma Giovane Büllow, arquiteto e proprietário da House, conhecida no município por inúmeros empreendimentos residenciais, comerciais e industriais e também por intervenções em prédios históricos, como as reformas da Igreja São Sebastião Mártir e da Casa Paroquial. No caso do prédio da antiga sede do Banco Nacional do Comércio, foi solicitado estudo para orçamento.

Bülow explica o procedimento feito a partir da demanda do proprietário. “A ideia principal é descaracterizar o mínimo possível e, ao mesmo tempo, trazer para a atualidade, de maneira que consiga atender as necessidades a que hoje se propõe ao mercado”, diz.

O arquiteto observa, ainda, que o térreo do prédio que sempre abrigou agências bancárias teria que ser adaptado para uma realidade funcional mais atual, no caso, um ponto de comércio, “visível de fora para dentro e para que a população consiga enxergar o que está acontecendo internamente”. O estudo e as intervenções não incluem os apartamentos superiores, que permanecem com suas fachadas inalteradas.

Estudo técnico

A ideia apresentada pela House, segundo Giovani Büllow, prevê o rebaixamento das janelas até o passeio, na parte da fachada voltada para a Osvaldo Aranha, transformando-as em enormes vitrines. Os janelões da Barão do Triunfo também serão rebaixados para oferecer mais visibilidade, mas somente até a altura do peitoril, em função do declive do passeio.

Internamente, o mezanino será aberto, voltando à característica original, pois foi fechado no decorrer do tempo para atender demandas das agências bancárias. O arquiteto da House reconhece o valor histórico e arquitetônico do prédio neoclássico, mas considera as adaptações necessárias para garantir sua funcionalidade.

Ponto comercial

O corretor do imóvel e responsável por negociar o aluguel dos 535 metros quadrados do térreo, incluindo o mezanino, informa que as mudanças são necessárias para que a edificação volte a cumprir com seu papel comercial. Nazi Karajeh garante que “vai ficar a esquina mais bonita de Venâncio Aires”. Ele explica, também, que a procura para locação é grande, mas que o estilo arquitetônico original não abre margens para abrigar outros negócios, já que foi construído para ser agência bancária.

O que impressiona no prédio, segundo ele, é a espessura das paredes, com cerca de um metro na base das aberturas. Grades e janelas serão removidas. Enquanto agência bancária, havia repartições em todo o térreo, retiradas após a saída do banco Santander, em 7 de agosto.

HISTÓRIA

1 O prédio de 868 metros quadrados, localizado na esquina das ruas Osvaldo Aranha e Barão do Triunfo, foi construído na década de 1950 pelo Banco Nacional do Comércio (Banmercio). O projeto foi assinado pela Lux & Kothe Ltda, de Santa Cruz do Sul, que anos antes concluiu as torres da Igreja São Sebastião Mártir, sob denominação de Lux, Goldmann & Kothe Ltda. A agência foi inaugurada em 1958.

2 Em 1972, quando houve a fusão do Banmercio com o Banco Industrial e Comercial do Sul S/A (Sulbanco) e o Banco da Província do Rio Grande do Sul S/A (Província), surgiu o Banco Sul Brasileiro S/A, que perdurou até 1985. Abalada por problemas de liquidez, a instituição sofreu intervenção do Banco Central, sendo substituída pelo Banco Meridional do Brasil S/A.

3 Em 1998, o edifício foi vendido pelo Meridional a um empresário de Santa Maria, que revendeu separadamente. Os apartamentos superiores foram adquiridos por dois ex-gerentes. O térreo foi colocado a leilão, sendo arrematado por Pedro Henrique de Oliveira, empresário do ramo de mineração da cidade de Claudio, em Minas Gerais, que alugou para o Santander até agosto de 2025.

4 Pedro Oliveira também adquiriu em leilão outros prédios do Santander e também da Caixa Federal pelo país, inclusive a agência de Venâncio Aires. A informação foi confirmada, nesta semana, por Braulio Campos, empresário venâncio-airense radicado há décadas em Claudio.

5 Fechado o ciclo histórico como agência bancária, fica a pergunta: que segmento de negócio o prédio vai abrigar? Anda não há respostas para isso. Em função das reformas que estão ocorrendo, nem o valor do aluguel está definido na área mais valorizada de Venâncio Aires.