Cyro Hackenhaar: décadas dedicadas ao cultivo da erva-mate

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As lembranças da juventude e do início da caminhada junto ao trabalho no meio rural, em especial com o cultivo da erva-mate, continuam muito vivas para o aposentado Cyro Hackenhaar, que completou 81 anos na última segunda-feira, 30 de agosto. Morador de Linha Travessa, no interior de Venâncio Aires, hoje ele divide a dedicação e o apreço pela cultura com o filho mais novo, André Hackenhaar, que é morador de Bento Gonçalves.

Apesar de ter residência na Capital Nacional do Chimarrão, a maior área destinada ao plantio de erva-mate, que corresponde a 16,4 hectares, está localizada em Vila Santo Antônio, no interior de Mato Leitão. O 1,6 hectare, onde também cultiva a planta, se encontra em Linha Travessa.

Cyro é natural de Venâncio Aires e viveu até os 8 anos em Linha Grão-Pará. Com essa idade, mudou-se com a família para Linha Travessa. Em 1964, se casou com a Acela (já falecida), com quem teve quatros filhos – Alice, Angela, Marines e André – e passou a morar em Vila Santa Emília. Um ano depois, comprou um terreno em Vila Santo Antônio e passou a viver no interior da Cidade das Orquídeas. Além disso, residiu por dois anos no Centro de Mato Leitão e há cerca de 20 anos retornou para o interior de Venâncio.

Relação com a erva-mate

A ligação com a erva-mate, que historicamente tem grande importância econômica para Venâncio Aires e Mato Leitão, iniciou quando Cyro tinha apenas 12 anos e ‘puxava erva’ de carroça de Linha Travessa até Linha 17 de Junho. “Eu fazia os fretes para conseguir ter meu próprio dinheiro”, conta.

Cyro recorda que sempre se dedicou ao trabalho na agricultura. Além da erva-mate, plantou tabaco e outras culturas destinadas à subsistência da família e à venda. Ainda atuou na produção de leite e de suínos. E garante que foi graças a esse trabalho que conseguiu conquistar e construir o que tem hoje.

“Tenho saudade dessa vida. Era muito divertido e eu gostava de trabalhar na roça, apesar de, antigamente, ser muito difícil. Não tive outra profissão. A melhor faculdade é saber lidar com o dinheiro”, compartilha. Há cerca de sete anos, Cyro encerrou o trabalho junto à agricultura, mas manteve o cultivo de erva-mate. Ele e o filho André têm, juntos, 36 mil pés de erva.

“Sempre dei muito valor para a erva. Eu plantava milho e soja e ele vivia com isso”, conta, ao explicar que mantinha ervais consorciados. Além do plantio, o aposentado fez mudas de erva para vender a outros produtores. E hoje, quando está estressado, encontra refúgio no erval. “Sempre venho ver como está e isso me acalma”, relata.

Continuidade

• Cyro Hackenhaar avalia que, por causa da desvalorização do preço pago aos produtores, muitos estão desistindo do cultivo e arrancando os ervais. Ele também observa que restam poucas pessoas que queiram trabalhar com a cultura.

• Para o aposentado, é um orgulho ver o filho, junto com a noiva Fabiane Dal Mas, assumir e dar continuidade ao trabalho que ele iniciou há décadas. “O André investe mais na parte técnica e em tecnologias para manter os ervais. Ele diminuiu o espaçamento entre os pés e planta só erva”, observa.

• Para homenagear o trabalho realizado pelo pai neste segmento, André criou uma página no Facebook e um perfil no Instagram chamado Sítio de Erva-Mate Cyrocela. O objetivo é divulgar nas redes sociais boas práticas de plantação, experimentos com plantio e técnicas de manejo que aprende e aplica na propriedade.

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Como está o cenário da produção de erva-mate em Mato Leitão



Taís Fortes

Taís Fortes

Repórter da Folha do Mate responsável pela microrregião (Mato Leitão, Passo do Sobrado e Vale Verde) e integrante da bancada do programa jornalístico Terra em Uma Hora, da Terra FM

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