Depois da chuva, ânimo e alívio são as palavras dos produtores

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Apesar dos prejuízos com a safra 2020/2021, a maioria dos produtores de Venâncio Aires se animam com a safrinha. Em Linha Isabel, o agricultor Ivo Clécio Bencke, 53 anos, reforça que a chuva na última semana, que já ultrapassa os 200 milímetros neste mês, veio na hora certa e pode ser crucial para o desenvolvimento da soja safinha.

Ano passado a estiagem veio mais tarde conforme o produtor. “Plantamos o milho em agosto e colhemos em janeiro. Conseguimos tirar uma média de 130 sacos por hectare. Agora a estiagem veio antes. Plantamos em agosto de novo mas com a a falta de chuva em outubro e novembro o grão não encheu. Tiramos só uma média de 85 sacos de milho por hectare”, conta Bencke.

Em uma das lavouras da família Bencke a chuva auxiliou na germinação da soja (Foto: Rosana Wessling/Folha do Mate)

Outro fator que prejudicou o desenvolvimento do milho e o atraso na colheita foram os dias de frio em agosto e setembro. “Com esse atraso no milho a soja foi mais tarde para a lavoura. O ideal seria até no máximo o dia 20, mas como não deu tivemos que plantar depois”, complementa.

A família planta cerca de 220 hectares de soja e 50 hectares ainda não foram plantados devido o atraso na colheita do milho. “A cada dia que passa é um saco a menos na hora da colheita. Sem contar o custo alto, temos que pensar bem se ainda vale a pena plantar”, destaca.

Mas o que vem animando o agricultor e outros do município é a chuva registrada nos últimos dias, principalmente na última semana. “Domingo ainda colhemos milho e conseguimos plantar uma lavoura de soja. Depois começou a tão esperada chuva.”

Para a soja que já estava na lavoura a chuva foi ideal conforme Bencke. Em uma das lavouras em Linha Arroio Grande as plantas já se desenvolvem com cerca de 10 a 15 centímetros. “A soja depois que germinou adora umidade e dias de calor. Mas a gente precisa estar atento, pois é o que as pragas e as doenças também gostam. Então precisamos entrar mais vezes na lavoura e acompanhar de perto para garantir a produção”, explica.

Geralmente, após o plantio, a semente de soja leva cerca de uma semana para germinar. “Essa chuva veio na hora certa e por aqui foi uma boa quantidade”, reforça Bencke com ânimo e perspectiva para uma boa colheita da safrinha. “Ano passado até fomos bem na safrinha. Agora com essa chuva que veio na hora certa pretendemos tirar cerca de 40 a 50 sacos por hectare.”

Hora certa

A opinião no meio rural é quase unanime, o volume de precipitação veio na hora certa. Para o engenheiro agrícola do escritório municipal da Emater/RS-Ascar, Diego Barden dos Santos, o momento foi ideal e trouxe uma normalidade. “A chuva veio na hora certa e com ela uma normalidade no campo. O solo vai se restabelecer com umidade, mas isso não significa que teremos uma normalidade de água no lençol freático, todavia, o momento é de normalidade.”

Santos também observa que em alguns regiões localizadas a forte intensidade da chuva também trouxe alguma erosão em propriedades. “Com a chuva em excesso ocorre uma micro erosão do solo o que pode afetar algumas culturas que estão em fase de germinação”, frisa o técnico agrícola da Emater.

“Janeiro é uma época agitada e o clima é muito difícil, sempre muito incerto. Mas a chuva esse mês veio na hora certa e na quantidade boa para repor a umidade na terra.”

IVO CLÉCIO BENCKE

Produtor de Linha Isabel

Em janeiro chuva em Venâncio Aires fica acima da normal climática

Apesar dos dias de calor intenso e temperaturas acima dos 40 graus, em janeiro, a quantidade de chuva em Venâncio Aires é considerada um bom volume para a época. Conforme a medição da Alliance Brasil, de acordo com Marcelo Colombo neste mês até esta sexta-feira, 29, foram 252 milímetros de chuva. Em Linha Cerro dos Bois, na estação amadora do morador da localidade Douglas Becker foram cerca de 200 milímetros até o início da manhã da sexta-feira, 29. “Este mês já está em 200 milímetros, mas a previsão indica que vai chover mais até o dia 31, com grandes pancadas de chuva. Ano passado foi perto de 200 mm também”, explica Becker.

Em Linha Marechal Floriano, conforme o agricultor Rudolf Dattein em janeiro foram 263 mm até o meio-dia da sexta-feira. No último domingo, por exemplo em questão de minutos foram cerca de 40 milímetros. Esse fenômeno de muita chuva em pouco tempo trouxe estragos para Santa Cruz do Sul no final da tarde da quinta-feira, 28. A enxurrada, que começou por volta das 18h30min e durou cerca de uma hora, deixou diversos pontos alagados e muitas residências foram atingidas.

“É um alívio para a estiagem que estávamos passando. Essa chuva trouxe uma normalidade para a umidade do solo e vai beneficiar principalmente culturas da safrinha.”

DIEGO BARDEN DOS SANTOS

Técnico Agrícola da Emater/RS-Ascar

De acordo com a estação meteorológica da Gazeta Grupo de Comunicações, o município vizinho registrou 108 milímetros de precipitação em cerca uma hora, na área central da cidade. No mesmo período em Venâncio Aires foram registrados cerca de 50 milímetros na cidade e algumas localidades do interior.

Próximos dias

Conforme Becker que faz previsões meteorológica amadoras, para os próximos dias segue a chance de chuva forte. “Tem um canal de umidade vindo da Amazônia. O sol até pode aparecer, mas com bastante nuvens. Acho que por enquanto a estiagem deu um tempo mas pode vir novamente. Geralmente os meses de fevereiro, março e abril são mais secos”, prevê Becker.

Segundo o Núcleo de Informações Hidrometeorológicas da Univates(NIH) até o dia 5 de fevereiro a previsão é de chuva em praticamente todos os dias e em alguns com chuva volumosa. “Depois teremos dias de sol sem chuva e outros com chuva. Para os próximos 15 dias, a média das máximas deve ficar em torno dos 27 °C e a média das mínimas em torno dos 19 °C.”

Para fevereiro, conforme o NIH a tendência é de um quadro com precipitações mais regulares, principalmente na primeira quinzena do mês, onde os volumes serão mais altos que na segunda quinzena, o que gera uma expectativa de que a precipitação total mensal fique em torno e ligeiramente acima da normal climática.

Projeção do Núcleo de Informações Hidrometeorológicas da Univates: “Espera-se que a estiagem dê uma trégua, com as precipitações de janeiro e a tendência de precipitação em torno da normal climática em fevereiro, com maior regularidade de eventos ao longo do mês. Mas ainda é muito cedo para falar em fim da estiagem, já que os modelos mostram que em março a tendência é de precipitação ligeiramente abaixo da normal e em abril abaixo da normal. Não esquecendo que estamos com um grande déficit anual de precipitação desde 2019.”

    

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