“Com esse status sanitário, iremos beneficiar a produção pecuária em relação ao mundo”, fala engenheiro agrícola sobre a zona livre de febre aftosa

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Na quinta-feira, 27, o Rio Grande do Sul foi certificado internacionalmente como zona livre de febre aftosa sem vacinação. O novo status sanitário foi reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em sua 88º assembleia geral. O anúncio foi feito no início da plenária, pouco depois das 7h. O ato foi festejado em dois momentos oficiais, que ocorreram em Brasília e em Porto Alegre.

Na capital federal, assistiram à transmissão da OIE o governador Eduardo Leite e a secretária de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR), Silvana Covatti, na presença da ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Em Porto Alegre, representantes de entidades do setor agropecuário, servidores da SEAPDR e deputados, entre eles dois ex-secretários de Agricultura, Covatti Filho e Ernani Polo, também se reuniram para acompanhar o anúncio, recebido com aplausos.

A conquista histórica repercute em todo o Rio Grande do Sul, especialmente pelas fronteiras que serão abertas para as carnes gaúchas a partir deste novo status sanitário, agora chancelado pela maior autoridade de sanidade animal no mundo. Projeta-se que a proteína animal produzida no estado consiga agora alcançar 70% dos mercados até então fechados. Além disso, a pecuária gaúcha poderá fortalecer sua presença em países que já compram a carne brasileira.

A expectativa é que este novo patamar sanitário gere resultados positivos para toda a agropecuária, uma vez que o setor de grãos também precisará atender à demanda da cadeia de proteína animal. O reconhecimento pela OIE possibilitará que o estado tenha acesso a mercados como Japão, Coreia do Sul, México, Estados Unidos, Chile, Filipinas, China (carne com osso) e Canadá.

Há a perspectiva de que as exportações de carne gaúcha tenham incremento de aproximadamente US$ 1,2 bilhão anuais. A retirada da vacinação contra a febre aftosa – suspensa no Rio Grande do Sul desde março de 2020 – representa, também, uma economia de R$ 214 milhões ao ano para os produtores gaúchos, levando-se em conta os custos das doses, a logística de distribuição, mão de obra e a perda de peso dos animais por reação à vacina.

Conquista

Leite lembrou de todo o esforço para que o estado alcançasse esse patamar. “Esse passo que é dado aqui só foi possível porque houve muito esforço de toda uma equipe técnica fortemente dedicada para fazer investimentos na estrutura necessária para nossas inspetorias veterinárias, tanto na estrutura física, viaturas, contratação de pessoal, tudo para termos a segurança necessária, diante de qualquer intercorrência, para ter uma pronta ação. Não é simplesmente deixar de vacinar, é substituir a vacinação por toda uma estrutura de pronta atenção e isso exige coordenação de esforços”, completou Leite.

A secretária de Agricultura, que comanda a pasta neste momento de enorme relevância, reforçou os ganhos à economia. “É uma conquista histórica para o nosso estado, depois de 20 anos de espera. Dessa forma, vamos expandir a exportação da carne gaúcha para diversos novos mercados. Os produtores ganham, os gaúchos ganham, pois isso vai gerar mais emprego e renda em nosso Estado”, celebrou Silvana Covatti.

*Com informações da Assessoria de Imprensa da secretária da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR)

Exportação com segurança e setor em alta

Conforme o fiscal agropecuário responsável pela Inspetoria de Venâncio Aires, Antônio Werner, a vacinação em si era uma barreira comercial entre os países. “Não tendo mais essa obrigação, se abre o mercado, pois o Brasil tem qualidade. Toda a cadeia de suínos e bovinos será beneficiada”, comenta.

Werner também destaca o esforço de todos do setor para a conquista e salienta que é preciso atenção para manter esse feito. “Agora é aperfeiçoar cada vez mais o serviço de vigilância e contar com a colaboração dos pecuaristas, para que façam a manutenção do seu inventário junto à Inspetoria, e notificar a Inspetoria veterinária em caso de surgirem novas doenças, atentar ao sinal clínico dos animais”, diz.

Para o engenheiro agrícola do escritório municipal da Emater/RS-Ascar, Diego Barden dos Santos, até então o estado vinha utilizando a vacinação contra a febre aftosa para o controle da doença. “Com esse status sanitário, iremos beneficiar a produção pecuária em relação ao mundo. Somos um estado que não tem febre aftosa, mesmo sem vacinação. Agora toda a cadeia ganha. A gente pode exportar mais com maior segurança”, afirma o extensionista rural.

Além do Rio Grande do Sul, os estados do Paraná, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e do Mato Grosso agora são reconhecidos internacionalmente como zonas livres de febre aftosa sem vacinação.

Febre aftosa

  1. A febre aftosa é uma doença que afeta bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos e suínos. Os prejuízos diretos e indiretos ocasionados pela doença, bem como as limitações à comercialização de produtos pecuários, exigem dos produtores rurais e das autoridades sanitárias um constante esforço para prevenir a doença e proporcionar condições para sua erradicação.
  2. No Brasil, o último foco da doença ocorreu em 2006, no Rio Grande do Sul, são 20 anos desde o último foco da doença e todo o território do país é reconhecido internacionalmente como livre da febre aftosa (zonas com e sem vacinação) desde 2018. Até este momento, apenas Santa Catarina possuía a certificação internacional como zona livre de febre aftosa sem vacinação.
    

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