Após engravidar, Stefana Weiss, 24 anos, viu os casos de Zika se espalharem pelo Brasil e deixarem apreensivas as gestantes, principalmente devido à possível relação entre o vírus e o nascimento de crianças com microcefalia. Preocupada, a gestante que se encaminha para o quarto mês de gravidez buscou informações sobre a doença e conversou com sua médica sobre cuidados que poderia adotar para garantir a saúde do seu bebê.
Duas vezes ao dia, faz uso de repelente para evitar a picada do Aedes aegypti, mosquito já bem conhecido dos brasileiros e que é o responsável pela transmissão do Zika, assim como da dengue e do vírus chikungunya. Ela cita que se preocupa em tomar esse cuidado, sobretudo, por estar nos primeiros meses de gestação, período considerado mais suscetível para a ação do vírus, como também destacado por sua médica. Para afastar o mosquito, cita ainda que busca manter o ar-condicionado ligado enquanto está em casa e mesmo no trabalho.
Em relação ao uso de repelentes, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) esclareceu em janeiro que não há impedimento para que as grávidas os usem, desde que estejam registrados na própria agência reguladora e que sejam seguidas as instruções do rótulo.
VIAGENS
O aumento dos casos de Zika também fez a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, recomendar que as mulheres grávidas evitem viagens para locais onde circula o vírus. A entidade declarou na segunda-feira, 1º, em Genebra, situação de emergência em saúde pública de interesse internacional devido à possível relação entre o Zika e o nascimento de crianças com microcefalia.
Para Margaret Chan, a ação mais importante no momento é controlar a população do mosquito Aedes aegypti, vetor da Zika, da dengue e da febre chikungunya. A diretora também recomenda que as gestantes que estão nas áreas afetadas pelo mosquito se protejam com “repelentes seguros” e com “roupas longas”.
O presidente do comitê da OMS, David L. Heymann, disse que o vírus Zika, por si só, não é considerado uma emergência internacional. “Como sabemos, não é uma condição clinicamente séria”, disse. A possível relação do vírus com o nascimento de crianças com síndromes neurológicas é que constitui a emergência.
O pesquisador afirma que são necessários mais estudos para a confirmação científica da relação entre o vírus e a microcefalia. “Não sabemos quanto tempo vai levar até comprovarmos essa relação”, disse.Segundo a diretora-geral da OMS, a relação entre a infecção por Zika na gravidez e a microcefalia não é cientificamente comprovada, mas é “altamente provável”.
FOCO NO COMBATE AO MOSQUITO
Em Venâncio Aires, a Secretaria Municipal da Saúde trabalha com foco na realização de mutirões de limpeza e combate ao mosquito Aedes aegypti. A primeira ação ocorreu no sábado, 30, no bairro Gressler, e a próxima está programada para 13 de fevereiro, quando o Estado do Rio Grande do Sul também estará mobilizado – no chamado Dia D de combate ao Aedes aegypti. A iniciativa terá a participação do Exército Brasileiro, através de um contingente de aproximadamente 20 mil militares no RS.
“O mais importante é o envolvimento de toda a população. Cada um tem que fazer a sua parte, mantendo o seu pátio limpo e eliminando os locais em que se pode acumular água e servir para a proliferação do mosquito”, menciona o secretário municipal da Saúde, Celso Artus. Ele cita que o momento deve ser de mobilização para combater o mosquito, pois cresce os casos de dengue no Estado e também em função da apreensão em relação ao Zika.
Microcefalia pode ter diversas origens
A microcefalia é uma malformação do cérebro que pode ter diversas origens, como infecção por toxoplasmose, pelo citomegalovírus e, mais recentemente, como foi confirmado, também pelo vírus Zika. O uso de álcool e drogas durante a gravidez também pode causar a malformação.
Há também casos em que há predisposição genética para a microcefalia, durante a formação da criança no ventre da mãe. Estas são as que têm menos comprometimentos associados à malformação.
A característica central da microcefalia, como o próprio nome sugere, é a cabeça pequena, ou seja, o bebê nasce com o perímetro cefálico menor do que o da maioria. O diagnóstico inicial é feito com uma trena, com a qual se faz a medida do contorno da região logo acima dos olhos.
O novo protocolo do Ministério da Saúde preconiza que se o perímetro for igual a 33 centímetros ou menor, é recomendado fazer uma Ultrassonografia Transfontanela e, se este exame der indícios de que o crânio está selado, a criança passará por uma tomografia.
O novo protocolo também preconiza exames que detectem comprometimento auditivo e visual, que também podem estar associados à microcefalia. O documento determina ainda o acompanhamento de crianças com a malformação do nascimento até os três anos. Quanto mais cedo as crianças começarem o tratamento, melhor o desenvolvimento.
*Com informações da Agência Brasil