Empresários e comerciantes estão mobilizados para que o projeto de revitalização do Largo do Chimarrão seja colocado em prática em breve. A intenção é que, ainda este mês, 22 tipuanas sejam removidas por uma equipe da Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisp), com o auxílio do Corpo de Bombeiros e, logo em seguida, a obra inicie e mantenha a previsão de conclusão para novembro.
Em reunião realizada na sexta-feira, 28, ficou definido também que após a retirada das raízes das árvores na extensão da calçada, será feita uma avaliação dos ramais hídricos de escoação pluvial e ainda uma possível atualização dos sistemas pela Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). Outro ponto que deve ser visto é a colocação de canos para espera de rede lógica e fiação elétrica terrestre para, no futuro, eliminar a fiação existente nos postes de luz, hoje carregados de fios e cabos.
Segundo a arquiteta e urbanista Simone Patrícia Becker Rech, responsável pelo projeto e assessora administrativa da Secretaria de Planejamento e Urbanismo, o objetivo é uma reformulação parcial na rua Osvaldo Aranha, entre as quadras da Jacob Becker e General Osório. A principal demanda está em atender a parte norte da cidade e, com a duplicação das pistas na extensão do calçadão, promover um fluxo mais ágil dos veículos. “Nosso calçadão está degradado em função das tipuanas. Infelizmente, quando elas foram plantadas não se tinha conhecimento do problema que causariam”, comenta.
Por isso, pensou-se em um conceito de passeio que seja convidativo ao pedestre. “Posso afirmar que a necessidade, hoje, de se fazer algo em relação à degradação destas duas quadras que compõem o Largo do Chimarrão, é urgente”, defende. Ela diz que já teve experiências fora do país e entende que as cidades são dinâmicas, mudam com o tempo e nem tudo que se aplica em um lugar é viável em outro. “É preciso levar em consideração hábitos, costumes, orçamento e viabilidade. A grande verdade é que ajustar a demanda emergencial da população com a realidade e dinâmica atual de uma cidade como a nossa é o grande desafio de qualquer Administração”, complementa a arquiteta e urbanista.
PROJETO
1 O projeto prevê um novo calçamento para a via (Osvaldo Aranha) e uma área de passeio público de 3,3 metros aproximadamente.
2 A arquiteta e urbanista explica que a calçada será divida em dois pisos de cores diferentes. Uma delas pode ser descrita como o a faixa livre, que ocupará cerca de 1,2 metro e contemplará uma faixa de piso tátil e a faixa de acesso que fica perto dos imóveis. A outra, de serviço, com metragem de 1,6 metro será o local onde serão instalados bancos, lixeiras, iluminação, floreiras e a vegetação de médio porte.
3 O projeto prevê a instalação de 26 luminárias na extensão das duas quadras da Osvaldo Aranha, onde está concentrado o Largo do Chimarrão. Simone enfatiza que elas devem seguir o estilo das já instaladas na Praça da Matriz, cada uma com cerca de três metros.
4 Estão também contempladas três faixas de pedestres – duas na esquina da Travessa São Sebastião Mártir e outra na esquina da General Osório. Além disso, será feita a colocação de gradis de 1,2 metro na extensão das quadras. “Eles estarão dispostos de maneira que permitam a permeabilidade das pessoas, de forma condicionada, ou seja, há pontos de abertura ao longa da quadra”, explica. Está inclusa também a colocação de 12 bancos – semelhantes aos da Praça Evangélica -, 28 floreiras, dez novas vagas de estacionamento, bicicletário e um pergolado.
5 A proposta prevê que no local das tipuanas seja plantada uma vegetação de médio porte. A indicação da arquiteta é para a espécie Tuia. “É uma árvore de médio porte, exótica e pode ser retirada facilmente, se necessário, além de ser muito bonita”, justifica.
6 Quem circula, atualmente, pelo calçadão, se deparada com as mesas e cadeiras pertencentes aos estabelecimentos comerciais. No novo projeto existe, na faixa da calçada denominada de serviço, com cerca de 1,6 metro, a possibilidade de colocação de uma ou duas mesas com cadeiras. No entanto, está sendo feita uma atualização no Código de Posturas do Município, onde está sendo revista a colocação de totens na calçada. Essa forma de divulgação não será permitida com a reformulação.
A revitalização prevê que os estacionamentos oblíquos, no lado direito de quem desce a rua principal, sejam mantidos.
Fique por dentro
Adicionais: É possível a instalação de parklets no novo projeto. No entanto, esse valor não está sendo orçado na execução da obra. “Existe a possibilidade da instalação, isso é uma opção e incentivo para os proprietários instalarem os parklets”, comenta Simone. Segundo ela, esses elementos são fáceis de serem introduzidos no município e convidativos ao público.
Mais luz: Airton Bade destaca que essa demanda não é apenas dos empresários instalados nas duas quadras, mas de todos. “Antes, essa área era nobre, agora ela está escura e fechada”, comenta. Essa reformulação, de acordo com ele, vai trazer vida para o espaço. “As pessoas vão querer voltar a fazer parte do calçadão.”
Obra é uma necessidade para o comércio
O empresário e comerciante Volnei Luís Sehn é um dos que iniciou o movimento, em outubro de 2018, para a revitalização do calçadão. Desde então, buscou auxílio do empresário e vice-presidente do Comércio da Câmara do Comércio, Indústria e Serviços de Venâncio Aires (Caciva), Airton Bade, bem como o apoio de todos os empreendedores instalados no Largo do Chimarrão. “Estamos conseguindo essa revitalização”, comemora.
Sehn explica que a necessidade de buscar uma alternativa para esse, que é um dos principais pontos da cidade, é o fato de o local ter se tornado um gargalo, além dos problemas que estão sendo gerados pelas tipuanas. “Em outras cidades não existem árvores fechando os imóveis. As tipuanas apagam o brilho dos estabelecimentos comerciais, que precisam mostrar suas marcas para quem passa ali”, salienta.
Com uma parceria estabelecida entre empresários, comerciantes e Administração, ficou definido também que em torno de dois terços das despesas serão custeadas pelos proprietários do lotes e a Prefeitura ficará responsável por um terço, que será viabilizado a partir de podas de árvores, areia, brita e todo maquinário disponível. “Os empresários assinaram um contrato, onde cada um fica responsável pelo valor de metro linear e, assim, cada um vai pagar correspondente à sua parte, o que é justo”, destaca.
O valor total da obra ainda não está definido, já que alguns ajustes estão sendo finalizados no projeto. A expectativa é que o custo da obra seja apresentada ainda nesta semana, à Administração de Venâncio Aires.