
Na divisa entre Santa Clara do Sul e Venâncio Aires, na localidade de Sampaio, o agricultor Laudi Posselt, 49 anos, encontrou no cultivo de bananas orgânicas a principal fonte de renda da família. Ao lado da esposa Denice Schuch Posselt, 48, deixou a produção de tabaco para transformar a propriedade com o plantio de alimentos saudáveis.
A produção de bananas nunca havia sido planejada pelo produtor, que sempre teve ligação com o tabaco, assim como a esposa. A família chegou a cultivar entre 40 e 45 mil pés de tabaco. Em 2016, no entanto, surgiu a ideia de investir no cultivo da fruta.
Após uma enchente levar a ponte que conectava a propriedade a Vila Teresinha, Laudi se aproximou dos trabalhadores que atuavam na reconstrução da estrutura. Um deles provou as bananas de um dos poucos pés que o agricultor mantinha para consumo próprio e ficou impressionado.
“Ele me disse que eu estava perdendo dinheiro”, conta Laudi. “Aquela conversa virou uma proposta. Tomei coragem, vendi as mudas de fumo que já estavam no canteiro, passei a trabalhar com ele na reconstrução de outras pontes e, ao mesmo tempo, comecei a encher a roça com pés de banana.”
Hoje, dos quase 6 hectares da propriedade, 3,6 hectares são dedicados às variedades de banana Prata Ouro e Prata Comum. São cerca de 3 mil touceiras – que é conjunto de várias bananeiras. A colheira gira em torno de 1 mil quilos por mês. A produção, certificada pela Rede Ecovida de Agroecologia, tem como destino as escolas e a Feira do Produtor de Santa Clara do Sul e a Cooperativa dos Produtores de Venâncio Aires (Cooprova).
Ao olhar para trás, Laudi reflete sobre os desafios e as conquistas. “Hoje estamos muito felizes com a produção de banana, mas os primeiros anos foram muito complicados. O trabalho é totalmente braçal e exige muita dedicação”, avalia. “Mas a nossa vida mudou para melhor, vivemos em condições mais dignas. E o principal é a nossa saúde, já que não lidamos mais com agrotóxicos”, observa o agricultor.

A vida no campo, porém, segue com os desafios. Em julho deste ano, uma forte geada comprometeu grande parte da produção, afetando o desenvolvimento dos cachos.
3,6 hectares
são ocupados com a produção de banana de Laudi Posselt, em Sampaio.
Trajetória e rotina familiar
Laudi Posselt nasceu na região de Sampaio, enquanto Denice é natural da região serrana de Venâncio Aires. Eles se conheceram em um baile do grupo Os Três Xirus, no Salão Paroquial, de Sério, em 1996. Em 31 de dezembro de 1997, casaram-se no civil e, mais tarde, em 10 de janeiro de 1998, ocorreu o casamento na Igreja Evangélica de Linha Andréas, localidade onde também passaram a residir. Foi lá que nasceu a primeira filha do casal, Tainara, hoje com 27 anos.
Depois, a vida se estabeleceu na cidade, no bairro Gressler, em Venâncio Aires. Denice atuava como professora de Educação Física e de séries iniciais, e Laudi trabalhava como motorista. Depois, veio a segunda filha, Fernanda. Aos quatro anos de idade, ela foi diagnosticada com Síndrome de Rett. A preocupação com a cerração e a alta umidade da área urbana, que poderiam afetar a saúde de Fernanda, motivou a família a buscar um novo lar no interior. E assim foi feito. Desde 2004, residem em Linha Sampaio.
“Quando chegamos não tinha quase nada aqui, só uma casa velha. Peguei dinheiro emprestado do meu sogro, consegui crédito fundiário e começamos a vida aqui”, conta Laudi. No começo, a família plantava entre 40 e 45 mil pés de tabaco.
1 mil quilos
de banana são colhidos, em média, por mês.
Parceria

Atualmente, enquanto Laudi se dedica à produção de bananas, Denice divide seu tempo entre os cuidados com a filha Fernanda e o manejo de uma estufa de verduras, com rabanete, tomate, pepino e repolho. Ela ainda cuida das duas vacas da propriedade, produzindo queijo, manteiga e outros itens.
Outras culturas
Sempre em busca de alternativas, Laudi Posselt também investe no plantio de alho para comercialização. O produtor chegou a tentar o cultivo de abacaxis, mas as condições climáticas da região não favoreceram o desenvolvimento da fruta.