
A visita de representantes da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (Cnec), nesta semana, reascendeu a esperança do fim do impasse que envolve a Escola Estadual de Ensino Fundamental São Luiz, de Vila Santa Emília. Apesar de a instituição ser gerenciada pelo Estado, a estrutura física do colégio pertence à Cnec, o que impede investimentos públicos no local.
O dilema se arrasta há anos. Construída por famílias da comunidade, a escola São Luiz foi transferida para a Cnec em 1979, quando passou a ser cenecista. Em 1988, o estabelecimento de ensino foi cedido ao Estado, que passou a administrá-lo e a pagar aluguel à proprietária do imóvel. No entanto, nos últimos meses, o governo deixou de pagar o aluguel e já deve mais de R$ 29 mil à instituição.
Quem mais sofre com o problema, entretanto, são os 86 estudantes e a equipe de professores e funcionários. O principal sonho da comunidade escolar é, além da ampliação das salas, a construção de ginásio ou uma quadra esportiva coberta. Além de oferecer espaço para aulas de educação física, que hoje ocorrem em uma cancha ar livre, o local serviria para eventos de integração das famílias.
Proposta
Na tarde de terça-feira, 4, representantes da entidade, que tem sede em Brasília, estiveram na escola, acompanhados de uma comitiva do Município. A visita foi motivada após um encontro do prefeito Giovane Wickert com integrantes da Cnec, na semana passada.
A intenção da Prefeitura é fazer uma permuta e oferecer um terreno no bairro Bela Vista para o grupo educacional, no qual a instituição poderia construir um prédio e oferecer cursos de graduação. A ideia é que, assim que a estrutura da Escola São Luiz passe ao Município, seja doada ao Estado. “A comunidade espera muito por isso. Acreditamos que, agora, o problema esteja perto do fim”, diz a diretora Sandra Knak.

A parceria também é vista de forma positiva pelo governo do Estado. Na tarde de ontem, o titular da 6ª Coordenadoria Regional de Educação (6ª CRE), Luiz Ricardo Pinho de Moura, tratou sobre o assunto com a assessoria jurídica da Secretaria Estadual da Educação (Seduc).
Para o Estado, a proposta é muito boa, porque quem ganha é a comunidade, são os alunos.” Luiz Ricardo Pinho de Moura, coordenador regional de Educação.
Segundo ele, nos próximos dias, a pasta entrará em contato com a Cnec para regularizar aspectos pendentes do contrato, em função dos quais não estava sendo realizado o pagamento. Moura ainda observa que, além do fim do aluguel, o repasse do imóvel para o Estado possibilitará investimentos no colégio. “Até então, não podíamos aplicar recurso público em um local que não era propriedade do Estado”, explica.

Famílias contribuem com a manutenção
Com uma área de 1,1 hectare, a Escola São Luiz conta com dois prédios. O principal, de propriedade da Cnec, abriga salas de aula, de recreação, secretaria e sala dos professores. O outro, construído com recursos do Orçamento Participativo, abriga sala de informática e biblioteca, refeitório, cozinha, lavanderia e despensa.
Sem poder receber verbas para reformas maiores, a própria escola, em parceria com as famílias, faz pequenas manutenções na estrutura. A cobertura do prédio principal ainda é de telhas de barro. A coordenadora pedagógica Adiane Vargas conta que, quando há algum estrago, é preciso recorrer aos moradores da localidade que também têm telhas de barro em casa, já que as peças não são mais encontradas para compra. “Os pais são muito solidários e estão sempre prontos para ajudar, inclusive com a manutenção do pátio”, complementa a diretora Sandra Knak.