Foto: Hoana Talita Gehlen/AI Fetag/RS / Divulgação: Negociações entre as entidades representativas e tabacaleiras ocorreu na sede da Fetag/RS, em Porto Alegre
Negociações entre as entidades representativas e tabacaleiras ocorreu na sede da Fetag/RS, em Porto Alegre

Após a segunda rodada de negociações para a definição do preço do tabaco para a safra 2018/19, ocorrida ontem e hoje, as entidades representativas dos produtores de tabaco, a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), as Federações dos Sindicatos Rurais (Farsul, Faesc e Faep) e as Federações dos Trabalhadores Rurais (Fetag, Fetaesc e Fetaep), decidiram suspender as negociações. Os encontros com as tabacaleiras ocorreram na sede da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag/RS) em Porto Alegre.

A decisão foi tomada tendo em vista que as propostas apresentadas ficaram abaixo da variação do custo de produção apurado tanto pelas empresas como pelas entidades para cada empresa, com exceção de duas empresas: uma, que apresentou proposta de reajuste com percentual acima da variação do custo de produção, mas um reajuste não linear; e a outra, apresentou proposta de reajuste acima do custo de produção próprio, porém, abaixo do custo apurado pelas entidades.

Outro ponto de divergência é que a maioria das empresas propõe aumento diferenciado por classe, onde uma, inclusive, propõe redução no valor de algumas classes em relação à tabela da safra passada. Outro fato foi de uma empresa que desrespeitou o processo de negociação e anunciou, antecipadamente, aos seus produtores o percentual que traria para negociar, desestabilizando as negociações com as demais empresas.

SINDITABACO

A inconformidade das entidades foi encaminhada ao Sindicato Interestadual das Indústrias de Tabaco (SindiTabaco), com o alerta de que esta indefinição trará prejuízos para toda a cadeia produtiva, especialmente para os produtores que terão significativa perda de renda, além de abalar e fragilizar a relação entre a comissão e as empresas.A partir de agora as entidades promoverão reuniões com os produtores de tabaco para debater o ocorrido no processo de negociação e definir os próximos encaminhamentos. Somente uma nova posição das empresas fumageiras poderá reabrir as negociações.Diante do quadro, as entidades sugerem aos produtores que pressionem suas empresas para que comprem realmente dentro das classes. Por fim, as entidades representativas reafirmam seu apoio incondicional à cultura do tabaco no Brasil, e continuarão na defesa dos interesses de seus produtores, sendo indispensável que o setor industrial também faça a sua parte.

FEDERAÇÃO

“As empresas não estão pensando no produtor, que é o mantenedor da indústria. Elas não apresentam propostas que chegam no custo de produção do agricultor. Além delas oferecerem propostas abaixo do custo de produção, propuseram aumentos diferenciados por classe”, afirma o presidente da Fetag/RS Carlos Joel da Silva. Inclusive, continua ele, as entidades não podem aceitar este descaso.

Silva informa ainda que as entidades decidiram que apenas voltarão a discutir preços com as tabacaleiras se estas apresentarem propostas que realmente beneficiem o produtor. Ainda, alertam os produtores para que pressionem as empresas em relação as suas produções e que as negociações poderão ser retomadas somente no caso de as indústrias revisarem suas posições.

“É vergonhoso o debate que tivemos nestes dois dias”.CARLOS JOEL DA SILVAPresidente da Fetag/RS)