Gabriel Kretschmer fornece bergamotas e laranjas para a Cooprova há três anos (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)
Gabriel Kretschmer fornece bergamotas e laranjas para a Cooprova há três anos (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Como a Cooprova, de Venâncio Aires, tem contribuído para o cooperativismo, fortalecimento e o crescimento dos produtores.

Fundada em 2008, a Cooperativa dos Produtores de Venâncio Aires (Cooprova) se tornou espaço importante de organização, cooperação e crescimento para os produtores. São 230 famílias associadas e, destas, 160 estão aptas para participar de programas, por estarem em dia com blocos e declarações.

Para presidente da Cooprova, Mônica Moraes, o ato de cooperar une as pessoas em torno de um mesmo objetivo: se fortalecer, produzir e crescer. “Com tantas dificuldades que temos no nosso dia a dia, o cooperar vem fortalecendo nossas famílias agricultoras, agregando renda e dando a oportunidade de cada uma conquistar um espaço.”

Um dos pontos destacados por Mônica, o de agregar renda, hoje é realidade para Gabriel Kretschmer, 28 anos. O jovem mora no bairro Santa Tecla e enxergou nos pomares antigos da família, uma forma de ter renda extra. Desde 2017, Gabriel é microempreendedor individual e produz rapaduras e derivados à base de amendoim e melado, atividade que o pai dele, Lauri, iniciou em 2000. Com a aposentadoria do pai, o filho decidiu seguir. Mas, ao olhar para a propriedade, onde estão mais de 100 frutíferas, entre bergamoteiras e laranjeiras, entendeu que nelas também havia uma oportunidade. “Há uns três anos eu procurei a Cooprova e decidi me associar. Tem sido muito bom, porque o que era um produto e valor parados, agora agrega renda. É importante para a cooperativa e para mim também”, define o jovem.

Cooperativismo financeiro

Recentemente, ele também se associou à Sicredi, instituição financeira cooperativa. Para Gabriel, isso lhe garante oportunidades de crédito, caso, no futuro, pense em tirar do papel outros projetos ou investir nas atividades que mantêm.

“Onde há trabalho, há riqueza. E onde há cooperação, há paz. O ato de cooperar com sentimentos envolve um propósito maior, que rompe as barreiras do eu para compor o nós.” MÔNICA MORAES Presidente da Cooprova (Foto: Letícia Wacholz/Folha do Mate)

Encontro sobre cooperativismo é hoje

A Cooperativa dos Produtores de Venâncio Aires (Cooprova), promove neste sábado, 5, o evento ‘A força da união: cooperativismo como motor de desenvolvimento’. Será a partir das 8h30min, na sede do CTG Chaleira Preta, em Linha Bem Feita, para marcar o Dia do Cooperativismo.

A atividade é realizada em parceria e apoio da Sicredi, Emater e Secretaria de Desenvolvimento Rural de Venâncio Aires. Haverá roda de conversa, almoço e gincana entre os participantes. Além da Cooprova, são esperados integrantes de cooperativas de produtores de Santa Cruz do Sul, Vera Cruz e Passo do Sobrado, além de cooperativas escolares.

“Temos municípios nos quais 80% da população é ligada a alguma cooperativa”

O professor e economista Carlos Giasson também destaca que o cooperativismo e o setor agrícola têm uma ligação muito forte. Segundo ele, na região, caracterizada por pequenas e médias propriedades, não seria possível aos agricultores competirem individualmente com o agronegócio de grande porte. Dessa forma, através da constituição de cooperativas, com a união de quotas de capital, viabiliza-se a construção de infraestrutura, aquisição de maquinário, armazenagem e industrialização dos produtos do campo. “A compra de insumos em maior quantidade e a negociação do preço do produto vendido também são mais vantajosas se feitas coletivamente. Também pode-se destacar que a participação dos pequenos agricultores nos cargos de gestão das cooperativas promove ganhos em termos de conhecimento e qualificação da administração das propriedades.”

“Comunidades com características de associativismo, participação e confiança, têm índices de desenvolvimento econômico e social melhores do que locais onde as pessoas são mais individualistas. Então essas características podem explicar o porquê dos Vales serem mais desenvolvidos se comparados a outras regiões do país.”
CARLOS GIASSON
Professor e economista
(Foto: Luciane Maria Thiesen Scheffel/Divulgação)

Conforme Giasson, é difícil colocar em números a contribuição das cooperativas para os Vales do Taquari e Rio Pardo, mas o alcance dos serviços prestados pelas organizações falam por si. “O ideal associativista está impregnado na região, tornou-se algo cultural que passa por gerações e deve ser incentivado. Temos municípios nos quais 80% da população é ligada a alguma cooperativa, então é algo muito significativo.”

Entenda

O economista Carlos Giasson explica a diferença entre cooperativa, associação e empresa privada. Segundo ele, cada forma de organização tem características distintas e são adequadas para determinados fins. “As associações normalmente são constituídas para manter um empreendimento social e não têm fins lucrativos. As cooperativas, diferentemente das empresas privadas, não têm como objetivo o lucro, mas sim o resultado que será dividido igualmente entre os cooperados.”

Conforme Giasson, isso não significa que ela seja menos competitiva que uma empresa privada. “Muito pelo contrário, elas competem no livre mercado e precisam demonstrar competência e gestão profissional para se manterem economicamente.” Outra diferença fundamental é, segundo o economista, a obrigação de manter iniciativas que promovam o desenvolvimento das comunidades onde estão inseridas.