
Por que comprar? O que comprar? Como comprar? De quem comprar? Como usar? Como descartar? Estas são algumas perguntas que um consumidor consciente deve se fazer antes de adquirir qualquer tipo de produto.
Pesquisa divulgada na segunda-feira, 18, pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), mostra que os consumidores dão nota média de 8,9 (em uma escala de 1 a 10) para a importância do tema consumo consciente, mas apenas três em cada dez consultados (32%) podem ser considerados, de fato, conscientes. Apesar de baixo, o indicador traz um aumento de 10,2 pontos percentuais em relação a 2015, quando esse percentual era de 21,8%.
Para obter o dado foi realizada uma pesquisa com perguntas para investigar os hábitos, atitudes e comportamentos que fazem parte da rotina de 600 consumidores nas 26 capitais mais o Distrito Federal, com idade a partir de 18 anos. As questões permearam as três dimensões que compõem o conceito de consumo consciente: práticas ambientais, práticas financeiras e práticas sociais.
“O consumidor brasileiro ainda possui desempenho abaixo do que é considerado ideal, representando um consumidor em transição. Assim como em 2015, os entrevistados associam mais frequentemente o consumo consciente com atitudes relacionadas apenas a aspectos financeiros, ficando em um segundo plano as esferas ambientais e sociais”, disse a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, em nota.
>>> Maior consciência vem principalmente da preocupação com o orçamento

A pesquisa mostra que a melhora do indicador de consumo consciente está relacionada principalmente às práticas financeiras, o que demonstra ser um reflexo das restrições financeiras e do receio do futuro gerados pela crise econômica que o país atravessa. Um dos hábitos que se tornou mais comum foi a decisão de frear o impulso de fazer compras desnecessárias. Cerca de 83% dizem que, quando sentem vontade de comprar algo, perguntam a si mesmos se realmente precisam e, caso contrário, deixam de comprar. No ano passado, o resultado foi de 75,3%.
Esta preocupação com o orçamento faz parte da rotina da dona de casa Celoi Oliveira, de 36 anos, que reside em Vila Palanque. “Tudo está uma careza. é preciso economizar ao máximo.” Ela diz que busca consumir somente o necessário, não só pelo aspecto financeiro, mas também pela questão ambiental. Preocupa-se com o mundo que será deixado para as próximas gerações, o que inclui o seu filho Iago, de oito anos. Ao ele acompanhá-la nas compras, conta que já aproveita para estimular o consumo consciente e esclarecer que não se pode comprar tudo que se tem vontade.
A dona de casa Fátima Sanmartin, de 56 anos e residente em Vila Estância Nova, acredita que o momento de crise econômica obrigou boa parte da população a refletir sobre o consumismo. Ela cita que passou a pesquisar mais e substituir marcas ao ir às compras. Acrescenta que sempre reflete sobre a necessidade de adquirir ou trocar determinado item. “Não dá para colocar tudo que estraga no lixo. Muita coisa pode ser consertada e ter sua vida útil ampliada.”

Fátima também procura adotar práticas sustentáveis, como a separação do lixo e preparação de adubo a partir do lixo orgânico, que serve para fertilizar sua horta. Ela acredita que pode fazer mais, mas também acredita que a população tem evoluído e se tornado mais consciente. “Minha neta de oito anos até chama a atenção das pessoas se vê alguém jogando lixo no chão.”
Quem também busca ser mais consciente ao consumir é Fernanda Ellwanger, de 23 anos, que reside no Centro. Ela admite que nem sempre isto é tarefa fácil, mas se preocupa em não gastar mais do que ganha. “Até em função da crise, é preciso refletir de forma constante sobre a necessidade de adquirir um produto.” Além disso, diz que estende sua consciência às questões ambientais, como por meio da economia do consumo de água e da energia elétrica.
O que é consumo consciente?
A humanidade já consome 30% mais recursos naturais do que a capacidade de renovação da Terra. Se os padrões de consumo e produção se mantiverem no atual patamar, em menos de 50 anos serão necessários dois planetas Terra para atender nossas necessidades de água, energia e alimentos. Não é preciso dizer que esta situação certamente ameaçará a vida no planeta, inclusive da própria humanidade.
A melhor maneira de mudar isso é a partir das escolhas de consumo.
Todo consumo causa impacto (positivo ou negativo) na economia, nas relações sociais, na natureza e em você mesmo. Ao ter consciência desses impactos na hora de escolher o que comprar, de quem comprar e definir a maneira de usar e como descartar o que não serve mais, o consumidor pode maximizar os impactos positivos e minimizar os negativos, desta forma contribuindo com seu poder de escolha para construir um mundo melhor. Isso é Consumo Consciente. Em poucas palavras, é um consumo com consciência de seu impacto e voltado à sustentabilidade.
O consumo consciente é uma questão de hábito: pequenas mudanças em nosso dia a dia têm grande impacto no futuro. Assim, o consumo consciente é uma contribuição voluntária, cotidiana e solidária para garantir a sustentabilidade da vida no planeta.
Fonte: Ministério do Meio Ambiente