Anúncio de retorno do PAA exige organização dos produtores rurais

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O momento é de alívio e de boas expectativas. Quando a produtora rural Juliana de Oliveira, 40 anos, de Linha Campo Grande, ficou sabendo da confirmação de retomada do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), em Venâncio Aires, começou a se organizar para produzir os alimentos que entrega para o programa.

Apesar da incerteza, ela já havia plantado brócolis e couve-flor, que atualmente já estão no ponto de colheita. “Esse a gente não consegue mais segurar até o retorno do PAA. É uma pena”, lamenta. Todos os anos, a agricultora e o marido, Clairton de Oliveira, 43 anos, plantam cerca de duas mil beterrabas para o PAA. “Neste ano, plantei mil. Estão no ponto, vamos conseguir entregar, e nos próximos dias pretendemos plantar mais mil unidades”, conta.

O receio é com eventual seca. “Vamos ter que produzir muitos alimentos numa das épocas mais judiadas, o período seco. Nem todos têm irrigação e água na propriedade. Mas já estamos aliviados com o retorno do programa, é uma renda extra que faria falta”, comenta a produtora.

Janaina e o marido plantam cerca de 60 mil pés de tabaco. Em 2015, começaram a apostar na diversificação. O primeiro alimento produzido foi o morango e, hoje, são 4,5 mil mudas da fruta. “Nunca tem o suficiente, temos bastante mercado. A gente fica contente que deu tão certo”, frisa.

O morango foi incluído no Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e, com isso, a família foi incentivada a produzir verduras. “Fui incentivada a plantar beterraba. Como moramos mais longe, se eu não consigo levar hoje, ela aguenta até semana que vem, não passa tão rápido do ponto como outras hortaliças”, compara.

Hoje, além da beterraba, a família integra com outras verduras que são entregues para os programas institucionais. “Mas o PAA é o que mais nos dá renda e lucro. Quem bom que ele vai acontecer”, comemora.

“No início não plantamos toda a beterraba, pois tinha essa incerteza. Então demos uma pausa. Agora, com essa notícia, vamos plantar mais, mas nossa preocupação é se tiver seca.”

JANAINA DE OLIVEIRA

Produtora rural

Cooperativa projeta oito meses de entregas e se preocupa com o período mais seco do ano

Habilitado desde 2014 no PAA, por meio da Cooperativa dos Produtores de Venâncio Aires (Cooprova), a bandeira da diversificação foi ainda mais defendida no município desde então. No dia 21 de agosto, a Folha do Mate noticiou a incerteza do PAA. Na época, a Cooprova não havia recebido a sinalização de valores para 2021. Inúmeros produtores que entregam alimentos para o programa perderam suas produções. Depois disso, iniciou uma mobilização de vereadores, secretários e Prefeitura com a coordenação nacional do programa e, há exatos 30 dias depois da reportagem, o Município anunciou o retorno do PAA.

Além do retorno do auxílio anual aos produtores, de acordo com a secretária de Habitação e Desenvolvimento Social, Claidir Kerkhoff Trindade, a coordenadora nacional do PAA, Mariana Carvalho, garantiu que o Governo Federal irá duplicar o valor de R$ 6,5 mil para R$ 13 mil anuais a cada produtor que fornece para o PAA.

O programa, além de fornecer alimentação a famílias carentes, também incentiva agricultores à diversificação em suas produções. Para se habilitar ao recebimento dos alimentos é necessário ter os dados preenchidos no Cadastro Único (CadÚnico), o que deve ser feito na Secretaria de Desenvolvimento Social, que fica na rua General Osório, número 1.430, no Centro.

A previsão é de que no início do mês de novembro sejam retomadas as entregas de alimentos às cerca de 700 famílias contempladas. A distribuição é feita na sede da Cooprova, no Acesso Leopoldina, antigo prédio da Escola Municipal Alfredo Scherer, todas as terças-feiras, sendo que cada beneficiado recebe uma vez por mês os alimentos.

RECURSO DE R$ 350 MIL

“Eu confesso que achava que não iríamos mais ser contemplados, estávamos desacreditados”, afirma a vice-presidente da Cooprova, Mônica Moraes. “Eu estava sem esperança, mas agora com essa notícia é um alívio para a cooperativa e associados.” Mônica comenta que a entidade se organiza para iniciar a distribuição daqui há três semanas. “Será nos moldes do ano passado. Nas terças-feiras, a partir das 13h30min, com a entrega das cestas por família”, diz.

Conforme Mônica, foram confirmados R$ 250 mil para o PAA via recurso do Governo Federal e, na última semana, o vereador André Kaufmann (PTB) divulgou a confirmação de uma emenda do deputado Marcelo Moraes de R$ 100 mil para o PAA municipal, projeto proposto pelo parlamentar. “Fomos falar com o prefeito, e nossa ideia é de que o Município abrace essa causa e crie um PAA municipal, assim todo ano pode destinar esse valor ao programa, assim como em Santa Cruz do Sul, pois lá o projeto já foi aprovado”, detalha a vice-presidente da Cooprova.

Na próxima semana, a Cooprova projeta uma reunião com os associados para explicar o funcionamento das entregas e organizar o cronograma. “É complicado, pois há culturas que levam 90 dias para ficarem prontas. Vamos ter que nos organizar. Além disso, vamos pegar uma das piores épocas, a seca, pois poucos produtores têm irrigação e proteção”, reforça.

Outro fato que pode influenciar diretamente na produção das hortaliças é que, nessa época, os produtores rurais iniciam a colheita do tabaco. “A maioria dos nossos associados tem as hortaliças como um extra. O tabaco é a renda principal e, agora, começa a época de mais serviço”, destaca.

Dessa forma, a cooperativa já projeta um plano B. “Se a gente perceber que em dezembro e janeiro vai faltar produção, podemos suspender as entregas durante aquele mês. Mas faremos isso apenas se for necessário”, alerta Mônica.

A expectativa é de que as entregas do PAA durem até oito meses: “Serão seis meses com recursos do governo e mais dois da emenda do deputado.” Atualmente, 105 produtores integram a lista de associados e a Cooprova busca novos interessados em participar dos programas institucionais. “Quem tiver interesse em começar a produzir hortaliças pode procurar a gente e ver como funciona”, enfatiza.

Neste ano, foram destinados R$ 250 mil para o PAA de recursos do Governo Federal, além de R$ 100 mil confirmados pelo deputado Marcelo Moraes (PTB), por intermédio do vereador André Kaufmann (PTB), totalizando R$ 350 mil para o PAA, o que deve dar uma duração de oito meses de entregas de alimentos.

Sobre o PAA

• O programa é organizado pela Cooprova, que entrega os alimentos, Emater-RS/Ascar, que fornece assessoria técnica para os produtores rurais, e a Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Social, que cadastra as famílias que se enquadram no programa. Além disso, hoje três entidades são beneficiadas com alimentos do PAA.

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