Com açude, agricultores de Venâncio esperam diminuir perdas e ganhar em produtividade

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Os últimos anos não têm sido fáceis para a agricultura, especialmente nos meses mais quentes e que acabaram ainda mais prejudicados devido à estiagem. Mas além da falta de chuva, outra dificuldade é conseguir guardar parte da água da precipitação que, quando acontece, vem de forma irregular.

Nesse sentido, a condição de reservação é apontada como vital para que muitos produtores consigam evitar perdas e garantir desenvolvimento do que plantam. Para 2023, Venâncio Aires está entre os mais de 450 municípios do Rio Grande do Sul conveniados com a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) para escavação de açudes para irrigação. Por meio do programa Supera Estiagem, o objetivo é amenizar efeitos causados pela seca que tem atingido o estado nos últimos anos.

Segundo o assessor da Secretaria de Desenvolvimento Rural de Venâncio, Gustavo Von Helden, os 12 produtores rurais contemplados pelo programa no município (veja box) foram aprovados, já visitados e tiveram os espaços aprovados. Ainda conforme ele, o recurso estadual total (R$ 93.888) já foi depositado e o início das escavações deve começar em breve, a cargo de uma empresa terceirizada para a prestação do serviço.

Von Helden explica que o convênio também é em parceria com a Emater/RS-Ascar, que faz os projetos para os agricultores e, junto com a secretaria, realiza a vistoria dos locais para proceder o licenciamento ambiental, se necessário.

Hortaliças

Entre os que aguardam pela execução do projeto está Amalia Agnes, 37 anos, moradora de Linha Sapé. É nesta localidade que ela mantém, com o marido Jhonatan Funari, também de 37 anos, a produção de hortaliças. O novo açude (de 2,7 mil metros cúbicos) será para garantir água em lavouras que preenchem um hectare. É neste espaço que crescem mudas de alface, repolho, brócolis, couve-flor, rúcula, chicória e temperos, de janeiro a janeiro, além de milho, aipim e feijão em determinadas épocas do ano. “Infelizmente, em 2022, perdemos 80% das hortaliças neste espaço”, revela Amalia, ao comentar os efeitos da estiagem.

O casal ainda tem uma área de dois hectares onde também produz os alimentos e que conta com um açude. Nela, também houve perda, mas muito menor se comparada ao outro local. Assim que o novo açude estiver pronto, Amalia e Jhonatan vão investir cerca de R$ 10 mil num sistema de irrigação com aspersor e gotejamento, além de instalar sombrites no formato de túnel baixo, estrutura já existente na área maior.

Expectativa de mais qualidade na produção

Os produtores de Linha Sapé estão na expectativa de ver o açude pronto e, com isso, também esperam duas coisas: que as perdas sejam bem menores que nos últimos anos de estiagem e de que haja ganho na produtividade. “Com certeza, tendo água, podemos pensar em plantar mais e ver plantas mais vistosas e pesadas se desenvolvendo”, comenta Jhonatan Funari. Ele cita, por exemplo, que na falta de condições climáticas regulares, um repolho que poderia chegar a dois quilos, atinja, no máximo, um quilo.

Cerca de 90% do que o casal cultiva em Linha Sapé vai para cozinhas industriais em mais de 40 municípios gaúchos, além de empresas no Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Eles também fornecem para dezenas de supermercados e fruteiras. Ainda em 2023, os produtores projetam a construção de um centro de distribuição na propriedade.

Construção de açudes é apontada pelo Estado como alternativa para amenizar efeitos da estiagem em propriedades rurais (Foto: Débora Kist/Arquivo FM)

Produtores contemplados para construção de açudes

• Amalia Gabriela Agnes – Linha Sapé

• André Batista Chaves – Linha Campo Grande

• Ângelo Hackenharr – Vila Santa Emília

• Antônio Jacob Henz – Linha Herval

• Edson Carlos da Rosa – Linha Campo Grande

• Guilherme Wagner – Vila Santa Emília

• José Telmo da Silva – Linha Cerrito

• Leandro André Schonardt – Linha Herval

• Odilo Posselt – Linha Isabel

• Moises Schimuneck – Vila Arlindo

• Ricardo André Müller – Vila Palanque

• Sildomar Pedro Schuster – Linha Tangerinas

“Sabemos que nos últimos anos a agricultura está sofrendo com a falta de chuva. Quando uma propriedade não tem água, praticamente não tem vida e acho que a solução para nosso interior é ter uma reserva de água dentro das propriedades. Então esse recurso do programa estadual para açudes vem num momento importante.”

GILBERTO DOS SANTOS – Secretário de Desenvolvimento Rural de Venâncio Aires



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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