Na tarde desta sexta-feira, 12, a Escola Santa Isabel, de Linha Isabel, recebeu a equipe da Secretaria de Educação, liderada pelo secretário Émerson Eloi Henrique, e cerca de 50 pais de alunos, ex-alunos, membros da comunidade e equipe diretiva da instituição, além dos vereadores Diego Wolschick e Ezequiel Sthal, ambos do PTB, para uma reunião sobre a regularização da instituição de ensino. A escola pertence ao Estado, mas o Município tem seção de uso legal e vigente sobre o espaço. No entanto, conforme a Secretaria de Educação, o convênio estaria vigente apenas até o fim deste ano.
Em 2017, a 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) resolveu fechar a instituição e, a partir da mobilização da comunidade, houve a seção de uso para o Município, que continua atendendo os estudantes até hoje. Atualmente, são 37 alunos da pré-escola ao 5º ano. Atualmente, a instituição tem seção de uso legal e vigente, todavia, conforme Henrique, no momento o Município não pode investir em uma reforma na escola, apenas em pequenos reparos, pois não existe a municipalização do prédio.
Para Mirele Parckert, que era presidente da Associação de Pais e Mestres (APM) em 2017, a convocação da reunião neste ano foi novamente motivo para mobilizar a comunidade, como naquela época. “Isso já era para estar resolvido. Estamos desde 2018 na luta pela municipalização”, desabafa. O líder comunitário Eloi Lahr cita que a comunidade já teve três escolas fechadas nos últimos anos. “Fechar essa escola é como tirar o pulmão de Linha Isabel. Essa é a única que a comunidade ainda tem. Se queremos evitar o êxodo rural, não podemos fechar uma escola”, frisou ele.
Conforme o secretário de Educação, a reunião teve o objetivo de decidir com a comunidade o futuro da escola. Henrique reforçou que, como a escola é do Estado, no momento o Município não pode investir uma reforma. Durante a reunião, o secretário também lembrou à comunidade que o pedido de municipalização está arquivado desde 2019. “Mas, se o Município voltar a demonstrar interesse e pedir novamente a municipalização, podemos manter a escola aberta”, disse.
Todavia, Henrique comentou que a instituição precisa de uma grande reforma. “O refeitório, que ainda é de madeira, precisaria ser reformado. A sala de aula não poderia ter o piso de madeira. Mas a gente veio aqui para conversar com os pais e comunidade para juntos tomarmos uma decisão”, falou ele.
Futuro
Após os pais e a equipe diretiva apresentarem que no próximo ano a expectativa é de ter cerca de 40 alunos matriculados e a equipe da Secretaria de Educação explicar a regra do transporte escolar – onde algumas famílias irão perder o direito devido à quilometragem, após o filho ingressar no 1º ano -, foi decidido que o processo de municipalização deve voltar a acontecer.
Segundo Ezequiel Sthal, a reunião foi bastante positiva e a comunidade mostrou a sua força. “A comunidade querendo e a Administração também, basta desarquivar o pedido de municipalização e seguir o barco. Mas eu vou atrás, quero saber o motivo do arquivamento no passado. Isso sempre nos foi ocultado”, comentou.
Sthal e o colega Diego Wolschick se comprometeram a ir em busca de emendas parlamentares para reformas necessárias na instituição. “Nós vamos atrás de emendas, nos responsabilizamos de buscar isso e manter essa escola ativa. É uma luta nossa”, citou Wolschick. Os vereadores também sugeriram que emendas impositivas podem ser destinadas para a Santa Isabel. “A gente vai fazer uma força pela comunidade”, completou Stahl.
“A escola é o coração dessa comunidade. Estamos juntos nessa luta até o fim. A comunidade está de parabéns, pois assim como em 2017, todos se uniram novamente para participar da reunião e mostrar que devemos manter a Santa Isabel aberta.”
MIRELI PARCKERT
Membro da comunidade de Linha Isabel e voluntária na escola
Força da comunidade
- Ainda durante a reunião, Eloi Larh colocou a comunidade católica à disposição da escola. “Se forem fazer reforma, a igreja se coloca à disposição para sediar as aulas. Todos nós vamos abraçar essa causa”, disse.
- O presidente da APM, Neuri Lahr, também reforçou o espírito comunitário da localidade. “Conseguimos mostrar a força da escola para essa comunidade. Temos professores, a comunidade ajuda no que for preciso, estamos engajados nessa luta, pois alunos temos. Não é justo ver essas crianças andando horas de transporte se tem uma escola perto”, justificou.
- Pai de uma das alunas, Helio Bartelmebs, morador de Linha Brasil, lamenta o fato de inúmeras comunidades terem perdido suas escolas, inclusive a instituição da comunidade onde reside. “Se tiver que lutar, a gente vai até o fim. Se sai a escola, saem as nossas crianças e a gente não tem mais nada em uma comunidade”, lamenta.
- A diretora, Lisane Elisabete Willms Nieland, também ressaltou a importância de uma escola no interior. “Trabalhei durante 20 anos na Emef Presidente Vargas, em Linha Stamm. Quando fecharam ela, foi como se tivesse perdido minha família. Hoje, ver que a Santa Isabel vai ficar aberta, é um alívio”, desabafa ela, que atua na escola desde 2018.
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