Emerson Lahr é morador de Linha Isabel (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)
Emerson Lahr é morador de Linha Isabel (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Produtor de Linha Isabel, interior do município, decidiu apostar novamente no cultivo da canola como cultura de inverno.

Das culturas de inverno que geralmente se encontram nas lavouras de Venâncio Aires, o trigo costuma ser a mais comum. Além da venda, o grão sempre foi uma alternativa importante para preparar o solo e deixá-lo em condições para o plantio posterior da soja, outra importante cultura agrícola para o município. Mas, em Linha Isabel, um agricultor decidiu apostar em outra plantação: a canola, o grão usado para produção de óleo comestível.

Na propriedade da família Lahr, a principal cultura ainda é o tabaco, seguida da soja. Durante os meses de frio, o trigo ocupava a terra, mas, como a produção acabou afetada nos últimos anos devido ao excesso de chuva, a preocupação foi em buscar uma alternativa. “Sempre que eu passava por Rio Pardo e Pantano Grande, achava curioso e bonito aquelas lavouras amarelas de canola. E como tivemos dois anos complicados com o trigo, de prejuízo, pensei em fazer um teste, até para diversificar com outra cultura”, relata Emerson Leandro Lahr, 43 anos, que fez a primeira experiência em 2024. No ano passado, ele cultivou seis hectares de canola e, em 2025, decidiu não apenas repetir a cultura, mas também ampliar a área, plantando 14 hectares do grão.

Comparação

Lahr explica que a canola é plantada em maio e colhida em outubro – atualmente está no estágio da floração, onde a lavoura fica completamente amarela e vira um atrativo à parte para as abelhas. São necessários três quilos de semente por hectare. “Financeiramente é mais interessante que o trigo, porque o trigo é difícil, na nossa região, conseguir um bom pH para chegar ao preço máximo. E a canola não dá tanto trabalho para cultivar e deixa uma palhada boa, para a soja. O sistema radicular da canola também é mais agressivo que o do trigo e acaba soltando mais a terra. Ano passado plantei soja depois da canola e ela se desenvolveu muito bem”, detalha.

Emerson com a filha Heloísa e a esposa Fernanda. Agricultor plantou canola pela primeira vez em 2024 (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Produtividade da canola

Segundo Emerson Lahr, a expectativa é colher entre 25 e 30 sacos (60 quilos cada) por hectare. Isso daria uma produção de 25 toneladas só na propriedade de Linha Isabel. Quanto ao valor pago ao produtor, Lahr observa que o saco tem girado entre R$ 100 e R$ 105, enquanto do trigo está na casa de R$ 70. Em 2025, ele deve vender a colheita de canola para a Agrofel, de Passo do Sobrado.

Semente de canola. São necessários três quilos para cultivar um hectare (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Orientações

Conforme o chefe do escritório da Emater de Venâncio Aires, Vicente Fin, a canola não exige tanto, por exemplo, em tratamentos fúngicos, mas é importante comprar sementes com procedência e que tenham certificação. O engenheiro agrônomo também observa que é uma cultura que precisa ser plantada de forma muito superficial e com boa umidade para germinar. “Ela é uma cultura com uma determinada exigência de pH, então é para áreas corrigidas que sejam bem drenadas, não serve muito para partes mais baixas. Com a floração, também vem as abelhas, então é evitar de aplicar inseticida nesse período.”

Atualmente, lavoura de canola está na fase da floração (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

No estado

No Rio Grande do Sul, a canola encontra-se em fase mais avançada de desenvolvimento, com 14% das áreas em desenvolvimento vegetativo, 67% em floração, 17% em enchimento de grãos, e 2% em maturação ou colhidos. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado pela Emater na última semana, as lavouras de canola apresentam satisfatório vigor vegetativo e pegamento de flores, em função da maior disponibilidade de radiação solar nas últimas semanas.

Alimentação

A canola é usada para a produção de óleo comestível. Segundo a nutricionista Viviane Baumgarten, pesquisas recentes, inclusive de 2025, reforçam os benefícios dos óleos vegetais, incluindo o óleo de canola, para a saúde cardiovascular. “Mostram a redução do colesterol total e do LDL, o chamado colesterol ruim, sem afetar o HDL ou os triglicerídeos, além de contribuir com vitamina E, ação antioxidante e melhora da sensibilidade à insulina”, explica a profissional.

Ainda conforme Viviane, o óleo de canola é rico em gorduras insaturadas, incluindo ômega-3, e é uma alternativa saudável às gorduras saturadas, como a manteiga, no preparo de alimentos. “Por ser calórico, deve ser consumido com moderação e dentro de uma alimentação equilibrada. O sabor neutro e boa estabilidade em altas temperaturas permitem o uso em saladas, refogados, grelhados e assados.”