Em Venâncio Aires, produtores têm relatado dificuldades para o cultivo de hortaliças e frutas devido à baixa luminosidade.
No início de maio, após a enchente que prejudicou diversas culturas agrícolas, a Cooperativa dos Produtores de Venâncio Aires (Cooprova) alertou que, dentro de uma normalidade climática daquele momento em diante, a produção de hortaliças voltaria à produção regular em cerca de 60 dias. Mas, mais de dois meses depois, o clima não tem colaborado e o cultivo segue devagar. Ainda que os dias mais chuvosos tenham cessado, o tempo nublado persiste, impedindo que a luz do sol faça sua parte, fundamental para o desenvolvimento das plantas.
Mesmo para quem tem hidroponia, sistema que permite que as plantas cresçam em uma solução de água com nutrientes, ou seja, sem terra, há problemas. Está dentro de uma estufa, protegido da chuva e do frio, mas igualmente sofre com a baixa luminosidade em hortaliças e frutas. Por isso, há quem já tenha procurado improvisar. É o caso de Raul de Azeredo Coutinho, 47 anos, morador de Linha Herval, interior de Venâncio Aires.
Na estufa onde ele e a esposa Janaina Stein, 48 anos, cultivam alface, rúcula, temperos, couve e morango, foram instaladas duas lâmpadas chamadas full spectrum. “Ela imita as cores que o sol tem, mas sem o calor. É usada para floração do morango e vegetativo da alface. Encomendei mais uma e um luminômetro, para medir a luz que chega até a planta. É uma forma de tentar alguma coisa para ter luminosidade”, explica Coutinho. Do que ele plantou e já replantou em terra, quase nada vingou, por isso diminuiu a oferta nas feiras e mesmo no que fornece para a Cooprova.
40% das hortaliças replantadas
Quem também lamenta a falta de sol, com a baixa luminosidade em hortaliças e frutas, é Sandro Volnir Dornelles, 46 anos, de Linha 17 de Junho, que precisou replantar cerca de 40% das hortaliças depois de maio. “Está tudo muito devagar. As plantas não se desenvolvem e vai precisar mudar o tempo. Precisa de sol.” Dornelles, que cultiva alface, rúcula, couve, agrião, temperos, brócolis, repolho e espinafre, e é fornecedor da Cooprova, revela que também já cogita a possibilidade de usar luz artificial na estufa. “Se continuar assim, é o jeito.” O produtor também comenta que aumentou muito a procura de mercados e restaurantes, mas infelizmente a produção não tem sido suficiente.
Escassez de frutas
Além das hortaliças, as frutas também sofrem com a falta de sol. Raul Coutinho, de Linha Herval, tem cerca de 150 pés de laranja e 150 de bergamota. A estimativa de quebra na safra é de quase 50%. “O problema começou em setembro, quando choveu muito e afetou as flores. Agora em maio, as frutas mofaram e caíram verdes. Do que vingou, no caso das laranjas, até têm suco, mas não estão doces.”
Mudas e sementes
- Segundo a presidente da Cooprova, Mônica Moraes, após as chuvas excessivas de maio, por quase um mês ficou suspensa a oferta de algumas variedades de hortaliças junto ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), que agora já está sendo entregue. “Estamos dando conta e mantendo as entregas, mas longe do que já foi anos atrás. As plantas, mesmo resistentes ao frio, precisam de sol.”
- Depois da enchente de maio, Mônica destaca a parceria com a Cooperativa Sicredi, que possibilitou dar novo fôlego à produção. “Através desse projeto, o Sicredi vai custear até R$ 20 mil em mudas de hortaliças e R$ 20 mil para sementes e adubos.”