Controle biológico é aliado no combate da broca da erva-mate

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“Combato e procuro eliminar a broca para ela não destruir o meu erval”, afirma o produtor Jânio José Godoy, morador de Linha Travessa, ao falar da aplicação de um produto biológico recomendado pela assistência técnica para combater um dos maiores dizimadores dos ervais, que é a broca. O produto que ele usa é denominado de ‘Hedypathes betulinus’.

A erva-mate, que soma aproximadamente nove hectares, é a principal cultura de Godoy e, até pouco tempo, ele fazia o controle e a catação manual da broca. Agora, adotou o produto biológico, pois tem mais eficiência e a catação manual demanda mais tempo e serviço. “Reduzindo o ataque desta praga, consigo produzir uma erva-mate de melhor qualidade, porque a broca também diminui a produtividade e o tempo de vida útil e produtiva das erveiras”, refere.

O produtor ressalta que uma planta atacada favorece a disseminação da praga. E, se nunca tivesse feito a catação e o controle manual deste inseto, Godoy acredita que este teria dizimado mais da metade do seu erval, com a erva produzida sendo de baixa qualidade.


Para evitar maiores perdas e conseguir resultados satisfatórios, é preciso cortar o mal pela raiz.”

JÂNIO JOSÉ GODOY – Produtor de erva-mate


PRODUTO

Segundo o técnico agrícola do escritório municipal da Emater/RS-Ascar, Alex Davi Gregory, a função do produto biológico é controlar as pragas e doenças agrícolas a partir do uso de seus inimigos naturais, que podem ser outros insetos benéficos, predadores, parasitóides e microrganismos, como fungos, vírus e bactérias.

O ataque da praga causa perdas significativas da produtividade dos ervais e diminui o rendimento dos produtores de erva-mate. Aconselha-se a utilização de métodos alternativos para o controle da broca, visto que praticamente não há registro de produtos químicos para a cultura. A catação manual e utilização de galinha da angola também oferecem resultados positivos no controle do inseto, assim como a utilização de fungos entomopatogênicos.

O besouro (broca) começa a se manifestar nos ervais a partir de outubro, com pico populacional em dezembro. “Por isso, recomenda-se a aplicação do produto à base do fungo duas vezes ao ano: a primeira nos meses de novembro e dezembro e outra em fevereiro”, orienta Gregory.

APLICAÇÃO

O técnico agrícola Alex Davi Gregory traz algumas recomendações e orientações sobre a aplicação correta do produto:

  1. Concentrado, o produto é diluído em água e pulverizado no tronco e na base dos ervais, tendo o cuidado de aplicar nas horas mais frescas do dia, de manhã cedo ou, preferencialmente, à tardinha, com pouca incidência de raios solares. Isso se deve ao fato de que os esporos do fungo são uma forma viva e que na presença de raios solares podem ser esterilizados, inviabilizando a colonização e dispersão do fungo no ambiente.
  2. Fazer a aplicação com temperatura entre 20ºC e 30°C e com umidade acima de 70%, mantendo a cobertura de palhada no solo. A presença de no mínimo 30% de folhas na copa favorece o desenvolvimento do fungo. Se possível, utilizar uma máquina específica para aplicação do bioinseticida.
  3. Caso use pulverizador costal que recebeu outros inseticidas ou herbicidas, realize mais de uma lavagem para diminuir resíduos desses produtos e, se possível, não utilize aquele que tinha inseticida, aumentando a eficiência do produto biológico.
  4. Limpeza mecânica ou química dos ervais posterior à aplicação do fungo reduz sua eficiência. A sugestão é pulverizar logo após a formulação da calda e não aplicar em dias com previsão de chuvas. Trata-se de um produto biológico, mas recomenda-se a utilização do equipamento de proteção Individual (EPI).

SAIBA MAIS 

  • Jânio Godoy colhe, em média, 800 arrobas de erva por hectare a cada ano. Ele consegue esta média porque trabalha o erval como carro-chefe da propriedade e não como segunda opção. Planta o erval solteiro e adensado.
  • O produtor colhe de quatro a cinco hectares por ano e, com isso, efetua o corte bianual de cada planta, o que proporciona uma erva mais madura e de maior qualidade. Ainda prolonga a vida útil e tempo de produtividade das erveiras.

• Segundo Gregory, o incentivo à utilização deste produto de controle biológico integra as ações e atividades contempladas no Programa Gaúcho para a Qualificação e Valorização da Erva-Mate.

• Levantamento do escritório municipal da Emater/RS-Ascar aponta um total de 1 mil a 1,2 mil hectares de erva-mate em Venâncio Aires.

 

    

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