Cultivo de abóboras garante o aproveitamento dos frutos em diversas receitas

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A época é de abóbora e, principalmente no interior, é hora de preparar a schmier e o doce da hortaliça para consumir ao longo do ano. A abóbora é considerada uma cultura muito difundida no Brasil. Em Venâncio Aires não é diferente.

Em Linha São João, a agricultora Marli Rosângela de Oliveira, 53 anos, comenta que aproveita todos os itens que a família cultiva. “A gente cuida da alimentação. Eu me considero sortuda, tenho 53 anos e não tomo nenhum remédio, então muita coisa do que comemos somos nós que fazemos.”

A abóbora, por exemplo, é aproveitada pela família de forma completa. A tradição da casa da dona Marli é algo comum em inúmeras famílias do interior. A abóbora é uma hortaliça muito versátil, podendo ser consumida de diferentes formas: saladas, cozidos, refogados, sopas, curau, purê, pães, bolos, pudins e doces. A semente também pode ser utilizada, pois é nutritiva e saudável.

Na propriedade de Marli, a abóbora sempre foi cultivada. “Esse ano ela não está tão bonita pois faltou chuva”, observa a produtora rural. Marli cultiva três variedades: a abóbora de pescoço, a paulista e a manteiga. “Ano passado ganhei umas sementes de uma conhecida de Passo do Sobrado, é uma variedade diferente e muito boa para fazer schmier”, salienta.

A agricultora destaca que o cultivado é o suficiente para a família consumir. “Se sobra, a gente trata os animais.” Marli comenta que, assim que o clima permitir, em meados de agosto, quando não tem mais a incidência de geada, já é hora de plantar a abóbora. “A gente planta no fim de agosto e, em janeiro, já tem para colher. Mas a gente ainda tem um pouco na roça”.

Marli prepara a schmier no fogão à lenha em fogo baixo (Foto: Roni Müller/Folha do Mate)

Consumo de abóboras

A família de Marli já consome a abóbora quando ela está nova. “Quando ela ainda está verdinha a gente usa como salada. Gosto de refogar e usar cebola e temperinho verde. Fica uma delícia”, garante a moradora do Nono Distrito.

Quando o fruto já está desenvolvido e no ponto, a família inicia o preparado do famoso doce de abóbora e da schmier, que além de consumida na época, é armazenada para o ano em vidros de conserva preparados por Marli.

Na manhã da segunda-feira, 15, quando a reportagem foi até Linha São João, Marli estava finalizando o preparo da schmier e do doce. A schmier é preparada no fogão a lenha. “Gosto do sabor e fica diferente”, argumenta. Após descascar a abóbora e lavar, Marli colocou ela para cozinhar e, depois de o fruto estar amolecido, acrescentou coco e açúcar e deixou cozinhando em fogo baixo durante a manhã. “A quantidade de cada coisa vai meio a olho”, cita.

Os conhecimentos foram adquiridos em cursos oferecidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e a Emater. “Eu ia até a cidade fazer os cursos. Depois de um tempo, as oficinas já aconteciam aqui em casa. A gente aprende muito, sempre participam as colegas do Clube de Mães e interessadas da comunidade”, conta.

Doce de abóbora

Na manhã de segunda-feira, 15, Marli também estava preparando o doce de abóbora. Após descascar o fruto, colocou de molho com cinzas. “Na falta do cal, a gente utiliza as cinzas e dá certo também.” Após esse tempo, assim que a abóbora estiver ‘durinha’, Marli ajeita os pedaços para ficarem uniformes, lava-os e com um garfo fura cada pedacinho da abóbora. “Depois é só colocar para cozinhar com açúcar. É importante deixar a abóbora picada de molho nas cinzas para criar aquela casquinha gostosa de morder depois. E os furos com o garfo servem para o açúcar penetrar e ficar um doce bom”, explica.

Antes de preparar o doce de abóbora, tradição é deixar o fruto picado de molho nas cinzas ou no cal (Foto: Roni Müller/Folha do Mate)

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Saiba mais

A abóbora faz parte da família da Cucurbitácea, a mesma da melancia, do melão, do chuchu e do pepino. Ela é um fruto rico em vitamina A. É fonte de fibras e de vários minerais, entre os quais se destacam manganês e potássio. Tem poucas calorias e é de fácil digestão. Fonte: Embrapa

“A gente gosta de plantar de tudo um pouco e aproveitar tudo. Precisamos cuidar da nossa alimentação. E o grande segredo para testar novas receitas é gostar do que se faz e fazer tudo com amor e vontade.”

MARLI ROSÂNGELA DE OLIVEIRA –
Produtora rural

Como conservar a abóbora

  1. Após a colheita, os frutos podem ser armazenados por cerca de três meses em condição ambiente, em local fresco e seco.
  2. O recomendado, segundo técnicos da Embrapa, é manter os frutos com cabinho, pois assim podem ser conservados por mais tempo.
  3. A abóbora seca, comprada picada em pedaços grandes e com casca, dura menos que a abóbora inteira e deve ser conservada em geladeira, envolvida com saco de plástico, por até uma semana.
  4. Para congelar, o recomendado é cortar a abóbora em cubos ou fatias. “Faça o pré-cozimento em água fervente por três minutos ou em micro-ondas por quatro minutos. Acondicione em saco de plástico, retire o ar com uma bombinha de vácuo e leve ao congelador. A abóbora também pode ser congelada na forma de purê”, cita o relatório da Embrapa.

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