Reunião com o governador Ranolfo pode dar novos rumos à Escola Mariante

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Após as recentes manifestações, o próximo passo da comunidade é agendar uma reunião na próxima semana, em data a definir, com o governador do Estado, Ranolfo Vieira Junior, em busca de soluções. Por intermédio do vereador Clécio Espíndola, o Galo (PTB), morador da localidade, está sendo planejada uma conversa com o governador para resolver a situação ou, em outra hipótese, municipalizar a escola. “Levarei de três a cinco mães, junto com o vereador César Garcia, do PDT e também morador de Mariante, e convidaremos o prefeito Jarbas da Rosa também. Vamos chegar lá e, quando vê, o governador passa o colégio para o Município. A partir disso, o Executivo pode agir e tentar resolver o problema”, detalhou o vereador.

Paralelo a isso, o Ministério Público foi acionado. “Vamos estreitando o cerco. O protesto foi bem planejado por todos. Sabemos da dificuldade de chegar no Estado e na Secretaria de Obras. Esse engajamento foi importante para demonstrar força e que necessitamos de uma solução definitiva”, comentou César Garcia.

A manifestação

Centenas de pessoas participaram da manifestação. (Foto: Leonardo Pereira)

Na manhã de sábado, 16, a comunidade de Vila Mariante tomou as ruas da localidade do 2º Distrito para manifestar a sua indignação com relação à interdição dos dois prédios da Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) Mariante e, também, o descaso com a situação dos estudantes e famílias, que vivem dias de incertezas.

O ato seguiu por um quilômetro, na Avenida Beira-Rio (ERS-130), entre o posto de combustíveis e o prédio recentemente interditado da escola. De acordo com os organizadores, aproximadamente 400 pessoas participaram do protesto com cartazes, carro de som, faixas e instrumentos da banda marcial da Escola Mariante para reivindicar soluções para os problemas enfrentados atualmente. A ‘Marcha da Educação’, como foi ‘batizada’ pelos moradores, destacou o lema ‘Queremos educação. Queremos a volta da escola’.

As faixas contavam com dizeres como ‘Mariante pede socorro: sem escola, sem futuro’ e ‘Educação é um ato de amor, por isso, um ato de coragem’, entre outros. Segundo a agricultora Daniela Bergenthal Martins, 38 anos, uma das organizadoras da manifestação, que tem três filhos na Escola Mariante, o protesto foi uma medida importante e que mostra a união e opinião convergente da comunidade. “Não vamos parar por aqui, precisamos encontrar soluções para nossas crianças”, argumentou ela.

(Foto: Leonardo Pereira)

Para o professor Tatiano de Campos, 43 anos, também organizador do ato, este foi o pontapé inicial na luta para recuperar a escola. “Precisávamos de visibilidade da mídia e conseguimos. Vamos tentar uma conversa e ver o que o coordenador de Educação tem a nos sugerir. A primeira sugestão foi de 280 alunos fazendo rodízio em uma sala de aula adaptada, e isso é desumano”, analisa ele, que não leciona na escola.

Um dos momentos mais comoventes do movimento foi quando a jovem Manuela Pereira, de 6 anos, estudante do 1º ano do Ensino Fundamental, ‘parou’ os discursos ao explanar suas expectativas. “Vai dar certo sim”, gritou a criança, que posteriormente, cedeu às lágrimas e emocionou a todos que participavam do protesto pacífico.

A manifestação contou ainda com as presenças do prefeito de Venâncio Aires, Jarbas da Rosa, do secretário municipal de Educação, Émerson Eloi Henrique, e dos os vereadores César Garcia (PDT), Clécio Espíndola, o Galo (PTB), e Sandra Wagner e Elígio Weschenfelder, o Muchila, ambos do PSB.

Busca pelos direitos

Daniela Martins acrescentou que são dois anos de pandemia e, agora, novamente uma paralisação do ensino. Ela ressaltou que estes alunos precisam do ‘calor’ da escola, da convivência com colegas e professores. “É muito importante para o desenvolvimento deles e os efeitos negativos já são nítidos”, explicou.

(Foto: Leonardo Pereira)

A agricultora é uma das lideranças do movimento, sendo responsável, inclusive, por comandar a manifestação com um megafone e o carro de som. Segundo Daniela, os pais ficaram decepcionados quando receberam a informação de que as aulas poderiam retornar sem energia elétrica. “Foram disponibilizados os prédios da capatazia (nos fundos de um dos prédios da escola) e o da academia (no mesmo terreno do posto de saúde), com os alunos indo apenas uma vez por semana para a escola. Nos reunimos e optamos por não aceitar”, frisou.

Decisão corroborada por Tatiano, que destacou a participação da população e acredita ser desumano colocar os alunos a estudar sem luz, que era a sugestão preliminar. “Os alunos não podem aprender no escuro, sem direito a um ar-condicionado, uma geladeira, um computador com internet”, afirmou o educador.

Possibilidades

1 Algumas alternativas surgem como solução para resolver a interdição da escola. A comunidade aponta que algumas salas na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) campus Venâncio Aires estariam à disposição. Porém, não houve nenhum contato oficial com a cúpula da Unisc e o transporte e demais responsabilidades seriam do Estado.

2 Outra opção é a utilização dos prédios da capatazia – nos fundos de um dos prédios da escola – e o da academia, no mesmo terreno do posto de saúde, além da utilização de contêineres para alocar algumas turmas enquanto os prédios não são reformados.

3 No entanto, o principal ponto é a necessidade de uma definição e de prazos concretos para pais e professores. Daniela enfatiza que a comunidade pede por uma solução ou, ao menos, uma definição. “A partir daqui vamos para a 6ª Coordenadora Regional da Educação. Depois, se precisar, vamos até Brasília, a nossa força está comprovada aqui.”

5 Tatiano reitera a necessidade. “Sabemos o governo não fará isso do dia para a noite, mas queremos uma data, não queremos aceitar algo sem saber o futuro. Podemos negociar, mas em caráter emergencial, com tempo determinado para encerrar. Queremos uma explicação a médio e curto prazo do coordenador”, detalha.

6 Outra busca é pela liberação dos laudos de interdição dos prédios. Segundo Tatiano, os pais não tiveram acesso a estes arquivos. “Precisamos saber se é apenas uma sala ou todo o prédio, quem sabe seria possível isolar apenas uma parte do prédio ou algo nesse sentido. Para ter uma noção e ajudar, quem sabe conseguimos reunir forças na comunidade e tentar resolver.”

259

é o número total de alunos em aulas remotas.

“Estão arrancando do livro da vida dos nossos filhos algumas das páginas mais lindas que eles poderiam escrever.”

DANIELA BERGENTHAL MARTINS

Mãe de três alunos

(Foto: Leonardo Pereira)


Leonardo Pereira

Leonardo Pereira

Natural de Vila Mariante, no interior de Venâncio Aires, jornalista formado na Universidade de Santa Cruz do Sul e repórter do jornal Folha do Mate desde 2022.

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