Depois da chuva, produtores retomam plantio da soja

-

A chuva registrada nos últimos dias trouxe alívio ao campo e o prognóstico para as próximas semanas também anima os produtores rurais. Segundo a Emater, choveu, em média, de 70 a 100 milímetros em Venâncio Aires, nos últimos dias.

O volume, ainda que que represente um alívio temporário, trouxe a umidade necessária para a retomada do plantio, principalmente, da soja. “Quem plantou mais tarde vai conseguir recuperar a lavoura, ainda mais com a previsão de mais precipitações nos próximos dias”, observa o técnico agrícola Alexandre Kreibich.

O calendário da soja teve dois momentos críticos nos últimos meses. Kreibich observa que o ideal era que o plantio da soja ocorresse em meados de outubro, porém, o volume expressivo de chuva adiou o plantio em muitas propriedades. Depois disso veio o período de seca que, mais uma vez, atrasou o plantio. Tanto que, em função desses fatores climáticos, o levantamento de perdas agrícolas elaborado pelo escritório local Emater e que serviu como base para que o Município decretasse situação de emergência, não registra perdas nesta cultura.

PERDAS DE 50%

Morador de Linha Marechal Floriano, o agricultor Rudolf Dattein prevê perdas com a soja que podem chegar aos 50%. Aos 31 anos, cultiva soja em propriedades particulares e arrendadas, em um total de 33 hectares. Por conta da estiagem e do calor, o soja precoce, de ciclos curtos, plantado no mês de novembro, ele perdeu a primeira floração e está com o tamanho na metade do que deveria estar. “Sem falar nas falhas na lavoura”, comenta. Além disso, destaca o agricultor, lavouras tiveram que ser replantadas por falta de germinação.

Dattein salienta que as chuvas dos últimos dias ajudaram um pouco, mas mesmo assim, não serão suficientes, pois boa parte da produção já está comprometida. “Se o tempo colaborar, com as chuvas nas proporções necessárias, pode dar uma melhora na soja do ciclo longo”, avalia.

Ele observa que normalmente colhe entre 60 a 70 sacas de 60 quilos por hectare. Mas nesta safra, a falta de chuva e o excesso de calor fará com que a colheita fique em torno das 30 sacas por hectare. “É uma perda de 50%. Está difícil de ficar no interior, mas gosto do que faço”, ressalta.

ESTIAGEM NO RS 

Ao todo, 81 municípios decretaram situação de emergência e 11 já registraram a situação no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID). Segundo o subchefe de Defesa Civil do RS, tenente-coronel Rodrigo Dutra, a estiagem no estado deverá ocorrer também ao longo de fevereiro, com retorno organizado das chuvas a partir de março. “As chuvas dos últimos dias proporcionaram melhorias localizadas, mas não alteraram a situação de estiagem no Estado”, explicou o tenente-coronel.

SOJA NO ESTADO 

O cultivo da soja no RS alcançou a totalidade da área prevista para a safra 2019/2020, que é de 5.956.504 hectares. Das lavouras implantadas, 48% se encontram em desenvolvimento vegetativo, 39% em floração e 13% na fase de enchimento de grãos. Em geral, segundo a Emater/RS, as plantas apresentam tamanho menor do que o ideal, com índice foliar abaixo do esperado e potencial produtivo comprometido devido à estiagem.

PERDAS NO MILHO 

O levantamento do escritório local Emater, que serviu como base para o decreto de emergência de Venâncio Aires, mostrou que o tabaco e o milho foram as culturas mais prejudicas com a estiagem, pois muitas lavouras já estavam em estágio avançado tornando as perdas, praticamente, irreversíveis.

Segundo o técnico agrícola Alexandre Kreibich, a Emater Venâncio Aires já recebeu 25 pedidos de cobertura do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), todos encaminhados por produtores de milho safra, cujo calendário de plantio encerra na próxima semana, dia 31.

Em função deste prazo, uma das solicitações entregues por entidades do setor ao Ministério da Agricultura e ao Governo do Estado justamente é a ampliação do zoneamento do plantio da soja e do milho.

Os reflexos estão na qualidade, quantidade e também no valor dos alimentos, a começar pelo preço recebido pelo produtor. Conforme Kreibich, o preço tem subido a cada semana. A saca de 60 quilos do grão, por exemplo, já chega a R$ 45. Há um mês, o preço-base estava na faixa dos R$ 37.

*Colaborou Alvaro Pegoraro 



Letícia Wacholz

Letícia Wacholz

Atua há 15 anos na Folha do Mate e desde 2015 é editora da Folha do Mate. Coordena a produção jornalística multiplataforma do grupo de comunicação. Assina a coluna Mateando, a página 2 do jornal impresso.

Clique Aqui para ver o autor

    

Destaques

Últimas

Exclusivo Assinantes

Template being used: /var/www/html/wp-content/plugins/td-cloud-library/wp_templates/tdb_view_single.php
error: Conteúdo protegido