Enquanto que inúmeras culturas sofrem com os reflexos da estiagem e da falta de chuva, a safra do mel está com uma boa projeção de produção neste ano. A tendência é que a safra supere as expectativas e dê um fôlego para os apicultores que amargam dois anos com safras abaixo da média.
O clima contribuiu na época da primavera e as floradas superaram as expectativas. As flores foram ‘atacadas’ por abelhas que estavam em busca de alimento após um longo período de chuvas e falta de pólen, na metade do ano. Conforme o chefe do escritório da Emater/RS-Ascar de Venâncio Aires, Vicente Fin, a tendência é de que a produção seja melhor do que as últimas duas safras. Devido à geada e a chuva, acabou atrasando e interferindo no ciclo da Uva Japão, flor característica da época. “Mas é o clima que determina a hora e a quantidade de colheitas. E o produtor precisa ficar atento a isso”, destaca Fin.
Os apicultores de Linha Olavo Bilac, Laurindo Schwendler e Edson Schwendler, proprietários da Casa de Mel Schwendler, iniciarem a colheita do mel da primavera nesta quarta-feira, 2 de dezembro. Tradicionalmente, a colheita do mel é dividida em duas fases, a safra que vem ocorrendo neste momento e a de verão/outono, cuja ponto alto ocorre em abril.
O trabalho na manhã de ontem iniciou cedo, por volta das 6h15min, quando pai e filho se equiparam com a roupa de segurança e abasteceram o fumigador com bastante graveto. O equipamento é ferramenta fundamental para um manejo seguro com as abelhas, pois permite que a fumaça espante os animais. Dessa forma, Laurindo e Edson iniciavam a colheita do mel e ao abrir as caixas, comemoravam o resultado que já era visualizado. “Para quem olhou as abelhas em outubro, viu elas fracas devido à chuva e teve que vir alimentar elas hoje vê essa produção, é animador. Eu até diria realizador. O sucesso está aqui”, ressaltou Edson.
Nesse primeiro dia, a família Schwendler colheu o mel em 14 caixas, totalizando 26 melgueiras. Esse número aumenta pois algumas caixas são de dois, até três andares. Os agricultores comentam que a média é de dois quilos por favo. “Uma colmeia gira em torno de 20 quilos, pois alguns favos estão com até três quilos”, explica Edson.
A expectativa dessa primeira colheita gira em torno de cinco mil quilos de mel, afinal, são 240 caixas de mel, distribuídas em 28 propriedades parceiras da família Schwendler. A reportagem da Folha do Mate acompanhou todo o processo com a família, desde a hora da colheita até o momento da extração do mel dos favos.
Carro-chefe
A paixão e o gosto pela atividade está no ‘sangue’ da família. O bisavô de Laurindo tinha inúmeras caixas de abelha, onde hoje funciona o necrotério, no Centro da cidade. Armando Schwendler, o pai de Laurindo, iniciou definitivamente com a produção em escala comercial em Linha Harmonia da Costa. Depois, foi a vez de Laurindo e sua família tocar o negócio. Hoje, a família trabalha fortemente com a apicultura. Além de Laurindo e a esposa Dulce, o filho Edson toca o negócio ao lado da esposa Gislaine e da filha Geovana, fazendo jus ao termo ‘Agroindústria familiar’. “No tempo do meu avô não era vendido tanto mel, a produção era para consumo próprio. Hoje é tudo diferente. Vale ressaltar que naquela época a gente esmagava o favo com a mão, a centrífuga também era tocada no braço. Eram outros tempos”, frisa Laurindo, ao falar da inovação e a expansão da atividade.
Saiba mais
- Cada caixa tem nove caixilhos.
- A família tem 240 caixas, em 28 propriedades.
- Uma colmeia tem, em média, 60 mil abelhas, podendo ter até 80 mil.
- A média, quando a safra é boa, são de dois quilos por favo, alguns podem chegar a 3,5 quilos.
65 mil é o número ideal, segundo a Emater, de abelhas por colmeia.
Supersafra
Levantamento da Emater de Venâncio Aires estima que a safra do mel tende a ultrapassar a média histórica de 106 toneladas. Fin comenta que a expectativa é de 120 toneladas, se
o clima colaborar para a colheita da segunda safra, em meados de abril. Em Venâncio Aires, 200 produtores têm abelha para escala comercial ou subsistência. São 5.750 caixas com colmeias no município. Além disso, a Capital Nacional do Chimarrão conta com três agroindústrias familiares do mel, uma delas é a Casa do Mel Schwendler, além de duas Casa do Mel que são conveniadas e comercializam o mel para Santa Catarina.
5 mil é a expectativa de safra da Casa do Mel Schwendler nesta primeira colheita.
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Abelhas sem ferrão
Venâncio Aires também tem uma produção de mel de abelhas sem ferrão, a meliponicultura. São 70 produtores totalizando 100 colmeias, seja para lazer, consumo próprio ou caixas. Esse número corresponde a abelhas em caixas e cabe salientar que não estão contabilizadas as que constroem ‘casas’ em troncos de árvores, ou na própria natureza, como é tradicional. O chefe do escritório local da Emater frisa que são menos de 10 produtores que produzem para escala comercial. Por ano, a produção gira em torno de 120 quilos.
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