Uma luz no fim do túnel. É assim que muitas pessoas definiram o início da vacinação contra a Covid-19. Mesmo que a data para o início da vacinação no Brasil não esteja definida, a esperança é o sentimento que domina e também alimenta a expectativa de dias melhores e mais seguros. Em breve, o plano de imunização contra a Covid-19 deve ser apresentado aos brasileiros. A informação é do Ministério da Saúde que, no dia 1º deste mês, divulgou o plano inicial da vacinação no país, que contempla quatro fases.
Segundo o ministro Eduardo Pazuello, o plano está estruturado, mas pode sofrer alterações à medida em que os ensaios clínicos das diferentes vacinas sejam concluídos, as mesmas sejam registradas na Anvisa, incorporadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) e adquiridas. “Temos uma equipe extremamente qualificada trabalhando neste material há mais de três meses e que seguirá nesta missão enquanto estivermos vacinando a população, observando sempre a curva epidemiológica e a oferta de novos imunizantes. Assim, garantiremos um serviço de excelência aos brasileiros”, explicou Pazuello, durante entrevista nesta semana.
Conforme o Governo Federal, o Brasil já possui atualmente garantidas 142,9 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 por meio dos acordos Fiocruz/AstraZeneca (100,4 milhões) e Covax Facility (42,5 milhões). Segundo Pazuello, 15 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca já começam a chegar em janeiro de 2021. No mês passado, o Ministério da Saúde sediou encontros com representantes dos laboratórios Pfizer BioNTech, Moderna, Bharat Biotech (covaxin) e Instituto Gamaleya (sputinik V), que também possuem vacinas em estágio avançado de pesquisa clínica, para aproximação técnica e logística. “Estamos na prospecção de todas as vacinas. Todas são importantes”, garantiu Pazuello.
Responsabilidade
A aquisição de vacinas também foi pauta de reuniões do governador Eduardo Leite e dos prefeitos do Vale do Rio Pardo, nesta semana. O chefe do Piratini disse que confia na liderança do Ministério da Saúde no processo de aquisição e de distribuição das doses e garantiu que o Estado não fugirá da responsabilidade. “Não faz sentido abrir disputa entre os Estados. No entanto, tenho responsabilidade com o povo gaúcho, com 11,5 milhões de pessoas, e não fugiremos dela”, destacou o governador.
Na manhã desta sexta-feira, 11, os prefeitos da região também abordaram o tema. O presidente do Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (Cisvale), Cassio Nunes Soares, disse que a região aguardará a organização e as orientações do Ministério da Saúde e da Secretaria de Saúde do Estado. “Uma vez a vacina tendo a certificação da Anvisa, não importa onde ela for produzida, americana, russa, chinesa ou até brasileira, nós estaremos engajados no processo de imunização da população da região. Vamos seguir com cautela, responsabilidade, organização, bom senso e unidade entre os prefeitos”.
*Com informações das assessorias do Ministério da Saúde, Palácio Piratini e Cisvale.
- O Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde é considerado o maior programa público de vacinação do mundo e atende, atualmente, uma população de 212 milhões de pessoas.
- Nesta sexta-feira, 11, a farmacêutica AstraZeneca anunciou que vai estudar a possibilidade de combinar sua vacina experimental contra a Covid-19, desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, com a Sputnik V, que é desenvolvida na Rússia. A AstraZeneca é uma das vacinas que estão sendo testadas no Brasil. (Fonte: G1)
As fases da vacinação no Brasil – plano preliminar
As fases do plano preliminar priorizam grupos, que levam em conta informações sobre nuances epidemiológicas da Covid-19 entre os brasileiros, bem como comorbidades e dados populacionais.
- Na primeira fase, a prioridade será de profissionais da saúde, população idosa a partir dos 75 anos de idade, pessoas com 60 anos ou mais que vivem em instituições de longa permanência (como asilos e instituições psiquiátricas) e população indígena.
- Em um segundo momento, pessoas de 60 a 74 anos.
- Na terceira fase deverão ser imunizadas pessoas com comorbidades que apresentam maior chance para agravamento da doença (como diabéticos, cardiopatas, pneumopatas e portadores de doenças renais crônicas, entre outras).
- A quarta e última fase deve priorizar professores, forças de segurança e salvamento e funcionários do sistema prisional.
“O sentimento é de esperança”
Enquanto os brasileiros acompanham as últimas notícias relacionadas à autorização e compra de vacinas, no Reino Unido a população vive dias históricos com o início da vacinação contra a Covid-19. As doses são produzidas pela Pfizer/BioNTech e são aplicadas sem nenhum custo para a população.
A venâncio-airense Solange Silberschlag Beglin, 52 anos, que atualmente está residindo em Brackley, no sudeste da Inglaterra, e também em Vilnius, onde trabalha na embaixada britânica, conta que os ingleses estão ansiosos com a vacina e que a maioria dos amigos e familiares quer ser vacinada logo. Pelo cronograma, Solange acredita que receberá a vacina até fevereiro. “Vivemos um longo período de quarentena em março, abril, maio até início de junho quando tudo estava fechado, afora farmácia e supermercados. A economia da Inglaterra foi muito afetada e muitas pessoas perderam seus empregos. Eu acho que a população em geral acredita na vacina como a última salvação para o país, uma retomada à vida normal”, avalia Solange.
Segundo ela, o índice de desemprego aumenta a cada mês, e no momento, com o sistema de quarentenas isoladas em todo país, em muitas regiões o comércio continua fechado, assim como restaurantes. “Conversando com amigos em mensagens e telefonemas, o sentimento é de esperança, uma luz do fim do túnel. Mas todos sabemos que levará tempo até vacinar toda a população”, relata.
“Eu acredito muito na vacina e esta é a melhor maneira de proteger a população. O progresso na ciência e o investimento global no projeto aceleraram a produção da vacina.”
SOLANGE SILBERSCHLAG BEGLIN
Critérios
No Reino Unido, a vacinação iniciou nesta semana e a prioridade é para pessoas idosas (acima de 80 anos) e residentes em asilos ou hospitalizadas assim como cuidadores que trabalham nas casas geriátricas. Depois destes grupos, serão vacinadas pessoas na faixa dos 70 anos, pacientes de risco e depois disso aqueles com mais de 65 anos. “Ao todo, 800 mil doses foram entregues ao sistema nacional de saúde britânico suficiente para vacinar 400 mil pessoas, pois a vacina Pfizer requer duas doses, com espaçamento de 21 dias”, explica Solange.
No momento, informa a venâncio-airense, as vacinas são aplicadas nas casas geriátricas e centros médicos do NHS, que é o sistema nacional de saúde do Reino Unido. “Em algumas cidades, as vacinas serão aplicadas em centros de vacinação criados especialmente para a campanha da vacina anti-covid.”
Marido de Solange, Simon Beglin deve receber a vacina contra Covid-19 em breve. O diplomata tem problema cardíaco congênito e foi submetido à cirurgia do coração há seis anos para colocação de nova válvula e reparo na aorta. Devido ao quadro clínico, ele já está na lista de vacinação de gripe anual no Reino Unido, que é específica para pessoas idosas ou pacientes de risco. “Desta forma, a mesma lista é usada na aplicação da vacina contra o coronavírus. O contato é feito por mensagem de celular e também telefonema. O agendamento da vacina é realizado através do nosso centro médico local (sistema nacional da saúde), com data e horário marcado”, explica Solange.