Produtor ‘segura’ erva e desabastece o mercado
Há um ano, o produtor recebia entre R$ 5 e R$ 5,50 pela arroba. Em dezembro, o preço praticado já era de R$ 6,75 e atualmente, varia entre R$ 8 e R$ 10 e a tendência é que chegue a R$ 12. Esta majoração no preço faz com que o produtor não corte a erva-mate e a consequência é a falta da matéria-prima nas indústrias e o desaparecimento de algumas marcas nas prateleiras dos mercados.
Outro fator que contribui para a falta da matéria-prima é a redução da área de plantio. Há 30 anos, a cultura ocupava 4,8 mil hectares. Nos últimos anos, o preço baixo pago pela arroba fez com que o produtor se desestimulasse e investisse em outras culturais anuais, que garantem uma renda maior e mais rápida por hectare. O diagnóstico que vem sendo efetuado pela Emater/RS-Ascar, Secretaria Municipal de Agricultura e sindicatos, aponta uma drástica redução da área e hoje os ervais não somam mais do que 1,3 mil hectares em Venâncio Aires.
Paulo Valmor Schuch, morador de Vila Palanque, é um dos produtores que nesta safra ainda não cortou erva e acredita que somente irá fazê-lo a partir de junho, pois planta a erva consorciada com outras culturas, como milho nesta safra. Somente cortará a erva depois de colhido o cereal. Schuch coloca que não é somente em Venâncio Aires que a matéria-prima está em falta, e sim, em outros municípios produtores, como é o caso do Polo Ervateiro de Arvorezinha. “No ano passado, era comum já nesta época a gente ver produtores cortando e transportando a erva para as indústrias. Neste ano, raramente se vê alguém”, observa.
Schuch acrescenta que demorou, mas finalmente a erva-mate vem sendo bem paga e valorizada, assim como outros produtos agrícolas, como o aipim e o tabaco, por exemplo.
A melhora no preço vem estimulando os produtores a voltarem a investir na cultura e alguns já sinalizaram que vão replantar as falhas e outros ainda vão ampliar a área. O chefe do escritório municipal da Emater/RS-Ascar Vicente Fin, afirma que o diagnóstico feito em 2012, mostra que o preço esperado pelo produtor era de R$ 7,61 a arroba. O diagnóstico efetuado nas últimas semanas aponta o preço que varia entre R$ 8 e R$ 10. “Isto prova que os preços atuais estão dentro da expectativa que o produtor acredita que viabilizaria uma melhor conduta dos ervais”, frisa. Fin acentua que com um rendimento melhor, o produtor se sente motivado a voltar a investir nos ervais que ainda existem, efetuando o controle da broca; fará podas mais condizentes conforme a técnica recomendada, deixando de 5% a 25% dos ramos na hora do corte; e, os que abondaram a cultura, voltarão a plantar novas áreas.
Venâncio Aires pertence ao Polo Ervateiro dos Vales e conforme Fin, há três aplicativos que precisam ser resolvidos: concluir o diagnóstico, criar a associação de produtores de erva-mate, e, a formação do programa de produção de mudas de erva-mate no município. Fin afirma que o diagnóstico mostra que 98% da produção é comercializada nas indústrias de Venâncio Aires e de Mato Leitão.
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