Neste ano, o Programa de Recolhimento de Embalagens de Agrotóxicos completa 20 anos de atuação. A iniciativa é da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) e do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco).
O programa atua com um caminhão itinerante que percorre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina para o recolhimento das embalagens. Conforme o presidente do SindiTabaco, Iro Schünke, a iniciativa começou antes da lei que obriga a devolução das embalagens vazias. “Esse programa faz parte de uma rede de sustentabilidade que trabalhamos muito”, afirma.
Schünke destaca que o programa é um facilitador ao produtor, pois o recolhimento é feito próximo das propriedades. “A iniciativa auxilia os agricultores a deixarem a propriedade mais limpa, com menos risco tanto para pessoas e animais que convivem no mesmo meio, quanto para a garantia de qualidade da produção como um todo”, diz.
Ao longo das duas décadas, o programa passou por atualizações. O presidente do SindiTabaco lembra que, no início, por exemplo, os recibos eram feitos de forma manual. Agora, as vias são impressas no momento da entrega.“Na hora, o produtor já ganha o recibo da entrega que pode ser apresentado no momento de uma eventual fiscalização”, explica.
COLETAS
As coletas são feitas em pontos estabelecidos em cada município e o caminhão percorre 429 municípios dos dois estados do Sul do Brasil. No Paraná, não é feito o recolhimento pelo programa, mas cerca de 30 mil produtores fazem a entrega das embalagens por meio de convênio do SindiTabaco com as empresas tabacaleiras.
O caminhão que percorre os dois estados passa, em média, uma vez por ano em cada ponto de coleta. O itinerário segue um calendário pré-definido, no qual os produtores de cada região visitada são avisados antecipadamente da coleta. O comunicado é feito tanto pelos orientadores do SindiTabaco que dão suporte aos fumicultores, quanto pela Afubra. São aceitas embalagens de qualquer agrotóxico utilizado na lavoura, não necessariamente usado no tabaco.
Para onde vão as embalagens?
De 2000 a 2019, foram recolhidas 16 milhões de embalagens pelo programa. Os frascos são enviados para centrais de reciclagem, onde são higienizados e aproveitados para a confecção de outros produtos, principalmente no ramo de construção civil.
“O programa favorece a saúde e segurança do produtor.”
IRO SCHÜNKE – Presidente do SindiTabaco
Pontos de coleta próximos das propriedades
O produtor rural Luiz Carlos Kunzler, de Vila Estância Nova, participa do programa de recolhimento de embalagens de agrotóxicos desde as primeiras coletas, no início dos anos 2000. Além de agricultor, Kunzler é aposentado como orientador do SindiTabaco, onde atuou por mais de 20 anos.
O produtor planta tabaco na propriedade de Venâncio Aires e em Vale do Sol. Somente nas terras em Venâncio, chegou a cultivar 170 mil pés e, atualmente, trabalha com cerca de 50 mil. Ele estima que produz cerca de 150 embalagens de plástico por ano e 200 flexíveis – pacotes de papel de agrotóxicos.
Nos dias de coleta, vai até a Comunidade Nossa Senhora de Lourdes, que fica a dois quilômetros da propriedade. “Noto que, a cada ano, tem mais pessoas entregando as embalagens, o pessoal está mais consciente, já leva os frascos limpos”, observa.
Kunzler também cultiva mudas de fumo que repassa para produtores. Ele acredita que a produção total fica em torno de 1 milhão de mudas prontas para plantio, além das bandejas para repique. “Eu tenho mais frascos em virtude da produção das mudas, que precisa de mais veneno”, explica.