Com intenção de aproximar os futuros professores da realidade dentro das salas de aula, o Ministério da Educação (MEC) homologou um parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE), que aumenta a carga horária dos cursos de Licenciaturas. As instituições têm até dois anos se adaptarem às novas regras. A homologação faz parte do pacote de medidas adotadas pelo governo no final do primeiro ano de vigência do Plano Nacional de Educação (PNE).
Entre as mudanças está a exigência de uma carga horária maior para os cursos de licenciatura. Por exemplo, as formações que têm 2,8 mil horas, equivalente a três anos, passarão a ter, no mínimo, 3,2 mil, ou seja, quatro anos. Para a segunda licenciatura, a duração varia de 800 a 1,2 mil horas e os cursos de formação pedagógica para os graduados não licenciados devem ter a duração de 1 mil a 1,4 mil horas. O aumento das horas, de acordo com o MEC, deve-se a preocupação de agregar mais atividades prática aos futuros professores, além do estágio supervisionado em escolas.
O Pró-Reitor de Graduação da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Elenor José Schneider, acredita que a mudança é necessária, “uma vez que só com tempo e mais estudo se formarão bons professores, dos quais o Brasil tanto precisa.” No entanto, defende que não basta apenas o acréscimo de horas, é preciso “que nelas estejam embutidas ações de qualificação e crescimento cultural e intelectual.”
Para Raquel Michels Nazi, recém-formada em Pedagogia e pós-graduanda em Educação Especial Inclusiva, graduação voltada para a pratica deveria ser regra. Segundo ela, desde o começo da formação, as disciplinas que ‘conversavam’ com a prática, além dos estágios que faziam parte da grade curricular. Para ela, as horas dentro das salas de aulas foram de extrema importância para sua bagagem acadêmica. “Foram elas que me auxiliaram muito no decorrer do dia a dia em meu trabalho.”
Dessa forma, defende a adição das horas ao currículo, pois acredita que seja de extrema importância que o futuro educador ao entrar no mercado, tenha tido a experiência nas diversas áreas da educação. No entanto, alerta que esse acréscimo deve ser muito bem pensado. “Penso que sempre podemos aprender mais e a graduação, em qualquer área da licenciatura, necessita que o educador esteja em constante formação.”
Formação continuada
Ainda, conforme parecer, haverá uma maior integração entre a formação inicial dos professores e a formação continuada, oferecida aos docentes já formados. “Há uma busca por organicidade na formação inicial e continuada de professores. A formação envolverá as escolas e as secretarias de estado, além das instituições de ensino superior em atividades, cursos de extensão, atualização, aperfeiçoamento, especialização, mestrado e doutorado”, explica o relator do parecer, Luiz Fernandes Dourado.
Para Raquel, a novidade é uma vitória, pois acredita que a educação deve receber mais atenção. “Vejo que os educadores devem ganhar um maior incentivo para a busca na formação continuada, pois está é essencial na vida de um professor”, destaca e acrescenta: “talvez deva ser dado mais ênfase em algumas áreas, como: o EJA, Educação Especial, educação inclusiva, e na área de diversidade cultural.”
Como a Unisc e Univates estão se adequando ao parecer?
Dos mais de dez cursos de licenciatura da Unisc, apenas dois não se enquadram no parecer homologado pelo MEC. Segundo o pró-reitor da instituição, Elenor José Schneider, as demais graduações têm oito semestres ou até nove, “preenchendo, portanto, há bastante tempo o que vem a ser agora uma exigência do Conselho Nacional de Educação.” Schneider ainda garante: “onde houver defasagem, certamente a Unisc vai imediatamente se alinhar.”
Já a Univates, por meio de Assessoria de Imprensa, explica que está estudando o parecer e diz estar se organizando para colocar a questão em prática dentro do período previsto. Em nota, ainda acrescenta que as mudanças valem, apenas, para alunos ingressantes em cursos de licenciatura.