Astor Fagundes, de Estância São José, investiu no sistema para fertirrigação em 60 mil pés de tabaco (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)
Astor Fagundes, de Estância São José, investiu no sistema para fertirrigação em 60 mil pés de tabaco (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

O que em Venâncio Aires ainda é mais comum encontrar no cultivo de hortaliças e do morango, aos poucos vem ganhando espaço em outras culturas e uma delas é o tabaco. Trata-se da fertirrigação, uma técnica de adubação que utiliza a água para levar nutrientes ao solo cultivado.

Em uma propriedade de Estância São José, em Vila Estância Nova, para onde a vista alcança tem o verde das folhas de tabaco, mas também se enxerga o azul e o preto, cores dos canos que correm em paralelo à lavoura. São eles que levam água e os fertilizantes para os pés de tabaco cultivados por Astor Antonio Fagundes, 35 anos, e o pai dele, Elestor, 69 anos. “Tem a questão da estiagem, que vem castigando nos últimos anos. Mas importante também é melhorar o aproveitamento do adubo. Então invés de colocar adubo uma só vez e o salitre duas vezes, com a fertirrigação eles são diluídos em mais vezes”, explicou Astor.

Os Fagundes têm plantado cerca de 160 mil pés por safra nos últimos cinco anos e o tabaco é a principal atividade na propriedade. Como o sistema é novidade (foi instalado há poucas semanas), de início serão abrangidos 60 mil pés e mais dois mil pés de melancia. “Vamos ver como será a experiência, mas acredito que vai trazer benefícios para a lavoura.”

Do cano maior partem as mangueiras de gotejamento que ‘correm’ sobre os canteiros. Sistema também abrange local onde foram plantadas sementes de melancia (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Investimento

Para instalar o sistema de fertirrigação, Astor Fagundes conta que o investimento chegou a R$ 94 mil – R$ 15 mil do próprio bolso e R$ 79 mil financiados através da JTI, empresa para a qual a família vende o tabaco, por meio de contrato de produção integrada. O agricultor terá sete anos para pagar, sem juros.

Como funciona

• Para implementar o sistema, foi necessário ter uma fonte de água e, na propriedade dos Fagundes, há açudes disponíveis.

• Entre os equipamentos, tem uma bomba principal que puxa a água do açude, uma caixa d’água onde são diluídos os fertilizantes, filtros e uma bomba auxiliar para levar a água até a lavoura.

• Também há canos e estações com registros, além de 32 mil metros de mangueiras de gotejamento. A cada 30 centímetros nas mangueiras, há um pequeno furo que libera cerca de 1,5 litro por hora.

Irrigação

Segundo o chefe do escritório local da Emater de Venâncio, Vicente Fin, a fertirrigação ainda não é comum nas lavouras de tabaco do município. “Ainda é pouco presente, se encontra mais na produção de mudas.”

Quanto à irrigação (apenas água), é algo que existe há mais de 10 anos e cerca de 25 produtores de tabaco têm o sistema nas propriedades. “Tem sido uma alternativa importante por causa da estiagem. Mas precisa pensar na reservação, ou seja, ter açude.”

Ainda conforme Fin, considerando a irrigação em tabaco, milho e hortaliças, quase 120 hectares em Venâncio contam com sistema de canalização para levar água e a maior parte é por aspersão – mecanismo responsável pela pulverização do jato de água e que simula uma chuva artificial.